Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Governo quer menos cadeia e mais pulseiras

21 out, 2016 - 14:01

A secretária de Estado da Justiça, Helena Mesquita Ribeiro, considera "razoável" equacionar alterações ao Código Pena, de modo a definir um "quadro sancionatório substitutivo da prisão de curta duração"

A+ / A-

A secretária de Estado Adjunta da Justiça defende que a promoção do trabalho a favor da comunidade, diminuindo a aplicação penas curtas de cadeia, e uma maior utilização das pulseiras electrónicas são prioridades da politica de justiça.

Helena Mesquita Ribeiro falava, esta sexta-feira, na abertura da conferência internacional "As nossas prisões: Que presente e que futuro?", que decorre na Ordem dos Advogados, em Lisboa.

Para a governante, a requalificação da rede de estabelecimentos prisionais, a sobrelotação prisional, a racionalização e priorização da assessoria técnica aos tribunais na área penal e de execução de penas são outros eixos "orientadores" por onde passa o futuro das prisões portuguesas.

A responsável apontou igualmente a qualificação da intervenção técnica no tratamento penitenciário direccionada para a reabilitação e prevenção da reincidência como importantes na estratégia para o futuro das prisões portuguesas.

Para Helena Mesquita Ribeiro, é também "razoável" equacionar uma alteração ao Código Penal, com vista ao "aperfeiçoamento do quadro sancionatório substitutivo da prisão de curta duração, que passe pela revisão dos institutos substitutivos da prisão por dias livres e do regime de semidetenção, substituindo-os por medida de permanência na habitação com fiscalização por meios de controlo à distância".

Para a secretária de Estado, esta vigilância poderia ser combinada com a obrigatoriedade de frequência de acções/programas de prevenção da reincidência.

"Mas é sobretudo num conjunto de medidas de gestão, com especial incidência nas áreas da saúde, da formação profissional e na ocupação laboral dos reclusos, que reside a estratégia de ação que nos deve mobilizar a todos, Governo, Parlamento e sociedade em geral", sublinhou a governante, que falava em representação da ministra da Justiça.

Segundo a secretária de Estado, a aposta do programa deste Governo assenta "numa visão genuinamente ressocializadora".

De 2012 até agora, a população prisional aumentou para mais de 14.000 pessoas, o correspondente a uma taxa de quase 140 reclusos por 100.000 habitantes, um valor de "elevado" para os padrões médios da União Europeia, disse.

"A sobrelotação prisional exige que se encontrem medidas de curto, médio e longo prazo que permitam uma desaceleração da taxa de encarceramento", observou.

Mais de metade da população prisional detida nos 49 estabelecimentos portugueses concentra-se nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, distribuída pelas áreas territoriais de competência dos quatro Tribunais de Execução das Penas (Porto, Coimbra, Lisboa e Évora), referiu.

Em 2015, 84% dessa população era constituída por presos condenados, sendo 94% do sexo masculino e 82% cidadãos nacionais. Mais de um terço desta população tem mais de 40 anos de idade.

Para combater a sobrelotação do sistema prisional, Helena Mesquita Ribeiro defendeu ainda a necessidade de "estancar a degradação generalizada dos edifícios e equipamentos existentes" e a criação de "condições efectivas para o cumprimento dos princípios gerais orientadores da execução das penas e medidas privativas da liberdade" tal como se encontram consagrados.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Mafurra
    21 out, 2016 Lisboa 16:44
    "Promoção do Trabalho a Favor da Comunidade". Estou completamente de acordo. Mas faça-se porra ! E TRABALHO não falta..., são Estradas, Florestas, Praias para limpar. Lixo para remover. Mas é sempre só conversa !
  • zépovinho
    21 out, 2016 lx 15:24
    Pois... governamentalizem a (in)Justiça portuguesa. Já procuraram as causas de tantos presos? E um pano encharcado?!
  • A. PEREIRA
    21 out, 2016 MAIA 15:03
    Apoio, sempre nos ficam mais baratos. Mas, encontrando-se em liberdade será que as pulseiras os impedem de continuar a cometer crimes?
  • Prisão em Si
    21 out, 2016 Lisboa 14:53
    As nossas prisões, que presente! Xutos e Pontapés disseram: "E numa prisão em si Não saindo do que é seu Foi esquecido Adormeceu À procura do amanhã Andam homens inseguros Erguem escadas Partem muros A nós os montes imundos Dêem-nos os vales profundos Sítios onde é Impossível ir Ergam escadas Partam Muros"

Destaques V+