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Aumentou número de jovens com comportamentos anti-sociais

30 jun, 2016 - 00:30 • Filomena Barros

Os dados são do Relatório de Avaliação da Actividade das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens.

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Mais de 73 mil crianças e jovens em risco foram acompanhados em 2015. De acordo com o relatório, divulgado pelo Ministério da Segurança Social, sobre o trabalho das comissões de protecção em todo o país, há um aumento de casos de jovens com comportamentos anti-sociais.

São comportamentos ligados a indisciplina, mas também situações de bullying, consumo de estupefacientes e consumo de bebidas alcoólicas aumentarem. Correspondem a 14,5% dos casos, 5.643 novas situações em 2015.

Esta é uma das causas de sinalização de crianças e jovens em risco. Em primeiro lugar, as situações que comprometem o bem-estar, como a violência doméstica (mais de 12 mil novas situações); depois a negligência. Neste caso há uma diminuição dos casos de falta de supervisão e acompanhamento familiar a nível da educação e saúde, por exemplo. O direito à educação é a terceira causa de intervenção das comissões (mais de 6 mil novos casos no ano passado relacionados com absentismo, abandono ou insucesso escolar). Há ainda as situações relacionadas com maus-tratos físicos em contexto de violência doméstica ou ofensa física, maus-tratos psicológicos, abuso sexual ou criança abandonada ou entregue a si própria. Ao todo são mais de duas mil novas situações.

Em termos globais, as comissões acompanharam 73.355 processos de crianças e jovens em risco, o que representa mais 336 do que em 2014 (cerca de 28.900 novos processos).

Cerca de 34 mil transitaram de anos anteriores, 8.328 reaberturas, que se explica, por exemplo, pela falta de recursos humanos que dificulta o acompanhamento das famílias. Foram identificadas 855 crianças em situação de incapacidade ou deficiência.

Lisboa, Porto e Setúbal são as áreas que concentram maior parte dos processos. Foram aplicadas mais de 36 mil medidas de promoção e protecção que envolvem sobretudo jovens rapazes.

Acolhimento de crianças e jovens

Há cada vez mais jovens acolhidos por problemas de comportamento. Os dados oficiais indicam que 48% dos mais 11 mil casos de 2015 dizem respeito a esta problemática.

O Governo admite que representa um desafio e anuncia que vai rever o regime de funcionamento das casas de acolhimento.

O relatório CASA, que diz respeito às crianças e jovens acolhidos ou seja, afastados das famílias e colocados em instituições, identifica o constante aumento do número de adolescentes nos últimos anos, o que revela a necessidade de uma intervenção mais diferenciada.

Em 2015, a maior percentagem em situação de acolhimento - 55,6%, ou seja, 4.830 casos, corresponde a jovens com idades entre 12 e 17 anos.

13% têm entre 18 e 20 anos e há uma diminuição dos casos nos escalões etários mais baixos.

Ao todo foram acolhidas 11.212 crianças e jovens, entre os que entraram e os que saíram, 8.600 ficaram acolhidos no ano passado, e destes, mais de 6.300 estavam já acolhidos em anos anteriores. Quanto maior a idade mais anos ficam institucionalizados, durante 6 ou mais anos.

O projecto de vida autónoma deve ser aplicado aos 15 anos de idade, mas isso dificilmente é possível e os jovens acabam por ficar a viver em instituições até aos 19, 20 ou 21 anos.

O relatório indica, por outro lado, que aumentam os casos relacionados com uma problemática: 3.258 crianças e jovens foram institucionalizados devido a problemas de comportamento e sobretudo entre as idades dos 15 aos 17 anos.

83% dos jovens ficam em instituições no mesmo distrito de residência. Para os outros, a resposta encontrada fica mais longe, o que dificulta os laços familiares.

O sistema de acolhimento integra os lares da segurança social no continente e ilhas, a Casa Pia de Lisboa e na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Medidas anunciadas pelo Governo

O Governo vai reforçar o número de técnicos das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens em Risco já a partir de Julho e vai rever o regime de funcionamento das casas de acolhimento tendo em conta que há cada vez mais jovens institucionalizados devido a comportamento.

Há uma nova realidade: mais jovens do que crianças e mais problemáticos e complexos.

Nos casos acompanhados pelas comissões de protecção de menores e nas situações de acolhimento, ou seja, quando a criança ou jovem é retirado da família e colocado numa instituição.

A secretária de Estado da Inclusão para as pessoas com deficiência, Ana Sofia Antunes, que apresentou os dados oficiais que reflectem o aumento de 38% de sinalizações de casos de comportamento anti-social, deficiência ou incapacidade, consumo de droga ou álcool, identifica uma necessidade: trabalhar com as instituições para acompanharem este público específico.

A secretária de Estado revelou que, ao longo deste ano, vai proceder-se à revisão do regime de funcionamento das casas de acolhimento. Implica, por exemplo, alterar instalações, dar formação ao pessoal técnico e articular com a área da saúde e, em particular, da saúde mental, porque se trata de crianças e jovens com percursos difíceis.

A segurança social defende uma intervenção articulada também com a área da educação, para combater o insucesso escolar destes jovens.

Fonte oficial admite que está a ser difícil receber jovens para acolhimento, nos 6 lares especializados.

Por outro lado, foi anunciado o reforço de meios humanos nas comissões de protecção de menores: mais 80 técnicos, que vão ser distribuídos por 43 comissões de 36 municípios. O Governo vai também rever as verbas atribuídas a algumas comissões, sobretudo as que têm mais processos e para mais tarde foi anunciada a intenção de contratar e formar técnicos de mediação familiar.

Comentários
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  • Portugues
    01 jul, 2016 Porto 00:40
    O Governo vai reforçar o número de técnicos das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens em Risco Por favor andam a gozar com o zé Então e os pais, professores e outros que são vitimas desses atrofiados. O que faz o governo.
  • Portugues
    01 jul, 2016 Porto 00:37
    AC Leia bem o artigo e veja do que fala. O artigo não fala de imigrantes, mas sim da juventude atual arrogante. Leia com olhos de ver. Medidas sim, se continuarem com o menino não pode levar tau tau, pois é crime. Depois não se queixem. Sempre quero ver depois certos defensores da juventude arrogante, como já se tem visto, a virarem-se contra pais, professores, etc. Não metam travões.
  • Francisco Melo
    30 jun, 2016 Carcavelos 13:33
    É a cultura da morte promovida pelo Estado e sociedade a causa e não as explicações nada a ver. A causa primeira: O pecado que afasta o homem de DEUS. E como os fins não justificam meios, o problema permanecerá e crescerá. Só JESUS CRISTO pode salvar. Eis o pecado deste mundo, ter ignorado este facto.
  • Zé Brasileiro
    30 jun, 2016 Braga 09:54
    A GRANDE VERDADE é que no tempo do Sr. Dr. António Oliveira Salazar não havia comportamentos anti sociais . Toda a gente trabalhava . Melhor ou pior toda a gente tinha a sua casa . Todos procuravam levar a vida de forma honrada . Na política não havia roubalheira .
  • Portugues
    30 jun, 2016 Porto 08:47
    PAU. MUITO PAU EM CIMA DELES. SÓ LA VÃO POR "MEDO". SENÃO TRANSFORMAMOS ISTO NUM BRASIL.
  • AC
    30 jun, 2016 Lx 08:20
    medidas? comecem por não deixar entrar todos os emigrantes; mais vigilância e controlos do SEF sobre os ilegais. Qualquer crime por mais pequeno que seja cometido por um ilegal rua e devolvido imediatamente ao seu país . Juízes tomarem medidas mais duras e penas dissuasoras
  • Portugues
    30 jun, 2016 Porto 01:10
    Ora bem. Quando um jovem de maior de idade tem comportamentos anti sociais, é bom relembrar que a própria sociedade tem a sua quota parte de culpa. Senão vejamos. O menino leva uma bofetada, ai Jesus, é o cabo dos trabalhos, a dita sociedade, condena veemente o ato. Entretanto o menino agride uma professora, é anti social, etc, etc. Pois é não estará a sociedade a ter culpa no cartório. Noutros tempos, o menino na escola levava com uma régua na mãos, e ai dele que se fosse queixar aos pais, ainda levava mais. Atualmente são HOMENS. Agora se o menino leva uma bofetada, porque a dita sociedade diz que é crime, ora estão os familiares do dito cujo a caírem em cima deste e daquele. Porquê. Tirem as conclusões e não digam depois que a culpa é dos pais. Pensem bem. Os pais levantam uma mão a um filho, é crime, existem casos que por causa dessas atitudes modernas, muitos ainda se viram contra os pais, porquê, culpa dos pais, claro que não, culpa da dita sociedade que diz que se menino levar uma bofetada é crime. Afinal que pessoas esta sociedade atual está a criar. Seres sem responsabilidade, que se acham importantes, arrogantes, etc, etc. Bravo, parabéns à dita sociedade MODERNA. Continuem e depois daqui por uns bons anos vão ver e note-se que já tem havido muitos casos de que o feitiço se tem virado contra o feiticeiro. Que não se tomem medidas severas para ensinar esses arrogantes a saberem conhecer a humildade, o respeito pelos outros, depois vão ver. Esta é a minha opinião.

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