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Bispos portugueses alertam: educar não é resolver todos os problemas

21 out, 2016 - 09:25 • Ana Lisboa

Arranca a Semana Nacional da Educação Cristã. Primeiro dia é assinalado com a Peregrinação das Escolas Católicas a Fátima, que reúne milhares de pessoas.

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Arranca esta sexta-feira mais uma Semana Nacional da Educação Cristã, subordinada ao tema “Educar – propor caminho para uma vida plena”.

Uma nota emitida pela Comissão Episcopal da Educação Cristã diz que “a educação integral é essencial para promover o desenvolvimento harmonioso das pessoas e para alicerçar a justiça, a paz e o bem-estar das sociedades”.
“É pela educação que podemos preparar um futuro com esperança”, sublinha.

Por isso, o documento reconhece que “educar é uma tarefa gratificante, sem deixar de ser complexa e árdua, nomeadamente no nosso tempo”. E a propósito lembra o que disse o Papa Francisco na Exortação “A Alegria do Amor” em que dedica um capítulo à missão educativa da família (Cap VII: Reforçar a educação dos filhos). Perante os desafios da sociedade actual, o papel dos educadores (pais, encarregados de educação, professores, catequistas) não pode ser o de controlar ou de resolver todos os problemas mas “gerar processos de amadurecimento da liberdade dos filhos, de preparação, de crescimento integral, de cultivo da autêntica autonomia” (AL 261).

A nota procura mostrar o contributo da Igreja nesta área. E, nesse sentido, apresenta quatro critérios considerados essenciais.

O primeiro “Educar é pôr a caminho” admite que educar “não é apenas atingir uma determinada etapa ou patamar”. O bispo D. Manuel Pelino, responsável pela Comissão Episcopal da Educação Cristã, defende que “não podemos entender a educação de uma maneira estática”, mas “como um caminho que nos ajuda a desenvolver e a progredir para a plenitude”. E é por isso que este responsável diz que educar “é levar a pessoa a sair de si mesma, da sua ilha, do seu mundo e pôr-se a caminho ao encontro da realidade, ao encontro dos outros”.

O segundo diz que “Educar é propor referências”, “propor balizas”, já que considera que uma das lacunas da educação é a “ausência de referências que permitam o discernimento entre a rectidão e os desvios, entre o bem e o mal”.

O terceiro ponto desta nota pastoral destaca que “Educar é promover a fraternidade e a comunidade”, o diálogo e a integração.

O quarto e último refere que “Educar é formar agentes de mudança e de transformação social”, incentivar a sonhar um mundo novo, “mais justo e fraterno e a entregar-se, corajosamente, ao serviço deste sonho”.

Como recomendou o Papa Francisco, nas últimas Jornadas Mundiais da Juventude, em Cracóvia: “Para seguir a Jesus é preciso ter uma boa dose de coragem e decidir-se a trocar o sofá por um par de sapatos que ajudem a caminhar pelas estradas do nosso Deus que nos convida a ser actores políticos, pessoas que pensam, animadores sociais”.

Neste dia do arranque da Semana Nacional da Educação Cristã, está prevista a Peregrinação das Escolas Católicas a Fátima. Esperam-se milhares de pessoas no Santuário.

Interrogado sobre a situação das Escolas Católicas que perderam os contratos de associação com o Estado, o bispo de Santarém diz que funcionam com dificuldades e entende “que não foi bom esta decisão unilateral, sem um diálogo aprofundado e feito com tempo em que se pudesse preparar o futuro sem haver este choque e descontentamento das famílias”.

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