26 set, 2016 - 09:08
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As duas associações representativas dos taxistas mostram-se descontentes com a pretensão do Governo de legalizar as plataformas digitais de transporte de passageiros como a Uber e a Cabify.
“Há uma indústria que está a ser espezinhada por uma empresa que apareceu pelas mãos não se sabe de quem e que está a ter o apoio de alguns políticos”, acusa o presidente da ANTRAL (associação nacional dos transportadores rodoviários em automóveis ligeiros), em entrevista à Renascença.
Segundo a imprensa desta segunda-feira, o diploma está pronto para ir para discussão pública e prevê que os carros ao serviço das plataformas electrónicas passem a ter seguro igual aos táxis, motoristas com formação e título profissional. Os carros não poderão andar na faixa “Bus” nem ter mais de sete anos.
As regras vão ao encontro de algumas das exigências que têm sido feitas pelos taxistas, mas não são suficientes para desmarcar a manifestação marcada para dia 10 de Outubro.
Florêncio Almeida questiona, porque exemplo, porque é que o tempo de formação para os taxistas é bastante superior ao exigido para os motoristas que trabalham para as plataformas (125 horas para uns, contra apenas 30 para os outros).
A mesma questão é levantada por Carlos Ramos, da Federação Portuguesa do Táxi, que, no que toda aos preços praticados, pergunta se a nova lei determina qual o valor mínimo do serviço e se permite que as plataformas prestem serviços de valor abaixo do custo para esmagar o sector do táxi.
Florêncio Almeida não tem dúvidas: “não há preços mínimos para eles e vão fazer a cartelização, vão tentar arruinar com o sector dos táxis para depois cobrarem os preços que entenderem”.
Por tudo isto, o presidente da ANTRAL garante que “o sector está unido” e que vai “estar [em protesto] os dias que forem necessários, pelo tempo fora, porque nunca mais haverá paz social nos transportes ocasionais de passageiros se esses senhores forem legalizados”, garante Florêncio Almeida.
Do lado da Federação Portuguesa do Táxi, Carlos Ramos considera mesmo que o projecto de diploma “veio agudizar o problema, porque não diz nada”.
Ambas as associações criticam, de resto, o facto de o Governo não ter dado conhecimento prévio do projecto de diploma. Por isso, ANTRAL e Federação Portuguesa do Táxi marcaram uma reunião para esta manhã, com vista a analisar e tomar uma posição conjunta sobre o documento.