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Burkini. PM francês defende proibição, Amnistia é contra, tribunal decide

25 ago, 2016 - 19:04

Manuel Valls é a favor da proibição do fato de banho integral, mas a opinião não é unânime no Executivo. A Amnistia Internacional é contra a proibição por ser um “ataque à liberdade de expressão e religiosa das mulheres”.

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Caça ao burkini. Polícia obriga muçulmanas a tirar roupa na praia
Caça ao burkini. Polícia obriga muçulmanas a tirar roupa na praia

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O primeiro-ministro francês defende a proibição do burkini nas praias de mais de uma dezena de cidades costeiras.

A França enfrenta uma “batalha de culturas” e o fato de banho que cobre todo o corpo simboliza a escravidão da mulher, declarou Manuel Valls, em entrevista à BFM-TV.

“Temos de lutar com determinação contra o Islão radical, contra estes símbolos religiosos”, disse o primeiro-ministro um dia antes de um tribunal se pronunciar.

A proibição do burkini não é consensual no seio do Governo francês. A ministra da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, natural de Marrocos, considera que a polémica do burkini está a inflamar a retórica racista e a ser utilizada para fins políticos.

A ministra da Saúde, Marisol Touraine, defende que os valores seculares não têm que significar uma rejeição da religião.

O ex-Presidente Nicolas Sarkozy, na sua primeira acção para as eleições presidenciais do próximo ano, defendeu que o burkini tem que ser proibido em França.

“Não aceito que o burkini se imponha nas praias e piscinas de França. Tem que haver uma lei a banir o burkini em todo o território da república”, declarou o ex-Presidente aos seus apoiantes que encheram um pavilhão desportivo em Chateaurenard, na Provença.

Nicolas Sarkozy promete “ser o Presidente que vai restaurar a autoridade do Estado”.

Amnistia contra restrição às escolhas das mulheres

Já a Amnistia Internacional espera que o Tribunal Administrativo francês anule a proibição do burkini e ponha fim “ao ataque à liberdade de expressão e religiosa das mulheres, assim como ao direito a não discriminação”.

“O caso oferece uma oportunidade à justiça francesa para anular uma proibição que é discriminatória e que está a alimentar e é alimentada por preconceitos e intolerância”, refere John Dalhuisen, director da Amnistia Internacional para a Europa.

Dalhuisen reforça que a proibição do burkini é uma medida “invasiva e discriminatória” que “restringe as escolhas das mulheres, viola os seus direitos e conduz a abusos”.

A Amnistia recorda que nas últimas semanas vários autarcas em França “emitiram decretos locais que regulam aquilo que se pode e não pode vestir nas praias, proibindo o burkini”.

“Alguns desses decretos municipais apresentam argumentos de segurança, de higiene e de ordem pública que são manifestamente enganadores; outros ainda justificam-se com o propósito de defender os direitos das mulheres. Porém, a retórica em torno da aprovação destes decretos tem vindo a estar centrada, e de forma universal, no estereotipar de uma minoria já profundamente estigmatizada”.

O comunicado da Amnistia, pela voz de John Dalhuisen, acrescenta que “estas proibições não contribuem em nada para o aumento da segurança pública mas reforçam e em muito a promoção da humilhação pública. Tais proibições são não apenas discriminatórias em si mesmas mas, como temos visto, também da sua aplicação resultam abusos e um tratamento degradante das mulheres e raparigas muçulmanas”.

O director da Amnistia Internacional diz que, se as autoridades francesas estão “verdadeiramente empenhadas em proteger a liberdade de expressão e os direitos das mulheres”, devem anular estas proibições.

O Tribunal Administrativo é a mais elevada instância no país e vai esta sexta-feira tomar uma decisão sobre esta matéria. De recordar que um tribunal de instância inferior validou a proibição do fato-de-banho integral (burkini) emitida pelo município de Villeneuve-Loubet.

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  • Orabem!
    26 ago, 2016 dequalquerlado 15:35
    O Zé Nabo, não sei se já discordei de algum dos teus comentários alguma vez, mas este seu comentário tem toda a lógica. Concordo 100% Enfim, não percebo porque há pessoas que apoiam estes muçulmanos em tudo o que eles pretendem, quando há muçulmanos e não são poucos que discordem de outros muçulmanos.... Tens toda a razão.
  • Orabem!
    26 ago, 2016 dequalquerlado 13:10
    Oh "anonimous" é mesmo isto, mas parece haver muita gente aqui que não quer ver de maneira nenhuma, até já falam em percings e outras coisas e comparam coisas que nada tem a ver uma coisa com a outra. Se muitas usam pircings ou outras tretas também são criticadas por isso, quando exagerado, mas os muçulmanos também não as vêm defender. Aqui no ocidente defende-se tudo o que eles querem.... Até muitos já acham que as ocidentais deveriam fazer o mesmo. Enfim, acho que para muitos ficarem satisfeitos era os ocidentais passaram a viver como eles, velhos a casar com meninas de 12 anos... Burka para as mulheres, mesquitas em vez de igrejas e .....
  • Helena
    26 ago, 2016 Braga 06:57
    Não sei o porquê de tanta conversa. Em Franca as pessoas fazem as suas leis. Se gostam ainda bem, se não gostam mudem-se ou cumpram. Sinceramente, se a minha religião me obrigar a andar nú pela rua será que vou passar a andar assim "por motivos religiosos"? Se querem tanta liberdade para usar burkini que vão de férias para a Arábia Saudita. Tenho a certeza que se vão divertir imenso e até podem visitar Meca e Medina, as tais cidades que proibem a entrada aos não muculmanos... O burkini é uma aberracão e fere a vista. Fiquem em casa sff.
  • asilva
    26 ago, 2016 adelaide 02:52
    Agora esta "gente" esta a brincar com a inteligencia dos outros ... entao qual e a finalidade de ir para a praia completamente vestidas da cabeca aos pes ??? e um autentico ataque a inteligencia das outras pessoas. Claro que cada um anda vestido conforme deseja... entao e se as pessoas comecarem a andar nuas na rua ???? Esta "gente" do Islao vem para o Oeste fazer coisas para PROVOCAR as situacoes.... ate quando vamos ter de aceitar todas estas PROVOCACOES ????
  • João
    26 ago, 2016 Caminha 01:11
    Para aqueles que acham que o burkini humilha as mulheres, talvez tenham razão, pois pode ser uma imposição da comunidade islâmica ou apenas do marido. E se for opção da mulher? Ela não tem o direito de usar aquela roupa? Como saber se a usa em liberdade? Mas o melhor é que, sendo nós europeus e americanos donos das políticas da liberdade, esquecemo-nos que todos os dias roubamos a liberdade às mulheres (e aos homens também, mas e delas que estamos a falar). Para ser bonita tem que: - ter unhas de gel que nem para coçar o traseiro dão jeito; - usar piercings - tatuagens - usar iphone (há fazer enormes esforços financeiros para estar à altura da sociedade) - Usar saltos altos (são excelentes para caminhar nas calçadas portuguesas) - usar calças super justas para que quando se baixe lhe corte a circulação nas pernas - fumar (ah pois o estilo tem o seu preço) - etc E ainda dizem que a mulher europeia é livre? Nota: escrevi este comentário em tom de exagero, mas apenas quero realçar que diferença não é necessariamente má. Nós convivemos diariamente com estas perdas de liberdade que até nos parece uma escolha. Mas não é!
  • Santos
    26 ago, 2016 lisboa 01:09
    No mundo ocidental, com os seus valores civilizacionais próprios, não fazer nada contra o uso do burquini ou outras tretas parecidas, não pode ser opção.
  • António Tomé
    26 ago, 2016 LX 00:50
    Se me permitem a opinião sou absolutamente contra a utilização de burca ou outra peça que cubra a totalidade ou quase totalidade do rosto de quem quer que seja (neste caso das mulheres) para além de achar extremamente restritivo (física e socialmente) para que o usa, representa, para mim, uma tremenda falta de segurança. em especial nos países ocidentais. Portanto, nesta parte do mundo a burca deve de ser proibida sem qualquer tipo de discussão. No entanto, há peças de vestuário ou véus que honestamente não me "incomodam" e alguns deles são bem bonitos. No caso, o burquini é uma peça que cobre a totalidade do corpo da mulher mas, não o rosto e por isso, é algo que creio seja mais desconfortável para quem o usa do que para quem o observa.
  • Anonimus
    25 ago, 2016 East 23:44
    Viva a Burkini! Vivam as mulheres escravas, vivam as mulheres que não podem sair de casa, vivam as mulheres cujos maridos as podem matar se cometerem o adultério, vivam as mulheres que não podem conduzir automóveis, vivam as mulheres que são obrigadas a só usar Burkini. Viva a Burkini que esconde a mulher do olhar dos outros homens e do pecado.
  • Zé Nabo
    25 ago, 2016 Porto 23:27
    Sou membro da AI. Vou confirmar se realmente é contra a proibição dessa marca de subjugação das mulheres e de obscurantismo. Diz o RP da AI que a proibição do burkini é promoção da humilhação pública das mulheres. Mas a humilhação pública das mulheres está justamente em serem obrigadas a usar esse "burkini" (algumas delas até se identificam com a sua própria humilhação) sem o qual não têm liberdade de ir à praia como cidadãs e seres humanos a 100%. A Amnistia Internacional afinal não parece ser exactamente o defensor dos fracos e dos humilhados. Vai, por isso, deixar de contar com a minha quota mensal. Bem sei que não será isso que lhes titrará o sono, mas vale o princípio e a defesa dos valores da igualdade que, pelos vistos, deixa na gaveta não sei bem por que motivos.
  • Banzé
    25 ago, 2016 Braga 22:44
    Burkas, burkinis, vestimentas orientais, etc... só demonstram o quanto querem os islamicos integrar-se na cultura ocidental, e quanta vontade tem trabalharem para os infieis cristãos.

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