12 jul, 2016 - 07:08
O norte-americano Citibank vai fechar todas as contas que a Venezuela utiliza para fazer pagamentos internacionais. O anúncio foi feito na noite de segunda-feira pelo Presidente venezuelano, Nicolas Maduro.
Num Conselho de Ministros transmitido na rádio e na televisão, Maduro disse ter recebido a comunicação do Citibank de que, em 30 dias, vai fechar a conta ao Banco Central da Venezuela e ao Banco da Venezuela.
"A isto chama-se bloqueio financeiro", afirmou o Presidente venezuelano.
Na segunda-feira, o Governo da Venezuela ordenou a ocupação da fábrica da Kimberly Clark, dois dias depois de a empresa norte-americana ter anunciado a suspensão "indefinida" das suas operações no país por causa da deterioração das "condições económicas e de negócio".
"Há 48 horas, uma empresa norte-americana chamada Kimberly Clark, sem aviso, violando as leis nacionais, a Constituição, despediu quase mil trabalhadores da sua unidade de produção, fechou a porta e foi-se embora do país", disse Maduro no mesmo Conselho de Ministros, acrescentando que, no entanto, a empresa está agora "em mãos dos trabalhadores, a produzir, a trabalhar".
Para Maduro, "tudo isto" faz parte da "obsessão da nova inquisição ‘obamista’" em relação à Venezuela, numa referência ao Presidente norte-americano, Barack Obama.
"O que é que nós fizemos aos Estados Unidos, para além de defendermos o direito à nossa dignidade?", questionou.
Na semana passada, o Congresso dos EUA aprovou uma extensão por três anos das sanções que aplica a dirigentes venezuelanos desde 2014 por alegadas violações dos direitos humanos e corrupção.
Para Caracas, são sanções "unilaterais, ilegais e que violam o direito internacional".
150 cadáveres marcam dia de grande violência
Domingo foi um dos dias mais violentos de que há registo na capital da Venezuela. A imprensa local dá conta da entrada de 150 cadáveres na morgue de Bello Monte, a maioria dos quais na sequência de ferimentos provocados por arma de fogo.
"Os criminosos já não se intimidam nem respeitam os funcionários encarregados de zelar pela segurança, que agora têm que andar atentos e com cuidado para evitar que sejam eles (os polícias) as vítimas do flagelo do delito. Caracas aparece cada vez mais desolada e sem a notória e idónea presença policial", refere o diário “El Carabobeño”.
Segundo o jornal, o dia de domingo começou com a localização de dois mortos em Hoyo de La Puerta (sul). "Foram encontrados dentro da bagageira de uma viatura, amordaçados e com o rosto coberto de fita-cola", explica o jornal, precisando que mais tarde, pelas 9h00 locais (13h30 em Lisboa) um motociclista foi assassinado por desconhecidos, a quem roubaram dinheiro, pondo-se em fuga.
Segundo a imprensa venezuelana, desde 1 de Julho, outros 160 cadáveres deram entrada na mesma morgue.
Na Venezuela são frequentes as queixas dos cidadãos sobre a falta de segurança, situação que afecta tanto nacionais como estrangeiros, entre eles os portugueses, e que obriga a população a alterar as suas rotinas.
A crise económica no país deu origem a uma crise social, com reflexo no aumento da violência nas ruas.