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Realizadora de "Brave"

Depois do óscar, o adeus à indústria para fazer cinema mais "puro"

24 set, 2016 - 11:22 • Inês Rocha

Ganhou o galardão de Melhor Filme de Animação com “Brave” (2012), mas teve que o partilhar com outro realizador, depois de ter sido afastada pela Pixar da sua própria criação. Brenda Chapman decidiu sair da indústria e juntar-se ao marido para produzir filmes de família mais “puros”.

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Depois do óscar, o adeus à indústria para fazer cinema mais "puro"

Quando, em 2013, Brenda Chapman subiu ao palco do Teatro Dolby, em Hollywood, para agradecer à Academia o óscar de Melhor Filme de Animação, a realizadora não estava sozinha. Chapman teve que partilhar o galardão com Mark Andrews, depois de, um ano antes da estreia, ter sido afastada pela Pixar do filme que ela própria pensou, escreveu e pôs de pé.

A história de “Brave” foi inspirada na relação de Brenda com a filha, Emma Lima. A realizadora descreve-o como um “bebé” que educou, cuidou, para no fim o tirarem dos seus braços.

“Foi uma lição difícil de aprender, que podes trazer uma ideia para um estúdio, liderá-la, desenvolvê-la, nutri-la, cuidá-la e ainda assim eles ainda podem escolher retirar-te, apesar de, na essência, ser o teu bebé. O filme é deles e eles podem tirar-to completamente e pôr-te fora”, explica, em entrevista à Renascença.

Brenda Chapman está em Portugal com o marido, o também realizador Kevin Lima, para participar no evento de animação digital “Trojan Horse was a Unicorn”, que termina este sábado em Tróia.

Se juntarmos o currículo do casal de realizadores, a lista reúne nomes como “Príncipe do Egipto”, “A Pequena Sereia”, “Rei Leão”, “Tarzan”, “Pateta o Filme” e “102 Dálmatas”. Agora, pela primeira vez na sua carreira, decidiram juntar esforços.

“Começámos a trabalhar juntos, pela primeira vez. Evitámos isso durante muitos, muitos anos”, conta o luso-descendente Kevin Lima. O realizador está confiante que o projecto a dois vai correr bem. “Sabendo que nos amamos e que nos vamos proteger, não pessoas a ver as coisas em diferentes ângulos, a querer coisas diferentes. Queremos os dois a mesma coisa”, explica.

Com a produtora que os dois criaram, “Chapman Lima Productions”, estão a preparar um filme “híbrido”, uma mistura entre imagem real e animação. Querem trazer ao público algo “refrescante”, um verdadeiro filme de família, sem as pressões do mercado.

“À medida que a indústria evolui, penso que se está a tornar um pouco mais cínica”, afirma Kevin. “É muito difícil fazer filmes de família hoje em dia, não há muitos a ser feitos. Aquilo que eu procurava era uma oportunidade de fazer algo mais puro para as famílias. Que não seja baseado nalguma coisa ou personagens arranjadas em algum lado. Encontrar vozes originais”.

Brenda Chapman garante que não vai voltar a cair no erro de oferecer as suas ideias às grandes produtoras, para que depois se apoderem delas. “Escolhi não fazer o mesmo outra vez, para que as minhas ideias continuem a ser minhas. Se vou fazer um filme, vou fazê-lo de forma a que consiga ser parte dele até ao fim”, diz.

Daqui a cerca de dois meses, o casal está preparado para apresentar a nova obra e procurar financiamento para a produzir. “Neste momento somos só nós a escrever, a ter ideias para encontrar o projecto certo, conseguir angariar dinheiro para o concretizar e depois avançar com esse projecto”, explica Chapman.

Se tiverem sucesso, querem que a produtora se expanda, mas para já estão focados em ter um bom produto. “Se isto tiver sucesso, podemos tentar desenvolver, por exemplo, dois projectos ao mesmo tempo e aos poucos começar a juntar mais gente à equipa”, diz a realizadora.

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