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Reprovar não ajuda alunos a melhorar

26 set, 2016 - 07:11

Estudo revela que 60% das escolas portuguesas inseridas em meios muito desfavorecidos conseguem ter média positiva em, pelo menos, um dos domínios avaliados pelos testes: leitura, matemática ou ciências.

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Os alunos repetentes do 9.º ano têm piores resultados do que aqueles que nunca chumbaram. Segundo o estudo desenvolvido pelo projecto aQueduto, Portugal tem uma taxa de retenção de 34%, contra 4% da Finlândia.

A partir de uma amostra de sete países (Holanda, Luxemburgo, Espanha, Irlanda, Dinamarca, Portugal e Finlândia), os autores do trabalho concluem que chumbar "não parece contribuir" para que os alunos melhorem as suas aprendizagens em nenhum dos domínios avaliados: matemática, leitura e ciências.

"Na generalidade dos países, incluindo Portugal, os alunos que frequentam o 9.º ano por terem chumbado apresentam piores resultados em todos os domínios do que os seus pares que também frequentam o 9.º ano, mas que nunca chumbaram", lê-se no documento, que será discutido esta segunda-feira no Conselho Nacional de Educação (CNE), em Lisboa.

À Renascença, a investigadora do ISCTE e da Universidade Autónoma de Barcelona diz que “chumbar não funciona como uma segunda oportunidade” e defende que se deve “ pensar em outras formas para fazer com que estes alunos aprendam”.

Porém, há diferenças entre os sistemas de ensino dos vários países. Na Holanda, por exemplo, os alunos que chumbaram (28%) não estão um ano atrasados, sendo-lhes permitido continuarem o seu percurso entre os colegas da mesma idade. O Luxemburgo adopta uma política semelhante.

Alunos em meios desfavorecidos surpreendem

Outro dado a reter deste estudo é que as escolas inseridas em contexto socioeconómico desfavorável têm resultados acima do esperado: 60% das escolas portuguesas inseridas nestes meios conseguem ter média positiva em pelo menos um dos domínios avaliados pelos testes PISA: leitura, matemática ou ciências.

A investigadora Isabel Flores traça, por isso, como prioridade estudar essas escolas com estes “resultados interessantes”.

Num plano mais alargado, que inclui também a República Checa, França, Suécia, Dinamarca, Irlanda e Polónia, é a Finlândia que tem a menor carga de trabalho fora da escola (incluindo trabalhos de casa, explicações e trabalhos de pesquisa).

No entanto, é aos alunos mais fracos que exige "um pouco mais de esforço". Do mesmo modo, a República Checa, a Dinamarca, a Suécia e a Polónia "tendem a exigir mais trabalho aos alunos com piores resultados".

Nos restantes países, entre os quais Portugal, são os melhores alunos que mais trabalham fora do horário escolar.

Foram usados dados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) de 2012 para este trabalho, que será discutido sob o tema "Números, letras ou tubos de ensaio?, numa sessão que conta com a participação do presidente do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), Hélder Sousa.

O projecto aQueduto: avaliação, equidade e qualidade em educação é uma parceria entre o Conselho Nacional de Educação e a Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Comentários
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  • Viriato
    26 set, 2016 Condado Portucalense 23:08
    Por este andar ainda vamos ter como primeiro ministro um ex membro de um gangue desses que assaltam as velhinhas, com doutoramentos tirados à moda de um tal pinocrates e de um tal membro de um rancho folclórico um tal de relvas. Portanto a exigência neste país morreu e logo o mérito na vida tem a haver com a esperteza saloia que por cá vai emergindo e tornando emérita. O meu Portugal nas ruas da amargura.
  • Rui
    26 set, 2016 Lisboa 22:00
    Verdade, reter alunos e uma barbaridade se passarem a seguir foi um percalço e se ficarem mais valia terem passado logo ambos são um desperdício enorme de dinheiro depois do 12 quem quer um curso superior tivesse estudado que nunca quis vai prós profissionais talvez aí veja a importância do superior de qualquer forma reter alunos e um desperdício para o país e regride a evolução mental dos sujeitos.
  • Teresa Dimas
    26 set, 2016 Mirandela 16:54
    Recuperem as novas oportunidades. Aí todos passam e com facilidade fazem o 12º ano.
  • Pois é!
    26 set, 2016 dequalquerlado 13:31
    Muitos alunos chumbam também porcausa de maus professores. Um professor bom que explique bem e que não vá para a sala falar muitas vezes em assuntos que nada tem a ver com a aula, ajuda muito e é meio caminho para se formar bons alunos...Sei do que me refiro...
  • Pinto
    26 set, 2016 Custoias 13:04
    Isto é um contra censo , pelo que sei os alunos problemáticos passam sempre, primeiro para se verem livres desse tipo de jovens que desestabilizam, maltratam, insultam e ameaçam impunemente. Quando chegam ao 9º ano esbarram.
  • Pedro
    26 set, 2016 Braga 10:28
    Se o interesse das criancas e jovens estiver primeiro do que o ego de certos Torquemadas que pelo nosso pais vagueiam, certamente vao modernizar o sistema de ensino. Devemos combater os cefalopodes e velhos do Restelo que acham que so com castigos os alunos entendem quem manda. Que interessa o governo? Quem pensa dessa maneira, nao pode ser isento, e persegue uma agenda politica que o impede de tomar as melhores decisoes em materias relacionadas com terceiros. Os estudos dizem que nao funciona, dizem que ha outras opcoes, dizem que outros paises fazem de outra maneira, mas nao devemos fazer nada porque o actual governo nao me da tacho, vamos portanto nao fazer nada por enquanto e quando a minha cambada estiver no governo nao mudamos nada, que isso de trabalhar da dores nas costas...
  • Orabem!
    26 set, 2016 dequalquerlado 10:20
    Pois é, para passar sem saber em que é que a pessoa beneficia com isto? Só na ignorância. Depois o resultado é o que se vê. Um povo calado, comodista, sem sentido de critica, que generaliza tudo e que muitas vezes nem saber pensar sabe, que depois só se interessa por futebol e telenovelas. Alías, já é o que se tem visto muito nestes últimos anos...A ignorância é tanta que quando se fala de politica ou dos problemas do país com muitos, o que sabem ver é só funcionários públicos, mesmo estando estes sem dignidade também... os benefícios do rendimento minimo, que não são benefícios. Os que estão desempregados é porque não querem trabalhar, os que não têm dinheiro é porque andaram a gastar acima das suas possibilidades, mesmo a ganhar o salário minimo. Enfim. Tenta-se por todos os meio se criar um país de parvos...
  • Joao
    26 set, 2016 lx 09:15
    La vem a mesma lenga lenga do costume. O facto de passarem de ano sem que tenham aproveitamento em que é que isso é benéfico para o aluno? Será para o governo que assim aumenta os níveis de escolarização da sua população de uma forma meteórica. Deixem-se de chover no molhado quem sabe passa que não sabe repete. É assim em tudo. Que adianta a um aluno ter completado o ensino secundario se não sabe a matéria ? para isso já têm as novas oportunidades.
  • AM
    26 set, 2016 Lisboa 08:55
    Tive uma professora de história no secundário, que era especialista em recuperar repetentes. Fui repetente, porque apanhei professores saltaricos, (eu e outros), e ela era reformada da Gulbenkian... Tenho 50 anos, e nunca mais a esqueci, e outros, especialistas em recuperar e faze-los. Aprendi o que é cultura Moulinex, e acho que hoje as estatisticas falam de competencias ocasionais.

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