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Estado da Nação

Três desempregados na mesma casa. Como se sobrevive?

07 jul, 2016 - 09:53 • Cristina Branco

Apenas um salário entra em casa de Maria dos Anjos, mãe de dois filhos adultos e avó de duas netas. O resto são biscates e, enquanto dura, o Rendimento Social de Inserção.

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Para ela, o Estado da Nação, que se debate esta quinta-feira, no Parlamento, é complicado. Maria dos Anjos, 60 anos, empregada de limpeza. Suporta quase sozinha a família, de seis pessoas: dois filhos, uma nora – todos desempregados - e duas netas.

Vale-lhe, conta à Renascença, o emprego que mantém há vários anos numa empresa de limpezas. “É o meu salário e a pequena reforma de invalidez do meu filho mais novo, são 274 euros”. Como consegue suportar todas as despesas da família? “Com esforço e trabalhando muitas horas”, responde Maria dos Anjos. “Há contas que ficam atrasadas, se não consigo pagar este mês pago no mês que vem”.

Outra pequena ajuda é o Rendimento Social de Inserção (RSI) atribuído à nora, ao filho mais velho, de 42 anos, e duas netas, ambas menores.

“Ele está desempregado há oito anos, não tem bom feitio para ter patrão”, conta Maria dos Anjos. Depois de outros oito anos a trabalhar no sector hoteleiro, apenas vai conseguindo trabalho “nos barcos”, os que fazem percursos no Rio Douro entre o Porto e a Régua. “Quando há serviço, ele vai. Quando não há está em casa”.

Outro caso de desemprego na família: a nora. No enquadramento do RSI, está a terminar agora um de trabalho temporário de um ano e aguarda resposta ao pedido do subsídio de desemprego.

“Chamaram-na para umas horas numa escola. Como trabalhou o ano lectivo todo, tem direito ao desemprego”, explica Maria dos Anjos. Será o correspondente a duas horas de trabalho. “Não é muito, mas o pouco que possa vir já é bom”, desabafa.

RSI, subsídio de desemprego, alguns biscates, e sobretudo, o salário desta mãe e avó suportam esta família de seis pessoas, no Porto, realidade que se repete por milhares de famílias em todo o país.

Comentários
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  • tercitas
    17 jun, 2017 coimbra 19:32
    Portugal, pais miseravel de corruptos e criminosos. politcos criminsoos. Empregado publicos que sao o estado, que nao trbalahjm apra o apis so trabalahyma apra eles e auferem salarios muito acima da relaidade provada. Portugal u7m apis de criminosos e vergonhoso, em breve vai apgar por o que faz ao povo.
  • FS
    07 jul, 2016 Porto 16:20
    Sr. "EU"... a noticia diz que a reforma de invalidez é do filho mais novo desta senhora.
  • FS
    07 jul, 2016 Porto 16:20
    Como dizia Cristo: "Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados." Lc 6:37 e "Por que reparas tu o cisco no olho de teu irmão, mas não percebes a viga que está no teu próprio olho? E como podes dizer a teu irmão: Permite-me remover o cisco do teu olho, quando há uma viga no teu? 5Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás ver com clareza para tirar o cisco do olho de teu irmão."Mt 7:3-5 Cada um de nós olhe para os seus próprios erros antes de apontar o dedo. Se não somos capazes de detectar os nossos próprios erros como seremos capazes de ver realmente quais são os erros que os outros cometem? Cada um analise-se a si. É o melhor contributo altruista que pode fazer por si e pelo seu próximo. Aquilo que gostavam que vos fizessem, façam-no aos outros.
  • David
    07 jul, 2016 centrod 15:39
    A terra não produz alimentos para todos até para os desempregados? investiguem isso talvez esteja ai a solução, enquanto insistirmos num sistema que quer capitalizar com tudo vamos estar muito mal, acabar com a fome é facil não há vontade porque a ganancia impera.
  • EU
    07 jul, 2016 AQUI 15:38
    Há muitas "incoerências" nesta "notícia". Então a senhora está reformada de invalidez e anda a trabalhar? Como é possível? Ela faz descontos para a Segurança Social? Quem é essa senhora? O nome dela e de onde é? Era bom que alguém fiscalizasse essa situação... Parece-me que esse caso é mais um de entre muitos casos de atribuição fraudulenta de subsídios. Mudem o título da notícia para: "UMA FAMÍLIA DE SUBSÍDIO-DEPENDENTES!"
  • José
    07 jul, 2016 Braga 15:18
    Estas questões, não são assim tão lineares como parecem ser... Não é em meia dúzias de linhas que se consegue falar sobre estas questões... Os desempregados podem ter as unhas pintadas, pois, num abrir e fechar de olhos, esta gente perde a dignidade e a auto-estima... Se não forem, estas pequenas coisas, para se sentirem valorizados”sentirem-se gente”; em pouco tempo parecem uns farrapos... pois pouco ou nada mais lhes resta... A nora, fui trabalhar um ano inteiro para uma escola, esta não tem culpa de ter um contrato de inserção, que só permite lhe dar no máximo 4h por dia. Esta senhora anda nas limpezas, não tem cunhas para ocupar um bom emprego, mesmo sem estudos como certos senhores da nossa praça...Este tipo de situação requer um debate alargado, pois tem muito que se lhe diga...Quem pensa que esta gente leva uma vida boa, troquem com eles...
  • fr para Ana Abreu
    07 jul, 2016 Portugal 14:59
    E muita razão tem ele. Os patrões portugueses são exploradores, abusadores, humilham, desrespeitam, fazem ataques pessoais passivamente, e desvalorizam o trabalho feito, por isso compreendo o muito bem.
  • Isaura
    07 jul, 2016 Lisboa 13:06
    A Catarina Martins certamente terá uma solução ou a Mortágua, caso contrário o sr Costa deve preocupar-se com a situação em vez da bola e as viagens a Paris bem instalado...
  • Ana Abreu
    07 jul, 2016 Setubal 12:59
    “Ele está desempregado há oito anos, não tem bom feitio para ter patrão”... maravilhoso! Sem comentários!
  • A verdade é esta
    07 jul, 2016 Braga 11:10
    "Três desempregados na mesma casa. Como se sobrevive?". OU, como se vive, com expedientes, neste País !

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