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Trump Presidente pode dificultar acordo transatlântico

26 set, 2016 - 19:15 • Henrique Cunha

A Câmara de Comércio Luso-Americana não toma posição, mas admite que vitória do Partido Republicano prejudica desfecho "feliz" para o TTIP.

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Uma eventual vitória republicana nas eleições presidenciais norte-americanas pode dificultar o entendimento com vista ao Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), defende a secretária-geral da Câmara de Comércio Luso-Americana.

Em entrevista à Renascença, Graça Didier defende que um eventual acordo entre a Europa e Estados Unidos ao nível do comércio poderia provocar uma subida do PIB nacional na ordem dos 0,6%.

Graça Didier não arrisca previsões para o primeiro debate televisivo da campanha eleitoral norte-americana (marcada para as 2h00 de terça-feira, hora de Portugal continental), mas admite que um pequeno incidente pode ter uma influência decisiva no resultado final das eleições de Novembro:

Como antecipa o debate desta noite?

É um debate muito importante. A eleição do Presidente dos Estados Unidos é relevante para os Estados Unidos, mas para o mundo como um todo, em particular porque são umas eleições em que o desfecho é uma incógnita muito grande, existe empate técnico. Estes debates finais e estes últimos dias até à eleição vão ser eventualmente muito decisivos para o desfecho.

Não há uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão?

É verdade. Está tudo muito estranho, talvez como nunca aconteceu no passado.

O efeito Obama na campanha poderá ser importante? O ainda Presidente goza de grande popularidade nesta altura nos EUA.

Estes últimos dias podem ser relevantes porque podem surgir acontecimentos ou dados que possam virar o resultado. Não há muita expectativa que isso aconteça, mas, por vezes, pequenos incidentes, que sejam até alheios à situação política, podem resolver a situação.

Trump é mais sujeito a esse tipo de incidentes?

Eu acho que são os dois.

A Câmara de Comércio Luso-Americana já reflectiu sobre qual das candidaturas poderá ser mais importante para os interesses portugueses?

Enquanto Câmara, não temos uma posição política. Sabemos que muitas vezes há um discurso antes das eleições e depois há a realidade pós-eleições. Muitas vezes, há posições extremadas antes das eleições que acabam por se normalizar um bocadinho mais após eleições. Sublinhando estas duas questões, há uma vertente que para nós é bastante importante: a questão do TTIP, o tratado que está a ser discutido entre a Europa e os Estados Unidos. Seria bastante proveitoso para ambos os lados do Atlântico, EUA e Europa, e, portanto, também para Portugal. Aliás, existem estudos em que Portugal seria um dos primeiros países a beneficiar positivamente com a aprovação e assinatura do TTIP e que haveria um crescimento estimado do PIB de 0,6%.

Mas o TTIP tem vindo a ser ameaçado. As últimas declarações do Presidente francês não são muito abonatórias a favor desse acordo.

É verdade. É um acordo que tem sido difícil, já está a ser negociado há mais de dois anos com algumas incertezas e, do lado americano, da parte dos republicanos, existe um discurso mais desfavorável relativamente ao TTIP. Portanto, havendo uma vitória do lado republicano, também começa a haver mais dificuldade de um fecho feliz deste tratado.

Comentários
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  • Carolina
    26 set, 2016 Lagoa 23:04
    O TTIP será um desastre para a economia e os direitos dos trabalhadores e o ambiente.
  • Rodrigo
    26 set, 2016 porto 22:59
    Como se o TTIP fosse uma benesse para a europa.... LOL!
  • Viriato
    26 set, 2016 Condado Portucalense 22:49
    Olha os lobbies em movimento e em uníssono contra a campanha de Donald Trump. Mas estão com azar, os americanos vivem em democracia, não na democracia portuguesa mas, na AMERICANA. Logo vão votar em consciência e não pelo condicionalismo feito por uma qualquer comunicação social pseudo independente como a portuguesa. Estas câmaras de comercio não são mais do que antecâmaras de organizações parasitarias e que são representativas de determinadas elites empresariais e que os produtos finais destes acordos servem só meia dúzia e nunca um colectivo. Que seria o mais desejável.

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