29 jun, 2016 - 15:29 • Liliana Carona
São mais de 50, mas já chegaram a ser quase uma centena. Na pacata vila de Nelas, no distrito de Viseu, há uma enorme colónia de incansáveis periquitos “mineiros” que passam o dia a construir túneis numa parede de granito.
Todos os dias quando acorda, Manuel Ferreira dá os primeiros passos em direcção à gaiola gigante que tem no jardim de sua casa.
Com assobios e palavras, este delegado comercial de 65 anos tem a certeza que os periquitos o compreendem ou não fosse este o seu maior vício.
“É um passatempo, não fumo, não bebo, sei que todos os meses tenho que comprar um saco de 15 quilos de ração, mas fascinam-me os olhos deles, parece que nos estão a filmar, é uma atracção, fico satisfeito, realizado”. É assim que descreve a enorme paixão por estes pássaros.
A colecção de periquitos, que já chegou perto dos 100, teve início há mais de duas décadas. “Começou por ser uma brincadeira. A minha cunhada deu-me um casal, mas de repente isto começou a crescer com uma força terrível e aproveitei este morro para fazer a gaiola”, recorda.
O que Manuel não esperava era que o morro de granito de sua casa se tornasse o habitat perfeito para os periquitos "mineiros”.
“Para meu espanto começaram a fazer esta maravilha, uma obra de arte feita com os bicos deles. Fazem grutas profundas, por isso é que digo que são mineiros, eu já tentei fazer ali o que eles fazem com um cinzel, mas não consegui”, garante o coleccionador.
E quando é preciso silêncio nas grutas, Manuel Ferreira também sabe impor respeito aos seus “periquitos mineiros”. Basta um assobio e o grupo de trabalhadores da mina fica em silêncio, até algum corajoso chilrear.