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Segunda votação para secretário-geral da ONU só terá lugar no dia 5 de Agosto

29 jul, 2016 - 00:25 • José Alberto Lemos, em Nova Iorque

António Guterres é um dos nomes na corrida a substituir Ban Ki-moon.

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Ao contrário do que chegou a estar previsto, o Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas não reuniu esta quinta-feira para prosseguir o processo de selecção do novo secretário-geral da organização.

Depois de, na passada semana, ter feito a primeira reunião com esse objectivo, o CS decidiu marcar o próximo encontro com este tema na agenda para o dia 5 de Agosto.

Nada obrigava o CS a fazer a reunião esta semana, mas era convicção nos meios diplomáticos que antes de começar o mês de Agosto haveria pelo menos duas votações sobre o futuro secretário-geral. Denominadas na gíria da ONU como “straw polls”, estas reuniões visam ir seleccionando os candidatos com mais hipóteses de ascender ao cargo em disputa, persuadindo os restantes a retirarem as candidaturas.

Sucede, porém, que após a reunião da semana passada em que António Guterres foi o mais votado e pelo menos metade dos doze candidatos tiveram resultados francamente negativos, ninguém retirou a candidatura, ao contrário das expectativas. O que significa que, no próximo dia 5 de Agosto, os 15 países que integram o Conselho de Segurança vão ter de votar de novo nos doze candidatos na corrida, exprimindo a sua opção através do tradicional “encorajar”, “desencorajar” ou “sem opinião” em relação a cada um.

Dado que os eleitores são os mesmos – a composição do Conselho de Segurança só muda de dois em dois anos e apenas em relação aos membros não-permanentes – não se aguardam grandes alterações relativamente à votação da semana passada que colocou Guterres em primeiro lugar com 11 votos ‘positivos’ e três ‘abstenções’, seguido do ex-presidente esloveno, Danilo Turk, com 11 positivos, dois negativos e duas abstenções, da búlgara Irina Bokova, directora-geral da UNESCO, com 9 positivos, quatro negativos e duas abstenções, dos ex-ministros dos Negócios Estrangeiros sérvio e macedónio, Vuk Jeremic e Srgjan Kerim, com 9 positivos, cinco negativos e uma abstenção.

Só após este quinteto surgem candidaturas inicialmente tidas por fortes como a da ex-primeira-ministra neo-zelandesa e actual directora do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) Helen Clark, com 8 positivos, cinco negativos e duas abstenções e da actual ministra dos Negócios Estrangeiros argentina e ex-chefe de gabinete de Ban Ki-moon, Susana Malcorra, com 7 positivos, quatro negativos e quatro abstenções.

Os restantes candidatos tiveram votações verdadeiramente desencorajadoras com os votos negativos e as abstenções a superarem em muito os votos positivos.

A menos que nestas duas semanas haja uma actividade diplomática frenética e bem sucedida por parte de qualquer um destes candidatos mal colocados, é provável que no dia 5 de Agosto, perante uma eventual segunda votação desencorajadora, a maior parte deles desista. Duas votações negativas serão sinais suficientemente desencorajadores para manter a candidatura.

Por outro lado, se a segunda “straw poll” confirmar basicamente os resultados da primeira, admite-se que apenas os cinco candidatos mais votados se mantenham na corrida. E, nesse caso, com Guterres e o candidato esloveno, Danilo Turk, com posições reforçadas, naturalmente.

Quanto mais candidatos persistirem, mais votações o Conselho de Segurança terá de fazer até clarificar a disputa e criar condições de propor um nome à Assembleia Geral no Outono. Não se exclui por isso que mesmo durante o mês de Agosto possa haver outra reunião além da agendada para dia 5.

A partir do dia 1 de Agosto, a presidência do Conselho de Segurança transita do Japão para a Malásia e caberá ao representante malaio comunicar oficialmente a agenda e as decisões daquele organismo. Recorde-se, no entanto, que as votações para o futuro secretário-geral são secretas e os resultados não são tornados públicos oficialmente. É o presidente do CS que os comunica a cada um dos países que têm candidatos na corrida.

Neste momento, além dos cinco membros permanentes – EUA, Rússia, China, Reino Unido e França – integram o Conselho de Segurança os seguintes países: Angola, Egipto, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Senegal, Espanha, Ucrânia, Uruguai e Venezuela. A presidência vai rodando mensalmente entre todos os países.

O novo secretário-geral tomará posse no dia 1 de Janeiro de 2017 para um mandato de cinco anos.

Comentários
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  • Só?
    29 jul, 2016 Lx 09:42
    Mas só faltam 8 dias!...

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