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​E se até 2020 não houver pessoas na rua por falta de condições?

07 nov, 2016 - 15:50 • Ana Lisboa

É o objectivo da Comunidade Vida e Paz, que lançou uma petição pública pela dignidade das pessoas em situação de sem-abrigo. Festa de Natal precisa de contribuições.

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É uma petição para dar voz à causa dos sem-abrigo. A Comunidade Vida e Paz (CVP) desafia os portugueses a subscreverem este apelo, para se tornar mais visível a preocupação com esta realidade.

A CVP, que apoia diariamente cerca de 500 pessoas que vivem nas ruas de Lisboa, quer pedir ao Governo uma nova estratégia nacional que substitua a que terminou em 2015, que, apesar de alguns resultados, ficou “muito aquém” do desejado.

“Precisamos de meios e precisamos de uma maior coordenação em termos de intervenção”, admite o presidente da CVP.

A estratégia que existiu até 2015 “ficou muito aquém da sua execução total, mas teve alguns frutos positivos”, diz Henrique Joaquim. Então, julgamos que como o problema persiste, valeria a pena reinvestir e alargar esta estratégia até 2020, adequando nela novidades, inovações que foram, entretanto, introduzidas ou acomodar outras respostas que possamos criar”.

Henrique Joaquim considera urgente que seja implementada uma nova estratégia nacional para que até 2020 não haja pessoas a viver na rua por falta de condições.

“Hoje há pessoas na rua por falta de condições, por morosidade nas respostas e por alguma descoordenação nas respostas. Neste momento não somos os únicos a acreditar que é possível, se não resolver o problema, pelo menos atenuá-lo de uma forma muito significativa. Há muita vontade de dar, há muita solidariedade, há muitas pessoas a querer ajudar. Neste momento, precisamos de um instrumento que tenha também peso político e porque não também alguma ajuda financeira que nestes meios são fundamentais.”

Cerca de 900 sem-abrigo nas ruas de Lisboa

Neste momento há cerca de 800 a 900 pessoas a viver nas ruas de Lisboa.

“Não temos sentido um acréscimo significativo na rua, mas também não temos verificado um decréscimo, ou seja, nós este ano já conseguimos mudar a situação de quase 200 pessoas. Mas todas as semanas nos continuam a aparecer situações novas”, afirma o presidente da CVP.

Homens, desempregados de longa duração, com uma idade média entre os 35 e os 45 anos, eis o retrato-robô dos sem-abrigo.

O perfil inclui “ainda várias situações problemáticas: o desemprego, a desestruturação familiar, a que muitas vezes se somam as adições, o álcool, a droga ou, por vezes, as duas. E depois nas situações mais complicadas, ainda pessoas que já revelam problemas de saúde mental”.

Festa de Natal vai juntar 1.400 sem-abrigo

A Comunidade Vida e Paz, fundada em 1989 pela mão do Patriarcado de Lisboa, presta apoio aos sem-abrigo através de equipas de rua que, todos os dias do ano, sem excepção, fazem quatro percursos diferentes na capital – um trabalho possível graças aos mais de 500 voluntários. Tem ainda cerca de 200 utentes internados nas suas Comunidades Terapêuticas e de Inserção.

A instituição está já a preparar a sua festa de natal, que vai decorrer de 16 a 18 de Dezembro na Cantina da Cidade Universitária, em Lisboa. Deverá juntar cerca de 1.400 sem-abrigo.

A festa é um sucesso há já 28 anos, por tudo aquilo que proporciona a quem vive na rua. “Uma pessoa pode entrar, fazer uma alteração da sua imagem com recurso a produtos de higiene, alimentar-se, mudar de roupa, resolver questões de cidadania, ver como está a sua saúde”, afirma Celestino Cunha, coordenador desta festa da CVP.

O que se pretende, diz, “é que a pessoa inicie ali uma rampa de lançamento para mudar a sua condição de vida”.

Para que este evento seja um sucesso, são precisos 1.200 voluntários e também donativos. “As pessoas podem ajudar-nos desde logo com bens alimentares, porque vamos precisar de confeccionar cinco mil refeições. Mas também com ajuda monetária, tendo em conta que algumas das necessidades vão ter que ser compradas. Também ajuda, por exemplo, para a área da roupa, vamos precisar ainda de alguns artigos de higiene”.

Todos os que quiserem contribuir devem contactar a Comunidade Vida e Paz através do telefone 21 846 01 65 ou através do site da instituição.

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