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​Processo dos emails definitivamente encerrado. Director do FBI explica-se ao Congresso

07 jul, 2016 - 00:56 • José Alberto Lemos, em Nova Iorque

Republicanos da Câmara de Representantes chamaram James Comey para dar explicações esta quinta-feira sobre a recomendação feita aos procuradores.

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À hora a que os portugueses festejavam o apuramento da selecção nacional para a final do Euro 2016, Hillary Clinton recebia uma notícia igualmente digna de celebração.

A ministra da Justiça (attorney-general) anunciava o encerramento definitivo do processo judicial por uso de um servidor privado para os emails enquanto desempenhou as funções de secretária de Estado.

Num curto comunicado, a ministra e procuradora-geral anunciou que tinha reunido ao fim da tarde em Washington com o director do FBI e com os procuradores e agentes encarregados do processo e tinha aceitado a sua recomendação unânime para encerrar o caso sem deduzir queixas contra ninguém envolvido na investigação.

Pouco mais de 24 horas após o director do FBI ter feito justamente esta recomendação aos procuradores e ao Departamento de Justiça – e ter mesmo revelado a sua convicção de que nenhum “procurador razoável” levaria o caso para tribunal – Loretta Lynch declarou o fim do processo judicial que tantas dores de cabeça estava a causar a Hillary Clinton e aos democratas em geral.

Como noticiámos, sobre a candidata à Casa Branca pendia a hipótese de uma acusação criminal pelo uso indevido de um servidor privado para troca de emails durante os anos em que foi secretária de Estado (2009-2013).

Caso se concretizasse, tal processo poderia pôr em xeque a corrida à presidência, mas esse fantasma está agora definitivamente enterrado. O que não está enterrado é o efeito político das revelações feitas na terça-feira pelo director do FBI que, ao mesmo tempo que propunha a não dedução de acusação a Hillary, criticava duramente a forma como ela lidou com os emails.

“Extremamente negligente” foi a expressão usada por James Comey, que disse ainda que a ex-secretária de Estado tinha usado esses servidores mesmo quando esteve em territórios hostis aos Estados Unidos e por isso não poderia garantir que governos hostis não tivessem tido acesso a informação confidencial americana. Algo que, se aconteceu, nem sequer teria deixado rasto e portanto não pode ser comprovado.

Comey revelou ainda que, entre os 30 mil emails, havia 110 classificados como confidenciais e, entre estes, oito como “top secret”. O que contraria as declarações de Clinton, que desde o início do processo disse que não tinha trocado emails confidenciais.

As revelações do director do FBI suscitaram alguma perplexidade entre os republicanos que nelas viram a evidência de que Hillary Clinton tinha violado a lei e comprometido a segurança nacional e portanto não compreendiam a recomendação de encerrar o processo.

Por isso, alguns republicanos da Câmara de Representantes chamaram James Comey para dar explicações esta quinta-feira sobre a recomendação feita aos procuradores. Segundo vários juristas, a posição de Comey parece bem fundamentada juridicamente e do ponto de vista político o director do FBI parece insuspeito porque, além de jurista prestigiado e competente, desempenhou funções para as quais foi nomeado pelo presidente George W. Bush.

A campanha de Hillary Clinton, naturalmente, congratulou-se com o fim do processo e acusou os republicanos de querer continuar a brincar à política com um assunto que consideram encerrado.

Mas é óbvio que, a quatro meses das eleições presidenciais, o assunto vai continuar a ser explorado politicamente pelos republicanos porque ele contém todos os ingredientes para causar danos significativos a Hillary Clinton.

A menos que Donald Trump, com a sua habitual incontinência verbal, consiga virar as coisas contra si próprio e acabe a dar trunfos a Clinton. Como fez na quarta à noite, ao comentar o encerramento do caso num comício em Cincinnatti, acusando Hillary de ter “subornado” a ministra da Justiça para arquivar o processo. Uma acusação delicada que ainda dará certamente muito que falar.

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