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1944-2016

Morreu o neurocirurgião João Lobo Antunes

27 out, 2016 - 15:51

Dedicou a vida à ciência e à medicina. Foi o primeiro médico da História a implantar o olho electrónico num invisual. Era, actualmente, presidente da Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.

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A medicina e a morte segundo o "angustiado metafísico" João Lobo Antunes
A medicina e a morte segundo o "angustiado metafísico" João Lobo Antunes

Morreu o neurocirurgião João Lobo Antunes, aos 72 anos, confirmou à agência Lusa o Ministério da Saúde. João Lobo Antunes era presidente da Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.

O objecto de estudo de João Lobo Antunes foram, principalmente, o hipotálamo e a hipófise. Em 1982/83, foi o primeiro médico da História a implantar o olho electrónico num invisual. Desde então, esse implante já foi realizado em 15 pessoas, permitindo-lhes visualizar algumas formas e distinguir certas cores.

No último feriado do 25 de Abril, Lobo Antunes recebeu das mãos do Presidente da República a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. Já antes, tinha recebido a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iágua de Espada.

Uma vida dedicada à neurocirurgia

João Lobo Antunes nasceu a 4 de Junho de 1944. Era irmão do escritor António Lobo Antunes.O seu pai, neurologista, colaborou de perto com Egas Moniz, personalidade que o influenciou desde novo. Um seu tio-avô é considerado o pai da neurocirurgia portuguesa.

Licenciou-se em Medicina na Universidade de Lisboa, em 1968, com uma média final de 19,47 valores. Três anos após terminar a licenciatura, obteve uma bolsa Fulbright e foi para os Estados Unidos, onde permaneceu entre 1971 e 1984. Trabalhou no Departamento de Neurocirurgia de Nova Iorque (Universidade de Columbia), tornando-se professor associado de Neurocirurgia.

Doutorou-se em Medicina, pela Universidade de Lisboa, em 1983. Um ano mais tarde, regressa a Portugal como professor catedrático de Neurocirurgia da Faculdade de Medicina de Lisboa.

Durante o ano de 1990, foi vice-presidente para a Europa do World Federation of Neurosurgical Societies. Em 1999, ocupou o cargo de presidente da Sociedade Europeia de Neurocirurgia e, em 2000, presidiu à Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa.

Foi professor convidado da Universidade de Pequim (2001), membro do conselho editorial de diversas revistas científicas. Foi também membro da Academia Portuguesa de Medicina e de várias sociedades científicas europeias e norte-americanas.

"Sábio homem da ciência"

Durante 1996, Lobo Antunes foi presidente do Conselho Científico da Faculdade de Medicina de Lisboa. Naquele ano, foi a décima personalidade a receber o Prémio Pessoa.

Recebeu em 2003 a Medalha de Ouro de mérito do Ministério da Saúde e em 2013 o Prémio da Universidade de Lisboa. Em 2015, venceu o Prémio Nacional de Saúde por ser um "cirurgião reputado, sábio homem da ciência e eticista”.

É autor de mais de 150 trabalhos científicos e editou quatro livros. Publicou também quatro colectâneas de ensaios: "Um Modo de Ser" em 1996, "Numa cidade feliz" em 1999, "Memória de Nova Iorque e outros ensaios", em 2002 e "Sobre a mão e outros ensaios" em 2005.

Foi mandatário nacional das candidaturas de Jorge Sampaio (em 1996) e de Cavaco Silva (2006) à Presidência da República. Cavaco Silva nomeou-o para o Conselho de Estado.

Lobo Antunes dirigiu o Serviço de Neurocirurgia do Hospital de Santa Maria, foi presidente da Academia Portuguesa de Medicina e do Instituto de Medicina Molecular.

Comentários
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  • Sílvia Costa
    28 out, 2016 Ponte de lima 08:27
    Os meus sentifos pêsames a toda a família , descanse em paz .
  • MariaJoão Santana
    28 out, 2016 Montijo 00:53
    Perdeu-se uma das mentes mais sábias e ilustres da nossa sociedade.Perdurarás para sempre na nossa história e nos nossos corações.Bem haja!
  • Francisco Rodrigues
    27 out, 2016 Algés 23:27
    Humanista ímpar...profissional de excelência....Grande português como poucos...... PAZ À SUA ALMA
  • Maria Nogueira
    27 out, 2016 Amadora 20:38
    Menos uma das mentes Portuguesas altamente priveligiadas. RIP
  • João Oliveira
    27 out, 2016 Marisol 18:23
    Foi com muita tristeza que recebi esta noticia,, e partilho da opinião do sr. António Carriço, onde acrescento o muito OBRIGADO ao exmo. Dr. pois operou a minha Mãe que estava praticamente sem se mover e prolongou-lhe a vida, dando-lhe autonomia por mais 7 Anos. muito Obrigado as minhas condolências à família, Paz à sua Alma.
  • António Carriço
    27 out, 2016 Almada 16:57
    Foi um Homem com um H muito grande e um cientista com um C inorme. Naturtalmente foi um Homen encomodado, sabendo que o seu saber ultrapassava a dimensão do seu País e a visãoi dos políticos do seu tempo.É com grande tristeza que nos despedimos de uma pessoa com estas qualidades, mas a vida é umas férias que a morte lhe concedeu e a este Grande Homem foram muito curtas.É pena, mas foi assim. Os meus sentidos sentimentos para a família e ao país pela perda desta Pessoa.

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