29 ago, 2016 - 23:22 • Ana Carrilho
“Há pessoas que pensam que o Parque Nacional da Peneda-Gerês é o santuário onde se curam todas as neuras”. O desabafo foi deixado à Renascença pelo presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, que volta a questionar a continuação de resgates gratuitos. Sobretudo quando as pessoas não estão realmente em perigo.
Foi o que aconteceu este domingo, sublinha o autarca, quando 39 bombeiros e militares da GNR e um helicóptero estiveram envolvidos, até de madrugada, no resgate de um jovem de 23 anos que pediu auxilio quando caminhava na zona de Minas de Carris, dentro do Parque.
“É Verão, até é agradável passar uma noite numa área protegida e a pessoa, para além de ser insensata e desequilibrada, soube accionar as tecnologias em proveito próprio e fazer com que meio mundo andasse ali durante a noite à sua procura. Ainda por cima, accionando meios caros - como o meio aéreo durante a madrugada - para socorrer alguém que, atrevidamente, devassa um espaço que, com regras não poderia ser invadido. Os custos têm que ser assumidos por quem acciona estes meios”, defende o autarca de Montalegre, em declarações à Renascença.
E no Inverno ainda é pior, refere Orlando Alves. “Quando é um grupo que vai ver o luar de Janeiro para os sítios mais inóspitos do Parque e depois, com o frio intenso, as pessoas entram em hipotermia, é exigido um esforço tremendo aos bombeiros que andam quilómetros e quilómetros com pessoas às costas, em situações desumanas. Naturalmente, isso tem que ser punido.”
Não é a primeira vez que o autarca de Montalegre “põe o dedo na ferida” e por isso, defende a adopção de um regulamento que defina as regras segundo as quais as pessoas podem ter acesso aos locais menos acessíveis do Parque Nacional Peneda-Gerês e sanções para quem as quebrar.
A ideia é acompanhada pelos presidentes dos outros quatro concelhos abrangidos pelo Parque da Peneda-Gerês: Arcos de Valdevez, Melgaço, Ponte da barca e Terras de Bouro.
Em conjunto defendem também uma direcção exclusiva para o Parque Nacional, técnicos qualificados e meios. O que só se consegue com dinheiro que tem que aparecer para defender “um santuário sagrado como é o Gerês”, defende Orlando Alves.
O autarca refere ainda que há poucos vigilantes e as equipas estão descoordenadas e “quando há fogos ou resgates para fazer são sempre os mesmos que aparecem para dar a cara, ou seja, os bombeiros”.
São situações que têm que ser corrigidas, sublinha Orlando Alves, que já pediu uma reunião com o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.