23 out, 2016 - 14:11
O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) decidiu este domingo abrir caminho para a formação de Governo pelo Partido Popular de Mariano Rajoy.
Numa reunião com a cúpula do partido, em que esteve ausente o ex-líder Pedro Sanchez, decidiu-se que quando for proposta novamente a formação de um Governo sem maioria absoluta por parte do PP, o PSOE abster-se-á na votação nas Cortes, equivalente ao Parlamento, o que permitirá a viabilização de uma solução governativa, dez meses depois do fim do mandato do último Executivo e depois de três rondas de eleições legislativas.
Os representantes na reunião votaram a favor da abstenção por uma maioria de 139 contra 96.
O Rei Felipe VI de Espanha deve convocar os partidos políticos para uma nova ronda de conversas na segunda-feira e depois pedirá a Rajoy para formar Governo.
PSOE "vai sair com uma fractura muito profunda"
Segundo José Bastos, editor de Internacional da Renascença, “esta terá sido das reuniões mais difíceis e mais complexas da história do Comité Federal do PSOE, talvez só superada por uma outra reunião nos anos 80 em que reintegrou Felipe Gonzalez”.
“O PSOE evita assim as terceiras eleições, mas o partido vai sair com uma fractura muito profunda. De um lado, a Federação Andaluza, mais poderosa, e também uma boa parte do Arco Mediterrânico, a favorecer a abstenção; do outro lado, o norte de Espanha socialista que alude a uma traição eleitoral, com o argumento de que quem votou PSOE, votou justamente para não haver um governo PP de Rajoy”.
“Com o PSOE a jogar o seu futuro como força dominante da esquerda espanhola, o Podemos vai tentar tornar-se a principal oposição de Rajoy e ‘canibalizar’ boa parte do eleitorado socialista”.
São – acrescenta José Bastos – “tempos decisivos para os socialistas espanhóis, talvez com Susana Diaz, a líder da Andaluzia a líder do PSOE.”