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Tribunal de Braga decide a favor de colégio privado

07 jul, 2016 - 09:43

Decisão vale só para um colégio, mas a associação do sector acredita que outras se seguirão. Em causa está a medida anunciada pelo Ministério da Educação de reduzir em 57% o número de turmas financiadas pelo Estado já no próximo ano lectivo.

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O Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga declarou a suspensão provisória da norma do Ministério da Educação que limitava as matrículas dos alunos à freguesia da escola, na sequência de uma providência cautelar interposta por um estabelecimento com contrato de associação. Assim, os alunos do Colégio de Campos, Vila Nova de Cerveira, vão continuar a frequentar este estabelecimento independentemente do local onde residam.

“Esta decisão aplica-se a um colégio, mas como muitos outros puseram acções, aguardamos em breve mais decisões”, disse à Renascença o director da Associação de Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo (AEEPC), Rodrigo Queirós e Melo.

O responsável fala numa decisão importante também pela sua fundamentação. “É claramente uma decisão que demonstra que a lei em Portugal é uma lei de liberdade e que o tratamento dado às escolas com contrato de associação tem de ser idêntico ao da escola pública. A norma do Ministério é ilegal, na medida em que vem coartar essa liberdade e criar uma desigualdade”.

Perante a argumentação do colégio, de que o Estado “violou as obrigações contratuais assumidas no contrato celebrado que impõe a gratuitidade e a manutenção do financiamento durante todo o período de vigência do contrato”; que o despacho normativo viola de forma clara “os princípios da liberdade de escolha, igualdade e proporcionalidade”; e que “não há prejuízo para o interesse público, pois a alegada redução de encargos com a educação não tem em conta o acréscimo de despesas na rede publica de escolas e, bem assim, na rede de transporte escolar”, o tribunal decidiu decretar a suspensão da norma, pode ler-se num comunicado da AEEPC.

Rodrigo Queirós e Melo considera que a deliberação do Tribunal de Braga dá razão aos argumentos repetidos há vários meses. “Aquilo que está aqui em causa, em primeiro lugar, é uma questão de legalidade e de cumprimento de contratos. Isto vem reforçar a nossa razão”, sustenta.

Em causa está a pretensão do Governo de querer limitar geograficamente as candidaturas dos alunos. Mas "os pais podem estar sossegados, que os tribunais vão lentamente suspender a norma e demonstrar que os colégios têm razão".

“Tal como está previsto na lei para as escolas públicas estatais, os alunos podem escolher a escola que quiserem, podem matricular-se livremente. As questões da residência ou da localização do trabalho dos pais são apenas critérios de desempate, caso haja mais alunos a procurar determinado estabelecimento de ensino do que as vagas nesse estabelecimento de ensino”, explica.

Em 20 providências, apenas uma foi aceite

O Ministério da Educação confirma a decisão judicial, sublinha que encara “todo o processo com normalidade e tranquilidade”, mas faz as contas a seu favor. “Em mais de 20 providências, apenas uma foi decretada provisoriamente, sendo todos os outros pedidos de decretamento provisório recusados”.

A nota enviada lembra que a deliberação só tem impacto para este processo, “referindo-se tão somente à aplicação do despacho normativo de matrículas e não a abertura de ciclos. Na prática, o único efeito para o caso concreto é permitir que alunos já inseridos em turmas nos anos anteriores naquele colégio continuem o seu percurso no respectivo ciclo independente da sua origem geográfica, situação que o Ministério da Educação já por diversas vezes tinha afirmado que garantiria”.

O Governo decidiu que, a partir do próximo ano lectivo, o Ministério da Educação deixa de financiar novas turmas em colégios privados em zonas onde exista escola pública: perdem o financiamento só as turmas em início de ciclo, ou seja, do 5.º, 7.º e 10.º anos escolares.

Em Maio, o Ministério da Educação divulgou a lista de 40 escolas privadas elegíveis para se candidatarem aos contratos de associação. De fora ficam 39 colégios.

A Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) estima que 57% dos colégios com contrato de associação vão encerrar já no próximo ano, levando à transferência de 19 mil alunos para as escolas públicas e ao despedimento de 2.000 pessoas.

Comentários
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  • José Gomes L
    07 jul, 2016 Lisboa 20:39
    Para o eu mesmo: Os colégios privados têm 100 anos, alguns 200, claro que os donos tem um grande património , queria o quê, que fossem xuxalistas a viver do rsi????? Quando cheguei a Portugal em 1968 cada sede de Município tinha um colégio particular (quase todos), onde estavam as escolas publicas??? Responda-me, quanto custa a manutenção e a construção de escola publicas??? Incomparavelmente mais do que para os particulares. Como todos sabemos. Porque as contas para o Estado/contribuinte derrapam sempre para vários (muitos) milhões. E a prova que não uso palas e digo aqui porque evidentemente ninguém se conhece já votei no ps e outras no PSD. E desta vez ia votar no ps, mas o costa não me deixou. E o costa não para de me dar razão. Mas oxalá eu esteja enganado, para bem de todos nós. Não gostaria de ver os portugueses à procura de comida como na Venezuela.
  • Eu mesmo
    07 jul, 2016 Portugal 18:23
    O José Gomes L fala de palas, ma a sua é que não o deixa ver. Veja os donos dos colégios privados...todos com vasto património deve ser porque este não é um negócio lucrativo. Mais apenas 39 num universo de mais de 2000 foram contemplados com cortes de financiamento e mesmo assim o circo que foi montado... Se as verbas e negociatas não fossem tão boas não tinham montado todo este miserável circo. Ninguém mandou fechar escolas privadas ao contrário do que aconteceu no público, apenas "cortaram a mama" a alguns. Não venha dizer que o ensino privado é melhor...As notas são sim inflacionadas. Não há alunos com problemas de aprendizagem nem problemas comportamentais , não há alunos com NEE nos colégios privados. Liberdade escolha, ou segregação?
  • Jorge
    07 jul, 2016 Lisboa 16:46
    Então agora meteram os tribunais ao barulho? Pois se as pessoas soubessem que mundo é aquele fugiam de lá. Em Portugal os tribunais não funcionam, é uma forma aterradora de perder tempo e dinheiro. Depois cada tribunal é uma quinta, onde cada um decide de acordo com o seu estado de alma. Se querem complicar um assunto e nunca mais obter resolução do mesmo, basta tão somente pôr um tribunal a apreciá-lo.
  • Assunção Palma
    07 jul, 2016 Belas 16:35
    Este ministro está a criar um,a geração de BURRICE....Alunos a passarem com 7 negativas? Eu quero ver esses alunos dentro de alguns anos a serem enfermeiros, médicos( com a vida das pessoas nas mãos), quero ver arquitetos, engenheiros, biólogos... quero ver esta geração rasca que vive do facilitismo ter que enfrentar os problemas mundiais, os problemas que a vida traz... eu quero ver esta geração como juízes, advogados e governantes...Que bases tem estes alunos? É isto que os pais querem para os seus filhos? Pois então... não digam que os amam, pq se os amassem preparavam-nos para a vida que cada vez traz mais competitividade. Eu pergunto de Bruxelas sabe deste laxismo. Qualquer dia têm diplomas nas mãos sem terem frequentado aulas. Abram os olhos, é isto que o BE e o PCP quer... com o tempo eles vão moldando a malta... qto mais ignorantes as pessoas forem, mais manipuláveis se tornam. Pais deste país, não têm noção da degradação do ensino desde há algum tempo e qto a mim com a classificação MAU neste governo. Que ministro é este que conduz a juventude à ignorância, à burrice, à falta de cultura? No tempo dele, não era assim de certeza... Por isso mtos pais insistem nas escolas privadas, mas tb pagam para terem lá os filhos, ou pensam que é completamente de graça? Estou a vontade para falar, pois meus filhos já terminaram os estudos. Não olhem ao que aí vem enqto é tempo, deixem-nos chegar aos 20 anos sem saberem nada. Deve ser grande orgulho para pais com filhos assim.
  • Fg
    07 jul, 2016 Braga 16:31
    Atenção..."“Em mais de 20 providências, apenas uma foi decretada provisoriamente, sendo todos os outros pedidos de decretamento provisório recusados”...Em Braga as "coisas" tem outra dinamica...Por outro lado, o Tribunal "declarou a suspensão provisória". Tanto azedume em tantos comentários, e então o Europeu...
  • Mariach
    07 jul, 2016 Porto 16:23
    Os colégios contrato associação nunca deviam acabar
  • Jorge Coelho
    07 jul, 2016 Porto 16:15
    Pelo que aqui li, somente o Sr.André acabou por fazer um comentário correto e razoável, aliás este é já um não assunto. Por mim, e sou das "esquerdalhas" conforme muitos comentadores aqui escrevem. A democracia é o poder de escolher, um projeto, um partido, uma ideologia, uma economia, a sociedade em que vivemos.Mas aqueles que desdenham da esquerda, só olham para o seu próprio umbigo, e TODOS devemos contribuir para esse umbigo. Por favor arranjem um espelho, mirrem-se de alto a baixo e depois opinem, seria um "paraíso" se só existissem opiniões de direita!...
  • india
    07 jul, 2016 fundão 16:13
    acho bem que todos os colégios privados sejam pagos por quem os quer frequentar... nós andamos a pagar tudo e mais alguma coisa ... desde desfalques, elefantes brancos, corruptos, colégios privados etc etc etc. canalizem o dinheiro com que subsidiam os colégios privados para as escolas publicas, para que deixemos de ter "blocos de salas de aulas" provisórios há 30/40 anos, para deixarmos de ter telhados e telheiros com amianto, para começarmos a ter ginasios, cortes de tenis, pistas de atletismo e todas as mordomias que os privados teem e nós pagamos. se temos de pagar, paguemos para a maioria (alunos do publico) e não para as minorias "com manias de grandeza" (alunos do privado). EXEMPLO: se o ensino publico fosse mais valorizado e apoiado enão dava os ERROS ortográficos que dou. bem hajam
  • EU
    07 jul, 2016 Aqui 15:59
    Parece que a esquerda está a ficar com azia. Pelos comentários que aqui aparecem... E depois há aqueles ignorantes que metem tudo no mesmo saco... E então comparam o regime de Salazar com a URRS, a China, o Chile, a Venezuela... O que se esquecem é que na actualidade todos os regimes totalitários existentes são de ESQUERDA! Ou seja a maior vergonha para a humanidade são os regimes comunistas que ainda escravizam tantos milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto ainda há quem acredite no jerónimo e na catarina! É à boa moda portuguesa... "Quanto mais me bates mais gosto de ti" Ah, Ah, Ah....
  • jm
    07 jul, 2016 coimbra 15:50
    Enfim uma trapalhada deste ministro da educação para esquecer...

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