Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Nelson Évora queria petiscar, mas ainda não faz milagres

16 ago, 2016 - 17:24

Saltador português terminou a final do triplo salto dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em sexto lugar. "Quem não arrisca não petisca", afirma, mas "não podia fazer milagres". Os três saltos nulos complicaram a tarefa.

A+ / A-

Nelson Évora foi sexto na prova olímpica do triplo salto masculino. No final, fica o orgulho de, oito anos depois da sua medalha de ouro em Pequim, ter regressado a uma final olímpica.

O saltador português foi progredindo durante a final, com os dois primeiros saltos de 16,90 e 16,93, respectivamente, e um terceiro de 17,03 metros, o seu melhor. Ainda bem longe do agora bicampeão olímpico, o norte-americano Christian Taylor, que fez 17,86 metros, e do bi-medalha de prata, Will Claye, com 17,76. O chinês Dong Bin fechou o pódio, com 17,58 metros.

O melhor salto de Nelson Évora teria sido o último, por volta dos 17,30 metros, mas foi inválido. Tal como os dois anteriores.

"Quem não arrisca não petisca. Não acertei nos três últimos ensaios por causa disso", afirmou o atleta. "O último salto, se fosse válido, dava-me o quarto lugar. Na altura, não tive noção de que era nulo. Mas, enfim, provei que o mau resultado no Europeu foi só um acidente."

Nelson Évora conseguiu a sua melhor marca do ano e ultrapassou os 17 metros, mas, perante competição tão forte, "não podia fazer milagres".

Ainda assim, o atleta português nunca desistiu da medalha. "Nunca me deixei intimidar. Nos últimos ensaios, procurei esquecer a tábua e aplicar todos os meus segredos em prática para saltar mais longe", contou. Esquecer a tábua, contudo, valeu-lhe três saltos nulos.

Nelson Évora e Fernando Pimenta. Crónica de duas "quase medalhas"
Nelson Évora e Fernando Pimenta. Crónica de duas "quase medalhas"

Nelson admitiu ter feito um erro durante a preparação para o Rio 2016, ao participar em competições de pista coberta, nomeadamente o Europeu de Amesterdão. "Não devia ter feito, não tem nada a ver com as minhas características. O ideal é entrar forte, treinar bem e apostar nas provas mais importantes, Mundiais e Jogos. Há que aprender com estas coisas", admitiu.

Nelson Évora falhara os Jogos de 2012, em Londres, por lesão. Teve duas fracturas na tíbia direita e, em 2012, chegou a ser posta a possibilidade de amputação. Fica, portanto, a dúvida se será razoável pedir ao saltador, já com 32 anos, uma presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, altura em que terá 36 anos. "A análise tem de ser feita ano a ano, época a época. Só peço que as lesões desapareçam", lamentou.

O final não foi de conto de fadas, mas não deixou de ser feliz. Uma final, após o calvário por que Nelson Évora passou, é já um grande prémio. "Só posso agradecer o apoio de todos. Dei o meu melhor e valeu a pena", declarou o saltador, orgulhoso pela sua prestação.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Paulo Rato
    17 ago, 2016 Queluz 04:15
    O comentários só pode ser: PARABÉNS, Nelson Évora! Quaisquer reticências a esta saudação - entusiástica, apesar de não haver medalha - só são admissíveis se vierem de quem nada sabe de desporto, sobretudo de alta competição. Além de que, no caso de Nelson Évora, não como ter admiração pelo carácter de quem já ganhou praticamente tudo o que há para ganhar (Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais - dois, creio -,...) e, numa idade em que estava em plena progressão e ainda seriam de esperar grandes êxitos, vê cerceada essa legítima ambição por lesões consecutivas e muito graves. Em circunstâncias tão adversas, em que a maioria optaria pela desistência, por se conformar com um percurso desportivo que já seria mais que suficiente para dele se orgulhar por toda a vida, Nelson Évora insistiu em retomar um caminho interrompido, em refazer um trabalho dificílimo - já que, depois de anos sem treinar nem competir, poderemos dizer que recomeçou praticamente do "zero" - e, sem temer comparações consigo próprio, regressar à competição ao mais alto nível e mostrar que está entre os melhores do Mundo: quem fica em 6.ºlugar numas Olimpíadas - e poderia ter ficado em 5º. ou 4.º, pois as diferenças são mínimas, pertencem a uma élite onde muito poucos conseguem chegar. É evidente a força de vontade, o autodomínio, a capacidade de concentração e a coragem para assumir riscos deste atleta, em plena competição, algo que se mantém inalterável, mesmo depois de tempos tão difíceis. É um exemplo.

Destaques V+