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​Eutanásia? Devia-se era discutir a distanásia, diz Ordem dos Médicos

04 nov, 2016 - 12:42 • Cristina Nascimento

Distanásia é "prolongar a vida do doente, por meios artificiais, muito além do que seria de esperar", algo errado, critica o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos.

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O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, considera que “não faz sentido” a proposta do Bloco de Esquerda sobre eutanásia e suicídio assistido.

“Os médicos têm uma formação humanista na defesa da vida. Passaram toda a sua vida a aprender a dar a vida, nas melhores condições possíveis, a atenuar o sofrimento. A proposta do Bloco de Esquerda nesse contexto não faz sentido nenhum. Até porque neste momento temos um código deontológico muito claro, temos regras éticas e morais muito claras que nos impedem de acabar com a vida dos nossos pacientes”, diz à Renascença.

Em causa está o texto que está a ser preparado pelo BE para o projecto de lei de despenalização da eutanásia. Em declarações à Renascença, o bloquista José Manuel Pureza diz que os menores e os doentes mentais vão ficar de fora do futuro projecto de lei. O diploma também deve prever que o suicídio assistido e a eutanásia sejam considerados actos médicos.

Carlos Cortes lamenta que a discussão em torno destes temas não seja profunda de forma a esclarecer a opinião pública. “É importante introduzir aqui uma questão que não tem sido discutida e essa questão é absolutamente importante: a diferença entre eutanásia e distanásia”, diz o médico.

“O grande problema que existe neste momento é a questão da distanásia. É muitas vezes prolongar a vida de forma artificial por vários meios, farmacológicos, técnicos à volta do doente muito além do que seria de esperar. Não é crime hoje, em Portugal, um médico, um profissional de saúde, deixar morrer um doente no momento onde ele tem que morrer. É crime, sim, prolongar a vida causando mais sofrimento físico, psicológico, isso sim é crime”, revela.

Carlos Corte diz que “há muita gente que faz confusão, que desconhece essas regras”.

“Talvez se a população fosse esclarecida nessa matéria seria muito mais importante do que propriamente estarmos a dar um salto para a frente muitas vezes sem pensar muito nestas questões, a pensar que estamos a resolver uma coisa mas não estamos, estamos a criar um problema ainda mais grave”, remata.

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  • João Lopes
    06 nov, 2016 Viseu 10:39
    A eutanásia e o suicídio assistido são diferentes formas de matar. Os médicos existem para defender a vida, não para matar nem serem cúmplices do crime de outros.
  • João Lopes
    04 nov, 2016 Viseu 21:41
    A sociedade mundial tem vindo degradar-se, enveredando por um estilo de vida desumano, em que se busca o prazer a todo o custo: defende-se e legaliza-se o aborto, a eutanásia e o infanticídio. Tudo é relativo, não há princípios que estruturem uma sociedade estável, alegre e humana. A vida torna-se insuportável e o ar que se respira está envenenado. Os mais fortes e os mais violentos dominam…tudo! É preciso resistir!
  • fanã
    04 nov, 2016 aveiro 18:55
    De tanto ter abordado e conferenciado este tema , continuo e persisto na escolha consciente e devidamente ponderada pessoal. A partir de agora já me enjoa de assistir a tanta especulação mórbida !
  • Paulo Ramos
    04 nov, 2016 Torres Vedras 15:36
    Quem está como vegetal ou em grande sofrimento deve sim poder escolher entre ir em paz e plena consciência em vez de prolongar o sofrimento enchendo o bolso a médicos e farmacêuticas e esvaziando a sua carteira.
  • Alberto Sousa
    04 nov, 2016 Portugal 15:33
    E tem razão. Eu embora considere válida a opção da eutanásia e do suicídio assistido também acho que não devemos meter "o carro à frente dos bois", pois não teria lógica descriminalizar esses dois meios de pôr fim à vida e, por outro lado, estar a prolongar outras artificialmente, mesmo quando já não há esperança nem "volta a dar".
  • Mafurra
    04 nov, 2016 Lisboa 15:01
    Acho que este assunto deve ser deixado ao critério do próprio. Desde que sejam prevenidas as excepções. Ninguém tem o direito de me tirar esse direito. A vida é minha. O resto é TUDO conversa.
  • Jose Mendes
    04 nov, 2016 Lisboa 14:56
    Até que em fim, alguém com clareza de espírito sobre o assunto. Aquela gente do BE podem suicidar-se à vontade, por mim, são livres de o fazer, não tem é que levar ninguém no processo. É que é um ponto sem retorno, não há arrependimentos, como no caso de uma mãe no aborto, já que o desgraçado do feto nem tem direitos! A parvoíce impera!
  • Filipe Oliveira
    04 nov, 2016 Lisboa 14:45
    Mas quem é um médico para decidir por mim se eu tenho ou não condições de continuar a viver? A medicina é uma ciência, não é nem uma moral nem uma religião. E a capacidade de sobrevivência a uma doença e a perda de qualidade de vida ou o nível de dor que uma pessoa é capaz de suportar não depende dos médicos. Depende de cada pessoa em particular. O direito à vida é um direito., não um dever. As regras deontológicas nada têm de impeditivo à eutanásia que existe em alguns países. Não me parece que os médicos países como Holanda, Bélgica ou Áustria tenham menos consideração pelos pacientes.
  • António Morgado
    04 nov, 2016 Vila Nova de Foz Côa 14:16
    Os cachopos e as cachopas do Bloco de Esquerda, decidiram um sábado à noite, às cinco da manhã e à mesa de um qualquer bar do Bairro Alto em Lisboa, que iam mudar o mundo. Para bem de Portugal, espero que estes jovens pedantes e imaturos, sejam rapidamente colocados no lugar onde sempre deviam ter estado: num bar do Bairro Alto, sábado à noite, às cinco da manhã a discutir o "mundo maravilhoso" que é viver na Venezuela ou na Coreia do Norte...só que lá não há bares do Bairro Alto.
  • Alberto
    04 nov, 2016 Funchal 14:14
    Acham que o BE sabe o que é Distanásia? Nem Impostos eles sabem o que é!! São daqueles que, se tomarem "uma aspirina" e tiverem diarreia, acham que é negligência médica.

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