22 jul, 2016 - 14:17
O primeiro-ministro afirmou esta sexta-feira que é "com os olhos postos no futuro", com "estabilidade" e "políticas públicas certas" que o país se "livra do diabo", acrescentando que vai ser possível cumprir este ano as metas do défice. Passos tinha há uns dias dito aos militantes do PSD para descansarem das férias que em Setembro “vem aí o diabo”.
"É com os olhos postos no futuro, com estabilidade, com políticas públicas certas e com a aposta na inovação que nós nos livramos do diabo e ganhamos confiança e capacidade para vencer no futuro. Essa tem que ser a nossa trajectória e é para isso que nós temos de trabalhar", afirmou António Costa em Matosinhos, distrito do Porto.
Para o primeiro-ministro, "se não nos concentrarmos na execução dos seis pilares fundamentais do Plano Nacional de Reformas (...) estaremos certamente daqui a uns anos, não a celebrar que este foi o primeiro ano onde vamos conseguir cumprir as metas do défice, mas estaremos novamente a discutir sanções por não cumprirmos as metas do défice".
Na cerimónia do lançamento de Laboratórios Colaborativos na área aeroespacial e da mobilidade eléctrica, que decorreu no CEiiA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto) Costa afirmou também que, "felizmente, o diabo já lá vai" e que o Governo está "centrado de novo naquilo que é essencial", aludindo uma frase que, de acordo com o jornal "Público", Pedro Passos Coelho terá dito na reunião da bancada do PSD na passada terça-feira.
"Gozem bem as férias que em Setembro vem aí o diabo", disse, segundo o jornal, o líder social-democrata, na reunião que decorreu à porta fechada.
Para Costa, "houve um momento de hesitação e em que se pensou que podíamos voltar a andar para trás e que podíamos voltar a ser competitivos não com base no conhecimento mas com base nos baixos salários, não apostando na inovação das energias renováveis mas discutindo o custo do investimento da energia renovável, em que se sacrificou a mobilidade eléctrica".
"Mas felizmente o diabo já lá vai e estamos agora centrados de novo naquilo que é essencial: ter os olhos postos no futuro e perceber que só seremos competitivos mesmo enquanto investirmos na educação, do pré-escolar à educação de adultos", vincou.
"Não podemos dizer hoje que o conhecimento é prioritário, e amanhã que é prioritário baixar salários"
António Costa apontou que a assinatura no CEiiA do contrato do desenvolvimento de um Laboratório Colaborativo na área do aeroespacial e da mobilidade eléctrica "significa o compromisso de quem produz o conhecimento, de quem o pode transmitir às empresas e das empresas em que é essa inovação que vai ser o futuro" do país.
Também com a assinatura de um protocolo para a concretização de um novo veículo eléctrico interactivo e com capacidade autónoma em meio urbano é possível perceber "que, de facto, é preciso ter os olhos postos no futuro", referiu.
"E para isso é necessária estabilidade nas políticas públicas, de forma a que elas possam ter continuidade", disse, "nós não podemos dizer que o conhecimento é hoje prioritário e voltar a dizer amanhã que o que é prioritário é baixar salários, não".
Costa alertou que o país não pode voltar a equivocar-se quanto ao caminho a desenvolver no futuro, defendendo uma aposta "no emprego qualificado, em emprego melhor, porque é esse que fixa e atrai talento".
"Foi muito bom termos sabido que o desemprego baixou 4,4% de maio para Junho e 4,7% de Junho passado para Julho deste ano, mas o desemprego não continuará a descer sustentadamente se andarmos para trás, só descerá sustentadamente se apostarmos na inovação e, para além de diminuirmos o desemprego, aumentarmos o emprego de qualidade, o emprego técnico, cientifico, o emprego que gera valor", sustentou.