27 set, 2016 - 23:14
Nasceu o primeiro bebé com ADN de três pessoas. A notícia foi conhecida esta terça-feira e já causou sensação mundial, mas de acordo com o especialista Mário Sousa não levanta problemas éticos.
O caso ocorreu no México. Uma equipa de obstetrícia recorreu a uma dadora de ovócitos para ajudar um casal a ter um filho sem herdar uma doença genética da mãe.
Toda a manipulação é desenvolvida em fase pré-embrionária, tal como num transplante.
“Não vejo que seja de três pessoas, porque o material genético que vai dar origem ao embrião é da mãe doente. A única coisa que recebe da dadora é o material genético das mitocôndrias, que só controla a energia, mais nada”, explica à Renascença o especialista em genética e medicina reprodutiva Mário Sousa.
“É o ovócito da mãe doente, é o espermatozóide do pai e o ovócito da dadora, por isso é que se diz três pessoas. Mas a parte genética que controla a parte externa da criança, o sangue, todas as características é tudo dos progenitores. Só a energia é que é controlada externamente. Não há, portanto, qualquer problema ético”, destaca.
O bebé, um menino, nasceu há cinco meses e é saudável. Os pais são oriundos da Jordânia e viajaram para o México. Passaram por um tratamento de fertilidade com especialistas americanos.
A técnica inovadora foi divulgada pela revista britânica “News Scientist”. Conhecido como transferência mitocondrial, o procedimento foi legalizado no Reino Unido em Fevereiro de 2015, mas nenhum outro país introduziu ainda leis que o permitam.
O tratamento ajuda famílias cujos pais têm alto risco de transmitir doenças genéticas aos filhos – neste caso, síndrome de Leigh.