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Bragança-Miranda. “Continuar com os pés assentes no chão, apontar para o alto e para a frente”

24 jul, 2016 - 11:27 • Olímpia Mairos

Bispo de Bragança-Miranda encerra visita pastoral de quatro anos à diocese. Uma peregrinação por um vasto território que “abre para muita esperança e desafios”.

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D. José Cordeiro encerra este domingo a primeira visita pastoral à diocese de Bragança-Miranda. Foram quatro anos de “peregrinação a cada paróquia, a cada lugar, a cada comunidade, a cada pessoa, onde foi possível, destas 326 paróquias que constituem este vasto território”, refere o prelado.

Segundo D. José Cordeiro, esta visita pastoral veio “ajudar a ter um conhecimento mais próximo, mais vivo e mais real do todo que constitui a Igreja no Nordeste Transmontano”, e “abre para muita esperança, para muitos desafios”.

Bragança-Miranda é a quarta maior diocese em Portugal, mas a sua população vem diminuído e regista-se mesmo um “inverno demográfico bastante acentuado”, refere o Bispo.

“Mas, seja como for, somos chamados aqui, a viver, a testemunhar, a acreditar, a propor o evangelho da esperança com toda a alegria, com toda a inteligência, com todas as forças e capacidades de que fomos capazes”, sublinha o prelado.

A primeira visita pastoral de D. José à sua diocese encerra no santuário de Nossa Senhora da Assunção, em Vila Flor, e quer significar, segundo o prelado, que “não é um porto de chegada, não é um fim, mas uma continuação para o pórtico, continuar com os pés assentes no chão, a apontar para o alto e para a frente”.

D. José Cordeiro diz ter testemunhado que na diocese “há um potencial enorme, um dinamismo e há muito para fazer”, sublinhando que o que foi feito até agora “é apenas um começo”.

“Temos que prosseguir, não podemos nunca desistir, nunca desanimar e somos cada vez mais neste dinamismo, nesta confiança para a alegria do evangelho aqui, nesta Igreja de Bragança-Miranda”, enfatiza o prelado.

Gritos que ecoaram forte no coração do bispo

O bispo de Bragança-Miranda tem dificuldade em descrever os gritos que acolheu ao longo dos quatros anos de peregrinação pela diocese, referindo que “foram surpresas constantes porque cada encontro é sempre um encontro novo”, no entanto, destaca “os que vieram, dos mais idosos, dos mais sós, dos mais doentes, dos mais fragilizados, dos mais pobres”, são “mais de três mil”.

“Foi com esses que eu mais aprendi nas suas casas, nos centros sociais e paroquiais, nas Santas Casas da Misericórdia, na Cáritas diocesana, nas várias fundações e associações, indo ao encontro de cada um mediante as nossas possibilidades. E a programação que foi feita é para continuar”, afirma D. José.

O próximo ano será um ano de pausa das visitas pastorais propriamente ditas, mas será o tempo “para prosseguir e implementar aquilo que foi suscitado pelo Espírito Santo e pelas próprias pessoas nos seus desejos e até nos seus gritos, e que agora passarão ainda mais humanizados e mais visíveis aos organismos de participação, como seja o conselho presbiteral, o conselho pastoral diocesano, os arciprestados e outras formas de caminharmos aqui juntos porque o maior grito também foi isso”.

“O desejo de comunhão, de união e de paz é cada vez mais acentuado e mais sentido, mais experimentado, e dá muito que fazer e há-de continuar a dar”, conclui o bispo diocesano.

Papel mais activo para as misericórdias

Servindo-se do exemplo de Vila Flor, onde a Santa Casa da Misericórdia coordena toda a acção pastoral social e caritativa da unidade pastoral, D. José Cordeiro manifesta o desejo de ver este exemplo replicado em toda a diocese, considerando que “pode ser uma profecia e é certamente para outras unidades pastorais, onde estamos a fazer a união dos centros sociais e paroquiais e muito provavelmente no futuro as Santas Casas da Misericórdia vão assumir também um papel mais preponderante e mais coordenador desta acção pastoral”.

“Os centros sociais e paroquiais que aqui nesta zona nasceram quase como cogumelos precisam também de uma reorganização, uma reestruturação”, defende D. José Cordeiro, dando conta que “alguns estão a passar por enormes dificuldades económicas e financeiras”.

O prelado realça que só na união é possível “fazer mais e melhor”, sem “nunca desistir” porque não se tratar de “solidariedade pela solidariedade, nem a acção social pela acção social”.

“Isso só de si já é muito positivo, mas, para nós, a exigência é muito maior porque é a expressão da misericórdia, do evangelho da caridade, é fazer por amor e é na essência da fé, da esperança e da caridade que queremos prosseguir”, diz o bispo diocesano.

A diocese tem realizado acções de formação para quantos trabalham nas instituições particulares de solidariedade social ligadas à Igreja, mas D. José Cordeiro sente que “há necessidade de mais e melhor” para serem “fiéis à doutrina social da Igreja, fieis ao evangelho de Jesus Cristo”.

“E que Deus nos ajude a ser fieis a este evangelho da esperança que nos abraça, nos envolve e que nos inquieta, que não nos deixa estar parados. Estar sempre a caminho é o nosso desejo maior, sentirmo-nos peregrinos no tempo, mas peregrinos que querem dar memória ao futuro”, conclui D. José.

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