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Morreu Shimon Peres, um dos pais do Estado judaico

28 set, 2016 - 06:35

Político israelita e Prémio Nobel da Paz estava internado em estado de coma. Obama, Merkel e Hollande entre as personalidades que deverão marcar presença no funeral.

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Shimon Peres. O obreiro da paz que perdia eleições
Shimon Peres. O obreiro da paz que perdia eleições

O antigo Presidente de Israel e Prémio Nobel da Paz Shimon Peres morreu esta quarta-feira de madrugada. Tinha 93 anos.

Peres estava no hospital de Telavive há duas semanas em coma, depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral.

Foi o filho que anunciou a morte. “Hoje, com profunda tristeza, dizemos adeus ao nosso amado pai, o nono Presidente de Israel. O lema do nosso pai sempre foi olhar para o futuro. Tivemos o privilégio de pertencer à sua família, mas hoje sentimos que toda a nação de Israel e a comunidade global partilham a nossa perda. Partilhamos esta perda em conjunto”, afirmou numa conferência de imprensa dada no hospital.

Shimon Peres foi uma das figuras mais marcantes da política israelita do século XX, tendo sido um dos grandes protagonistas dos acordos de Oslo, que lançaram as bases da autonomia palestiniana.

Recebeu, na sequência disso, o Nobel da Paz em 1994, atribuído nesse ano em conjunto com Yitzhak Rabin e Yasser Arafat.

Shimon Peres vai a enterrar na sexta-feira, na secção reservada aos "grandes da Nação" do cemitério do Monte Herzl, em Jerusalém, numa cerimónia de Estado.

Nomes de peso na despedida

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, integra as lista de personalidades mundiais que, segundo o “Jerusalem Post”, vão marcar presença no funeral do estadista israelita. A presença do Papa Francisco chegou a ser avançada pela mesma fonte, mas o Vaticano já veio desmentir.

A chanceler alemã, Angela Merkel, o Presidente francês, François Hollande, o primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau, a candidata presidencial norte-americana, Hillary Clinton, e o seu marido, Bill Clinton, e ainda o príncipe Carlos, estão entre as outras personalidades que vão assistir às cerimónias fúnebres.

Portugal será representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. Não foi ainda anunciada qualquer representação de um Estado árabe.

Desde o funeral de Yitzhak Rabin, há 21 anos, que não se juntavam em Israel tantas personalidades e líderes mundiais. Por isso, o Ministério israelita dos Negócios Estrangeiros convocou para esta quarta-feira uma reunião de emergência, com vista a preparar a chegada de tanta gente e a logística do funeral.

As personalidades mundiais deverão chegar na sexta-feira ao aeroporto internacional de Ben-Gurion, o maior de Israel, numa altura de grande movimentação devido ao Rosh Hashana, o nome dado ao ano novo judaico.

Obreiro da paz

Filho de migrantes polacos, Shimon Peres nasceu em Wiszniewo, na Polónia, e chegou à Palestina com a família aos 11 anos. A vida política começaria pouco depois.

Foi secretário do Movimento Juvenil Sionista Trabalhista, que defendia o direito à existência de um Estado nacional judaico e, mais tarde, fez parte das Forças Parlamentares Judaicas que deram origem às actuais Forças de Defesa Israelitas.

Passou por vários ministérios, como o da Defesa e o dos Negócios Estrangeiros, e foi uma das figuras que mais se destacou na luta pela paz com os países vizinhos.

Em 1993, são assinados os acordos de paz de Oslo com o líder palestiniano Yasser Arafat e o primeiro-ministro israelita Yitzhak Rabin. Os três vencem o Nobel da Paz no ano seguinte.

Shimon Peres foi primeiro-ministro duas vezes, depois de concorrer a várias eleições. Perdeu-as, a maior parte das vezes. Ao ponto de se tornar objecto de uma piada: “Quando é que se sabe que Peres vai sofrer uma derrota? Quando ele anuncia uma candidatura.”

Em 2007, foi eleito Presidente, cargo que ocupou até 2014.

A sua mensagem foi sempre a favor da paz. Tanto que, em várias ocasiões, rompeu a neutralidade institucional e passava a ser visto como o único opositor do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Depois de deixar a Presidência, abandonou a vida política. Aos olhos dos israelitas, tornou-se numa figura histórica, muito maior do que a política.

Ao longo da vida, escreveu vários livros, como “O Novo Médio Oriente”, “Diário da Intifada” e “Na Batalha pela Paz”.

Foi casado e a sua mulher, Sonia, morreu em 2011. Tem dois filhos e uma filha.

Comentários
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  • João Galhardo
    28 set, 2016 Lisboa 14:16
    Da mesma opinião que Miguel Botelho. Um criminoso de guerra, cúmplice da morte de crianças palestinianas, não merece votos de pesar.
  • Mara
    28 set, 2016 Portugal 13:31
    Um Homem da Paz está na Glória de Deus!
  • LUIS BERNARDO LIMA M
    28 set, 2016 FARO 12:19
    DESCANSA EM PAZ . FIZESTE O TEU MELHOR PARA A PAZ NAQUELA ZONA "FRAGILIZADA" PELAS CRENÇAS RELIGIOSAS. Ajudaste a CONSTRUIR ISRAEL, nunca em detrimento DE OUTRAS forças, talvez FORÇAS MAIORES ( . . . )TODAVIA SEM O APOIO ECONÓMICO DOS usa. NESTA ORDEM MUNDIAL , tal como ontem o poder é o DINHEIRO... TU FIZESTE O MELHOR ! , OUTROS TE SEGUIRAM E DERAM INICIO À CONFUSÃO ESQUECENDO A PALESTINA ... ... ... ... ... ... ...
  • rosinda
    28 set, 2016 palmela 11:26
    Este era dos bons! Descanse em paz!
  • Walter
    28 set, 2016 Torres Novas 11:07
    O melhor político e estadista que Israel jamais teve. É uma perda irreparável!
  • Judite Gonçalves
    28 set, 2016 Barreiro 10:34
    Dorme em Paz; Shimon Peres. Que o teu o teu esforço da procura incessante pela Paz sirva de exemplo a todos os que se seguirão, não só aos políticos mas a todos os cidadãos. A Paz é mesmo um bem precioso, quer se trate da Paz individual, familiar, nacional ou mundial. A Paz é algo que se constrói através de cada pedrinha que somos cada um de nós. Ninguém pode querer a Paz ou construir a Paz se não estiver em Paz consigo mesmo. Ninguém pode querer a Paz do Paz quando não a construi na família. Que Paz pode ajudar os outros a construir a Paz se o seu país está em guerra. Que o teu Espírito de Paz Shimon Peres nos inspire a toda à Paz. Que Deus te receba em seus Amorosos Braços.
  • Carlos Silva
    28 set, 2016 Seixal 10:30
    A morte vai ajudar muito, na imagem de Peres. Também foi um falcão, mas com plumagem de pomba...
  • Miguel Botelho
    28 set, 2016 Lisboa 09:25
    Devido à operação «Cast Lead», levada a cabo contra a população de Gaza, em Dezembro de 2008 e Janeiro de 2009 e ouvir as mentiras que Shimon Peres disse acerca da mesma operação, não posso partilhar do voto deste voto de pesar. Nesta operação, entre 1400 mortos, estavam 313 crianças palestinianas, algumas vítimas de bombas de fósforo, empregues pela aviação da IDF. O presidente de Israel, na altura Shimon Peres, nada fez para deter este massacre.

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