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​Governo. Não faltam médicos em Portugal, falta organização do trabalho

27 jun, 2016 - 13:29

Ministro da Saúde reafirma que os hospitaisnão podem continuar a gastar centenas de milhões de euros com recurso a actividades no exterior e avisa que o próximo Orçamento do Estado "será muito exigente, porque terá um grande corte naquilo que são as prestações privadas ou adquiridas fora dos hospitais públicos".

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O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse esta segunda-feira que o problema em Portugal não é a falta de médicos, mas sim a organização do trabalho médico, e anunciou um novo instrumento legislativo para regular a mobilidade dos profissionais.

"Existem algumas especialidades carenciadas, mas o que faz falta ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), é, sobretudo, organização, gestão e partilha de recursos, em que os hospitais que têm maior capacidade em determinadas áreas ajudam aqueles que têm menores capacidades e evitam aquilo que tem sido a linha de tendência dos últimos anos: uma espécie de resignação interna", disse o governante.

Adalberto Fernandes, que falava no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), numa cerimónia de assinatura de 15 protocolos de cooperação entre aquela instituição e entidades hospitalares da região Centro, do Algarve e da Região Autónoma da Madeira, disse que este é o caminho para um "SNS forte".

"Neste tempo de incerteza, esta cerimónia revela bem a ideia que o Governo tem para o SNS: uma ideia de união e não de divisão, de integração e de internalização", sublinhou o ministro, referindo que um "SNS forte é aquele que coopera entre si, onde as paredes se deitam abaixo e não existem hospitais melhores ou piores do que outros, existem apenas hospitais e realidades diferentes".

Salientando que Coimbra "faz bem à saúde e muito bem pela saúde", o governante disse que a assinatura dos protocolos entre o CHUC e outras instituições hospitalares é o "exemplo de que é possível uma entreajuda, compensando e respeitando o trabalho das pessoas".

"Leva-nos a acreditar que daqui por um ou dois anos teremos seguramente um SNS diferente, rejuvenescido, revigorado, mais forte e mais capaz de ser apreciado pelos cidadãos como o melhor serviço público que existe no país".

Repetindo uma ideia já revelada, Adalberto Campos Fernandes disse que os hospitais portugueses não podem continuar a gastar centenas de milhões de euros com recurso a actividades no exterior e que o próximo Orçamento do Estado "será muito exigente, porque terá um grande corte naquilo que são as prestações privadas ou adquiridas fora dos hospitais públicos".

O titular da pasta da Saúde anunciou ainda a implementação do registo de saúde electrónico para evitar a repetição e redundância de exames, que, "por falta de diálogo", custa muito dinheiro ao país, além de uma maior optimização e rentabilidade dos equipamentos públicos.

Segundo Adalberto Campos Fernandes, o caminho encetado pela tutela pretende recentrar o SNS sobre "si próprio, não contra ninguém, para dar mais força, mais motivação e mais energia àqueles que trabalham dentro do SNS".

Na sua visita a Coimbra, o ministro da Saúde visita ainda o Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde, na Universidade de Coimbra, o Instituto Pedro Nunes e o Instituto Português de Oncologia (IPO).

Comentários
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  • bobo
    27 jun, 2016 lisboa e outra 14:19
    Deixem-me aplaudir!
  • Ze Lagoia
    27 jun, 2016 Portalegre 14:18
    Há dinheiro para tudo menos para a saúde. Cada um que se cuide. O SNS tem sido o sector mais abandonado. Cada governo que sucede a outro abre mais uma cova. Creio que efectivamente haverá médicos suficientes, o pior é que não são pagos como deviam e depois admiram-se de os concursos ficarem desertos. Quando se lembrarem que os médicos sáo mais importantes para o país e para as pessoas do que os deputados na Assembleia da República, então estamos no caminho certo.
  • José
    27 jun, 2016 lx 14:18
    Srº Ministro da Saude e ex Presidente do Hospital de Santa Maria, vindo de si essa afirmação .... então comece por organizar o HSM que supostamente tão bem conhece. A podridão é tanta ....
  • Fernando Cerqueira
    27 jun, 2016 Ponte de Lima 14:12
    O que fazia este individuo antes de ser ministro? Não era médico? Não comia como os outros? Não fazia parte do sistema? Senão era, tudo bem. Se era e mais um cobarde que chegou o ministro. Com estes só á bofetada

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