25 ago, 2016 - 15:38
Os portugueses desconhecem o funcionamento e duvidam da isenção de instituições nacionais e internacionais como o Serviço Nacional de Saúde, Banco de Portugal, Fundo Monetário Internacional ou Parlamento Europeu, segundo um estudo quinta-feira divulgado pela Deco.
De acordo com as conclusões do inquérito, que foi aplicado em vários países europeus, "os portugueses aparecem como um dos povos menos informados sobre o funcionamento, formação e competências das instituições internacionais", duvidando "militantemente" da sua "isenção", "autonomia" e "capacidade".
Segundo a associação de defesa do consumidor, o nível de desconfiança dos portugueses, por exemplo, relativamente ao Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização Mundial de Saúde (OMS) e Parlamento Europeu oscila entre os 60 e os 70%, "espelhando elevados níveis de desconhecimento (no mesmo nível percentual) relativamente ao seu funcionamento, objectivos e composição".
"Quanto às instituições nacionais, 87% dos inquiridos não sabem quais são os seus direitos enquanto utentes do Serviço Nacional de Saúde [SNS]", refere, acrescentando que "74% não confiam no Banco de Portugal enquanto entidade supervisora do sistema bancário".
Confiança à tangente
De acordo com a Deco, numa escala de um a dez, os portugueses "não confiam acima dos 5,9%, uma positiva à tangente, em instituições como o exército e a polícia", sendo que no sistema público de ensino se ficam pelos 5,6%, na Igreja pelos 5,4% e na televisão pública nos 5,3%.
No fim da lista surgem instituições financeiras como o FMI, Banco de Portugal e Banco Mundial, cujos níveis de confiança não chegam a atingir os 3,5%.
Segundo se lê nas conclusões do trabalho, "a grande maioria dos portugueses [70% ou mais dos inquiridos] desconfia, sobretudo, da autonomia destas instituições em relação a grupos económicos, governos e forças políticas", sendo esta desconfiança "particularmente notória na forma como olham para o Banco de Portugal e para o Banco Mundial", que "causam descrença praticamente a todos os níveis: independência, competência para supervisionar o sistema ou capacidade de promover o crescimento económico".
No que se refere ao nível de conhecimento sobre as instituições, "metade dos inquiridos não sabe se os bancos privados podem pedir dinheiro emprestado ao Banco Mundial e se uma das tarefas desta entidade é supervisionar as agências de 'rating'", assim como "se a NATO é fundamentalmente subsidiada pela indústria do armamento", enquanto"47% não sabem se a OMS é financiada pela indústria farmacêutica e 45% desconhecem se o FMI só inclui países do mundo ocidental".
Internamente, diz a Deco, "a grande maioria diz-se pouco conhecedora da estrutura, da missão e das actividades das instituições analisadas", do que resulta que "apenas 23% estão informados dos seus direitos enquanto utentes do SNS e perto de metade não saberia queixar-se de um erro médico".