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Pedro Mexia: “As redes sociais são uma perda de tempo”

30 jun, 2016 - 06:15

O conhecido cronista e conselheiro do Presidente já teve conta no Facebook, mas desistiu. Garante que não tem “uma visão maléfica das redes sociais”, mas há uma dimensão de indignação permanente que o aborrece.

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O Dia Mundial das Redes Sociais celebra-se esta quinta-feira. Facebook, Twitter, Instagram ou Linkedin estão na moda, mas há quem ainda não tenha aderido. Pedro Mexia, actual conselheiro do Presidente da República e conhecido cronista, faz parte desse grupo. A Renascença tentou perceber os motivos desta forma de vida.

Numa altura em que a maior parte das pessoas aderiu às redes sociais, optou por não fazê-lo. Qual o motivo?

São uma perda de tempo. Não há nada que me interesse nas redes sociais. Eu consigo encontrar noutras plataformas aquilo que existe nas redes sociais. Não tenho nenhuma posição de princípio contra as redes sociais é mesmo uma questão pessoal.

E não pensa aderir futuramente?

Eu já tive uma conta do Facebook para ver como era, mas há uma dimensão de indignação permanente que me aborrece e daí ter desistido.

Indigna-se com as pessoas que gratuitamente utilizam as redes sociais para criticar e ofender?

Não me indigna nada. Eu só costumo indignar-me uma vez por ano [risos]. Acho que há outras maneiras interessantes de ocupar o tempo. Passar a vida nas redes sociais não é nada que me cative.

Há outros cronistas que utilizam as redes sociais para divulgar o seu trabalho. Nunca pensou em utilizar as redes sociais para comunicar com os seus seguidores?

O email é a ponte que eu tenho para contactar com as pessoas que seguem o meu trabalho. Toda a gente tem acesso a ele porque é divulgado junto dos artigos que escrevo. Tenho sempre “feedback” das pessoas, pelo que não me considero incontactável ou enclausurado.

Essa ideia de quem não está nas redes sociais, não tem existência civil, não faz sentido nenhum. Gosto de ter “feedback” dos artigos que escrevo e acabo por tê-lo. Deste modo, não sinto falta de utilizar as redes sociais para esse fim.

Do seu ponto de vista, o que é que as pessoas vêem de interessante nas redes sociais?

Todas as formas de sociabilidade são interessantes e potencialmente populares. Esta é apenas tecnológica. Não vejo qualquer problema em as pessoas aderirem às redes sociais. Quem está ligado ao computador durante um dia inteiro, é natural que as redes sociais sejam um elo de ligação com amigos e conhecidos.

Acredita que as redes sociais estão a substituir os momentos de convívio pessoal?

Sim, talvez. O contacto pessoal sim, porque por definição não se está em contacto pessoal através de um computador. Mas por outro lado, também há pessoas que já não se viam ou falavam há muito tempo ou tinham perdido o contacto por estarem em países diferentes e, com estas ferramentas, é possível o reencontro destas pessoas.

Eu não tenho uma visão maléfica das redes sociais, o meu ponto de vista é meramente por desinteresse pessoal. Não há nada que as redes sociais me ofereçam de interessante que eu não encontre de outra maneira. O impulso que leva as pessoas a aderirem às redes sociais é positivo e normal, que é o do contacto, da curiosidade e da sociabilidade.

As figuras públicas, como os políticos, ganham alguma coisa em comunicar através das redes sociais?

Isso depende do perfil de cada figura pública. Há pessoas que são muito sociáveis e comunicativas, há outras mais distantes. E neste sentido deve partir de cada um decidir isso, consoante o que se sente mais à vontade. Isto no caso dos políticos, parece-me bastante normal, porque permite um contacto com o eleitorado maior. Apesar de trazer algo menos positivo, que são os comentários e os contactos desagradáveis, mas quem está nesse mundo já está habituado e faz parte. Não vejo que haja uma obrigação em estar inserido numa rede social só porque se está no meio público. As pessoas fazem porque se adequa aos seus interesses e à sua personalidade.

Ao contrário do antigo Presidente Cavaco Silva, Marcelo Rebelo de Sousa não está nas redes sociais. Enquanto conselheiro, como explica a ausência do actual chefe de Estado nas redes sociais?

Penso que não há nenhuma razão deliberada para que isso aconteça, eu diria que não há, de forma alguma, um défice de comunicação do Presidente para com o país. A ausência das redes sociais não está a condicionar ou a causar um silêncio ensurdecedor por parte de Marcelo Rebelo de Sousa.

As redes sociais são uma forma mais pessoal e familiar de chegar aos portugueses, do que através de comunicados?

Não. Acho que isso possa ser verdade para outras pessoas, mas para o Presidente não, pelo contrário.

Comentários
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  • Nuno
    30 jun, 2016 Setubal 22:23
    Nos dias que correm tenho alguma dificuldade em encontrar a parte social nestas redes. O Facebook já o foi quando nasceu, mas hoje é 10% social, 40% maquina de marketing e 50% montra de vaidades. Nos 10% coloco alguns grupos fechados que são os únicos onde se socializa, tudo o resto é lixo. A prova disto é o movimento que se assiste numa grande parte dos mais jovens que está a deixar estas plataformas "sociais" e começa a usar plataformas com grupos fechados como whatsapp ou snapchat.
  • rosinda
    30 jun, 2016 palmela 21:18
    mesmo com seguranças marcelo pode sempre marcar a diferença ! Quando for visitar escolas peça as crianças para se manterem afastadas das redes sociais.
  • rosinda
    30 jun, 2016 palmela 21:11
    as redes sociais fazem falta so em alguns casos! marcelo rebelo de sousa nao precisa de redes sociais tambem nao precisou de cartazes durante a campanha eleitoral o caminho foi feito antes!O que marcaria a diferença entre os dois presidentes era marcelo nao precisar de seguranças.
  • André
    30 jun, 2016 Lisboa 15:33
    Na minha opinião, está certíssimo. Mas cada um é livre de fazer o que quiser e eu por mim também não sou de tirar fotos e postar coisas. Seria um sacríficio desnecessário para a minha vida, até porque eu nem uso máquina fotográfica, não tenho tablet nenhum nem smartphone. O meu telemóvel é idêntico ao que tive em 2003, só serve para fazer e receber chamadas e serviços de sms, muito básicos, nem máquina fotográfica tem. E tenho muito orgulho de não ser nenhuma maria-vai-com-as-outras e de ter a minha vida retratada numa rede social. Há coisas mais interessantes para se fazer na Internet, como ir ao google e pesquisar artigos, ir à wikipedia, ir visitar museus online, ler jornais online. Ah, mas as notícias também estão no tweeter ou no facebook, não é? Opá, eu posso perfeitamente visitar sites de jornais online e metê-los no meu favorito, basta-me saber funcionar com o Office do computador. Porque carga de água tenho de ter conta em rede social e comentar as notícias no facebook e nas redes sociais. Uma pessoa que preza a sua liberdade individual e autêntica, tem todo o mérito de não depender de redes sociais para nada. Tenho e-mail para comunicar, telemovel, mas também no meu emprego tenho uma extensão telefónica e email do trabalho, não tenho de andar a bater com os cornos em redes sociais. Tenho 31 anos e muito orgulho de ser completamente livre dessas dependências sociais. O meu único vício é receber o meu ordenado todos os meses, nada mais!
  • Morte
    30 jun, 2016 Boamorte 11:34
    Nem mais, concordo plenamente com Pedro Mexia.
  • Orapois!
    30 jun, 2016 dequalquerlado 10:52
    É a opinião dele. Mas não vejo o que tem de interessante a sua opinião.? Se há criticas e indignação, também há muitas injustiças e muita falta de respeito, e a indignação é um direito, como não se pode elogiar coisas quando não estão bem, isto seria ser conivente com aquilo que é mau, quanto a coisas boas, neste país infelizmente começa-se a perder a vontade de se falar em coisas boas porque as más têm vindo sempre ao de cima, corrupção, miséria, assassinos que matam por tudo e por nada, mães que matam os filhos..... Políticos que não cativam ninguém....De resto é o futebol que vai entretendo alguns. Quanto a humor, acho que já se fez melhor, mas muita gente anda a perder a vontade de rir.. Ou então vivíamos todos num mundo cor de rosa. Ou ainda, este é daqueles que vê tudo bom e tudo bonito, não se indigna com nada... No meu face book vejo mais é imagens de cães e gatos, ou então em algumas ocasiões é como um frigorifico abre-se a porta e não se vê nada dentro.....
  • Borg
    30 jun, 2016 Cascais 10:50
    São uma perda de tempo para quem é comentador na televisão. Mas quem não tem acesso a esses meios privilegiados, como a maioria dos Portugueses, não é bem assim!!! É das poucas maneiras simples e rápidas de ser-mos ouvidos, nem que mais não seja, só para desabafar-mos as nossas emoções e as frustrações que os políticos nos fazem passar!!! Disse...
  • Manuel Guedes
    30 jun, 2016 Porto 10:39
    Concordo a 100% conseguiram banalizar esta forma de comunicar ,mas isso é que os 'criadores' das R.S .gostam (€€€)
  • Moi Memes
    30 jun, 2016 Ichi 10:03
    Adorei. Levou um like e partilhei.
  • Kurika
    30 jun, 2016 Braga 09:54
    Finalmente alguém sensato e inteligente ! Os pais e mães de hoje, que passam horas e horas nas redes sociais, ainda não sentiram o quanto lhes vai custar alimentar seus filhos, mais tarde, quando estes ao invés de estudarem e se prepararem para o trabalho gastaram as suas vidas em ócios e "amizades" voláteis. Prepara-se um gigantesco BigBrother mundial e parece que as pessoas ainda não se deram conta disto. O futuro está logo ali, à espreita dos incautos e despreocupados.

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