29 set, 2016 - 08:59
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo decidiu reduzir a produção de petróleo. É a primeira vez em oito anos que a OPEP avança com a medida.
A inesperada medida fez disparar na quarta-feira o preço do crude em 6,5%.
De acordo com a agência Bloomberg, que teve acesso ao documento, a produção diária deverá sofrer uma redução de 796 mil barris por dia, uma quebra de 1,6% face à média dos valores entre Janeiro e Agosto.
A medida poderá beneficiar países cuja economia depende da produção de petróleo, como é o caso da Venezuela, Rússia ou Angola.
A OPEP representa cerca de 42% da produção mundial e tem 14 membros, entre os quais o Iraque, Arábia Saudita, Venezuela e Angola. Os representantes destes países estiveram reunidos na Argélia e há meses que a ideia de limitar a produção tem estado a ser considerada como forma de impulsionar os preços, mas a estratégia nunca tinha conseguido consenso entre os diferentes Estados.
Ainda de acordo com a Bloomberg, de fora deste limite ficarão a Líbia, que se debate com uma guerra civil, e a Nigéria, cuja economia se esforça por sair de uma recessão. Também o Irão terá um limite diferente, uma vez que foram levantadas este ano as sanções económicas que permitiram ao país voltar a exportar petróleo para os EUA e para a União Europeia.
A Venezuela, cuja economia afundou e que atravessa uma enorme falta de liquidez, é um dos países que tem pressionado para o estabelecimento de tectos apertados de produção, de forma a fazer subir os preços. Do outro lado, a Arábia Saudita assumiu até aqui a postura contrária.
Reacção emocional?
Na opinião do dirigente da Associação Portuguesa das Empresas Petrolíferas,
António Comprido, ainda é cedo para perceber se o anúncio da OPEP será levado a sério por todos os Estados membros da organização.
“Não seria a primeira vez que um acordo da OPEP é depois furado pelos seus membros, por isso temos de aguardar e ver se este anúncio tem a credibilidade e dimensão suficiente para ter uma subida de preços. É uma reacção mais emocional do que racional”, defende.
Mais preocupado mostra-se o representante da Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC). Francisco Albuquerque diz que, mais do que o anúncio desta medida, é importante perceber se o Governo tenciona aumentar o Imposto sobre os Produtos P (ISP).
“Consideramos que, de forma alguma, se deveria voltar a subir a taxa de ISP, bem como se deveria nesta altura rever a medida de incorporação de biocombustível, não aumentando a percentagem, porque vai contribuir para o aumento do valor final dos combustíveis. A taxa de ISP não pode continuar a ser o pronto socorro do Governo. Poderá haver outro tipo de medidas que podem ajudar a faze face aos problemas económicos pelo que o país passa”, defende, em declarações à Renascença.