29 jun, 2016 - 07:43
O pânico invadiu o aeroporto internacional de Istambul, na Turquia, na terça-feira à noite. Testemunhas ouvidas por vários órgãos de comunicação social falam em carnificina, tiros, gritos e explosões. De acordo com o balanço divulgado na quarta-feira de manhã, há registo de 41 mortos e 239 feridos.
Três terroristas abriram fogo com metralhadoras na zona de partidas do aeroporto de Istambul e fizeram-se depois explodir. Os Estados Unidos e as autoridades turcas consideram que o atentado terá sido levado a cabo pelo autoproclamado Estado Islâmico.
“Era uma massa de gente a gritar. Alguns caíam sobre outros e um pobre homem em cadeira de rodas foi deixado à sua sorte. Uns corriam para um lado, outros para outro, mas ninguém sabia bem para onde ir”, descreve à CNN Laurence Cameron, um viajante, segundo o qual “o ataque ocorreu junto ao local onde se apanha o táxi”.
Sue Savage também estava no aeroporto. Ia ver uma amiga quando, de repente, começou a ouvir tiros. Abrigou-se na casa-de-banho dos homens e, passada meia hora, voltou a ouvir tiros, uma segunda explosão e muitos gritos.
Paul Roos, um sul-africano de 77 anos, viu o que Sue Savage só ouvia. Quando chegou à zona de partidas acompanhado pela mulher, deparou-se com um homem vestido todo de negro e sem qualquer máscara a disparar contra toda a gente que lhe aparecesse à frente.
“Encontrava-me a 50 metros dele”, descreve à Al Jazeera. Escondeu-se atrás de um balcão com a mulher, espreitou e viu um dos terroristas a avançar na sua direcção. “Carregava uma arma dentro do casaco e olhou em redor ansioso, para verificar se alguém o poderia deter. Desceu então as escadas rolantes. Ouvimos mais uns tiros e outra explosão. Depois acabou."
Quando foi possível sair dos abrigos, o cenário mostrava “muito sangue no chão e muitos vidros”, contou Sue Savage.
Muita gente, efeito aumentado
Filipe Pathé Duarte, porta-voz do Observatório de Segurança e Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), sublinha à Renascença que os locais muito frequentados continuam a ser um alvo privilegiado de terroristas.
“Por um lado, dificulta a monitorização e acompanhamento de todos os indivíduos que possam vir a representar uma ameaça e, por outro, tendo em conta a quantidade de pessoas que passa por essa plataforma, causa uma disrupção social e, fruto disso, um aumento massivo dos reais efeitos desse atentado”, afirma.
A autoria do atentado ainda não foi reivindicada. “O ‘modus operandi’ tem sido semelhante, no caso específico da Turquia, quer de movimentos associados ou próximos do PKK quer de organizações próximas ao ISIS [Estado Islâmico ]", refere o especialista.
Entre as vítimas estão cidadãos de várias nacionalidades. Segundo a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, não foram identificados portugueses entre as vítimas.
Em Portugal, o Presidente da República condenou, esta quarta-feira, o atentado. Marcelo Rebelo de Sousa considera o ataque "mais uma inaceitável demonstração da barbárie dos que recusam a paz".