01 out, 2016 - 15:44 • Aura Miguel enviada à Geórgia
O Papa Francisco considera que há uma guerra em curso para destruir o casamento. E que é preciso combatê-la com acolhimento e acompanhamento dos casais que vivem dificuldades. Num encontro com padres, seminaristas, mas também com casais, Francisco alertou para os perigos da ideologia de género e disse que “deve fazer-se tudo para salvar o matrimónio”.
“Hoje existe uma guerra mundial para destruir o matrimónio. Não se destrói com as armas, destrói-se com as ideias. Há colonizações ideológicas que o destroem”, disse o Papa apelando a que os casais em dificuldades sejam ajudados.
“E como se ajudam os casais? Ajudam-se com o acolhimento, a proximidade, o acompanhamento”, afirmou Francisco, acrescentando: “Quantos matrimónios se salvam se há a coragem de, no fim do dia, não fazer um discurso mas uma carícia, e está feita a paz.”
O Papa voltou a dizer que é normal os casais discutirem, mas apelou a que façam as pazes antes de dormir. “É normal que no casamento se discuta? Sim, é normal, mas se há amor verdadeiro, faz-se as pazes de imediato. Discutam tudo o que for preciso, mas não acabem o dia sem fazerem as pazes. Sabem porquê? A guerra fria do dia seguinte é perigosíssima”, avisou lamentando que tantas crianças sofram com os divórcios dos pais.
“Sabes quem paga as despesas do divórcio? Os dois [elementos do casal] e mais: paga Deus, porque quando se divorcia uma só carne, a imagem de Deus suja-se. Pagam as crianças, os filhos. Vocês não sabem o quanto sofrem as crianças, os filhos pequenos quando vêm os litígios e as separações dos pais”, disse o Papa, quer também apelou aos casais para que se façam ajudar.
“É verdade que há situações mais complexas, quando o diabo se mete e coloca uma mulher em frente ao homem, que lhe parece mais bela que a sua. Ou quando coloca um homem em frente à mulher, que lhe parece melhor que o seu. Peçam logo ajuda. Quando vêm estas tentações, peçam logo ajuda”, pediu Francisco, que também aproveitou o encontro para falar sobre o diálogo entre cristãos.
Num país em que os católicos são apenas dois por cento, o Papa apelou à convivência entre cristãos e considerou que tentar converter os ortodoxos é um pecado grave.
“Que devo fazer com um amigo, um vizinho, uma pessoa ortodoxa. Ser aberto, ser amigo. Mas devo tentar convertê-lo? O proselitismo é um pecado grave contra o ecumenismo. Não se deve fazer proselitismo com os ortodoxos, são amigos e irmãs nossos, discípulos de Jesus Cristo”, concluiu o Papa Francisco no encontro que decorreu numa igreja que, durante o período soviético, serviu de ginásio e de repartição pública.
A Renascença com o Papa
Francisco na Geórgia e no Azerbaijão. Apoio: Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa