28 out, 2016 - 13:06 • Teresa Almeida
O eurodeputado Paulo Rangel, do PSD, quer levantar numa próxima sessão do Parlamento Europeu o caso das declarações do ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, sobre a governação de António Costa.
“Já na próxima semana, numa sessão do Parlamento Europeu, eventualmente, no dia 7, não vou deixar passar este assunto em branco", diz Rangel à Renascença.
Para o eurodeputado do PSD, as declarações de Schäuble "são lamentáveis", sendo evidente que o ministro alemão "excedeu as suas próprias competências”.
"Não é aceitável que um ministro de um governo nacional faça considerações deste tipo sobre o que passa noutro país", algo que só seria “aceitável por parte de outros líderes da Comissão Europeia ou Parlamento Europeu, nunca do senhor Schäuble”.
O que "dói" a Schäuble
O eurodeputado socialista Pedro Silva Pereira é também crítico das declarações do ministro alemão, considerando-as "uma ingerência política comprometida", reveladora de "desconhecimento sobre a realidade portuguesa”.
O eurodeputado socialista dá como exemplo as contas dos Orçamentos do Estado que chegaram nos últimos anos a Bruxelas e que mostram que "é possível continuar a cumprir as regras europeias e repor os rendimentos".
"É isso que dói ao senhor Schäuble“, aponta Silva Pereira.
O socialista discorda da intenção de Paulo Rangel de levantar o assunto em Estrasburgo, defendendo que “a reincidência do senhor Schäuble tem de ser, desta vez, desvalorizada".
"É melhor não dar muita atenção”, argumenta o antigo "número 2" de José Sócrates, lembrando que o Governo já chamou o ministro alemão "à atenção, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros".
Costa com "tom jocoso"
A resposta do Governo, também dada por António Costa, não agradou, todavia, a Paulo Rangel, que critica "o tom jocoso usado pelo primeiro-ministro".
"Preferia que António Costa fizesse chegar directamente à chancelar alemã, o seu descontentamento, através dos canais diplomáticos”, remata.
"Dou sobretudo atenção aos alemães que conhecem Portugal e, por isso, sabem do que falam", declarou António Costa. "O preconceito é muito pouco inspirador para se falar com tino."