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ONU receia que Al-Qaeda se expanda para a Guiné-Bissau

30 ago, 2016 - 09:00

"Existem receios na região de que o país se possa tornar um alvo para excursões terroristas", alerta o relatório.

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O relatório do secretário-geral da ONU sobre a situação na Guiné-Bissau, que será apresentado esta terça-feira, em Nova Iorque, aos membros do Conselho de Segurança, diz que a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico se pode expandir para o país.

"Existem preocupações de que grupos como a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico podem aproveitar-se da instabilidade na Guiné-Bissau para ganhar presença e avançar a sua agenda de extremismo violento", lê-se no documento, que foi consultado pela agência Lusa.

Os autores do relatório lembram que em Março deste ano quatro indivíduos, suspeitos de colaborar com organizações ligadas à Al-Qaeda, foram perseguidos pelas autoridades no país e detidos enquanto tentavam cruzar a fronteira.

"Existem receios na região de que o país se possa tornar um alvo para excursões terroristas, visto que, no momento presente, a capacidade do governo responder a esta ameaça ou possíveis ameaças de crime organizado transnacional, como o tráfico de droga, continua limitada", explica o documento.

O relatório lembra ainda que instituições como o Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e a União Europeia suspenderam o seu apoio orçamental ao país, uma situação que pode ter um "impacto devastante" no país, visto que 80% do seu apoio vem da ajuda internacional.

Estado a enfraquecer

No geral, o relatório defende que "o inicial mas significativo progresso feito na Guiné-Bissau após as eleições de 2014, através da formação de um governo legítimo, inclusivo e democrático, foi amplamente revertido" nos últimos 12 meses.

A Guiné-Bissau atravessa uma crise política sem que os dois principais partidos do país, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e o Partido da Renovação Social (PRS), consigam chegar a acordo para marcar uma data para a continuação dos trabalhos parlamentares e debater o programa de Governo.

O documento garante que "três mudanças sucessivas de governo e um prolongado período de paralisia política enfraqueceram ainda mais as instituições do estado", explica que "a implementação de reformas chave nos sectores da defesa, segurança e justiça foi suspensa" e que "a prestação de serviços básicos foi negativamente afectada."

O relatório fornece uma actualização sobre os principais acontecimentos políticos, de segurança, direitos humanos, e desenvolvimentos na área socioeconómica e humanitária na Guiné-Bissau desde o seu relatório mais recente, de 12 de Fevereiro de 2016.

Este é o primeiro relatório produzido sobre a supervisão do novo Representante Especial, Modibo Ibrahim Touré, que substitui Miguel Trovoada.

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