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Secretária-geral de Cimeira Ibero-Americana: “É preciso cuidado com as palavras”

28 out, 2016 - 15:39 • Eunice Lourenço em Cartagena

Encontros entre chefes de Estado começam esta sexta-feira, em Cartagena das Índias. Juventude é o tema, mas a paz na Colômbia, a situação da Venezuela e as eleições nos EUA estão em pano de fundo.

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O aviso é de Rebeca Grynspan, a enérgica secretária-geral da cimeira Ibero-americana: é preciso cuidado com as palavras, não as podemos desvalorizar. O aviso é feito a propósito das eleições nos EUA, mas pode ser aplicado a outros assuntos que vão estar presentes nas conversas à volta da XXV Cimeira Ibero Americana, que começa esta sexta-feira, em Cartagena das Índias.

O tema da cimeira é Juventude, Empreendorismo e Educação, mas assuntos como a paz na Colômbia, a situação da Venezuela ou as eleições nos Estado Unidos estão certamente presentes nas conversas entre chefes de Estado e de Governo, que na noite de sexta-feira se juntam num jantar. A abertura oficial da Cimeira é já no sábado, mas muitas conversas e reuniões bilaterais decorrem já em Cartagena.

“Os temas políticos, em geral, tratam-se através da proposta de comunicados especiais. Apresentaram-nos várias propostas de comunicados especiais, mas nenhum sobre a Venezuela. Claro que a discussão entre os presidentes é livre e podem falar do que decidirem, mas não há a Venezuela como tema na cimeira”, afirmou Rebeca Grynspan que esteve, recentemente, em Lisboa num encontro com embaixadores e jornalistas promovido pelo Instituto para a Promoção do Desenvolvimento da América Latina (IPDAL).

Sobre as eleições nos EUA, Rebeca Grynspan acredita que nenhum resultado pode pôr em causa a relação entre os Estados Unidos e a América Latina, mas as suas palavras são claramente dirigidas.

“Há duas coisas que não podemos esquecer. Uma é que a palavra conta. Muitas vezes desvalorizamos a palavra, que influi nos cidadãos, nos valores da sociedade e todos temos de estar muito conscientes do valor da palavra como conteúdo, como simbologia, como imaginário colectivo”, afirmou a antiga vice-presidente da Costa Rica, que puxa pela sua condição de filha de imigrantes para ilustrar a segunda coisa que o mundo não pode esquecer.

“Sou a primeira geração nascida em Costa Rica de pais imigrantes e, portanto, sei o que significa isso num pais que dá oportunidades, que permite às novas gerações educar-se e ser parte activa e valiosa para um país. Diz muito do meu pai que, sendo eu primeira geração nascida na Costa Rica, tenha sido eleita vice-presidente da República e tenha tido essas oportunidades”, afirmou Rebeca Grynspan, concluindo: “Com a minha experiência, acho que essa oportunidade deve ser dada a todos os cidadãos do mundo”.

Cimeira pela paz e pela juventude

Quanto ao tema da Cimeira, o resultado que tem vindo a ser preparado é um pacto para a juventude ibero-americana, que pretende aumentar a mobilidade académica, mas também profissional dos jovens.

Esta devia ser a cimeira da consagração e da festa da paz na Colômbia, mas o resultado do referendo ao acordo feito com as FARC frustrou essa expectativa. Por isso, Rebeca Grynspan espera que seja uma “cimeira pela paz”.

“Creio que a cimeira pode voltar a reiterar o apoio da comunidade ibero americana e da comunidade internacional ao processo de paz e ao desejo dos colombianos de que este processo termine com uma paz estável e duradoura para todos”, afirmou a secretária-geral da cimeira.

Portugal está representado em Cartagena ao mais alto nível, como é habitual nestes encontros, com a presença do Presidente da República, do primeiro-ministro e do ministro dos Negócios Estrangeiros. O primeiro ponto da agenda de Marcelo Rebelo de Sousa esta sexta-feira é, precisamente, um encontro com o Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, que viu o seu acordo chumbado pelo povo, mas ainda acredita na paz e foi premiado com o Nobel.

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