24 jun, 2016 - 13:16 • Dina Soares
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A decisão britânica de sair da União Europeia abriu um precedente que os partidos mais eurocépticos da Europa não pretendem deixar escapar. Em pelo menos quatro Estados-membros, os defensores da saída não perderam tempo a reclamar para os seus países o direito de consultar a população, à semelhança do que fizeram os britânicos.
Marine Le Pen não perdeu tempo. A líder da extrema-direita francesa já pediu a realização de um referendo em França. "A vitória da liberdade! Como eu pedi há anos, deve-se fazer o mesmo referendo em França e nos países da UE", escreveu a presidente da Frente Nacional no Twitter.
Militante anti-imigração e anti-União Europeia, Marine Le Pen quer aproveitar o resultado britânico para atrair mais franceses para a sua causa, que, segundo as sondagens mais recentes, mobiliza já 41% dos franceses.
Na Holanda, Geert Wilders, líder do Partido para a Liberdade, populista, anti-imigração e islamofóbico, deixou a sua posição muito clara logo de madrugada. Num comunicado citado pela agência Reuters, Wilders prometeu um referendo na Holanda caso seja eleito em Março – e as sondagens dão-lhe a vitória. Se não for eleito, promete usar a sua força no parlamento para forçar a consulta.
Os argumentos são os mesmos que deram a vitória ao Brexit: "Queremos estar ao comando do nosso próprio país, do nosso próprio dinheiro, das nossas próprias fronteiras e das nossas próprias políticas de imigração.”
Na Itália, o processo pode vir a desenrolar-se por fases. Beppe Grillo, o líder do partido anti-sistema Movimento 5 Estrelas, actualmente o segundo partido italiano, já tinha anunciado que vai exigir um referendo à permanência do país no euro.
Os resultados britânicos podem, agora, precipitar a defesa de uma consulta à própria permanência na União. Uma posição em que o 5 Estrelas é acompanhado pela Liga Norte, o partido da direita, actualmente na oposição.
Matteo Salvini, líder da Liga Norte, já veio dizer que os britânicos abriram a porta às aspirações italianas e que vão lutar no Parlamento pelo direito a referendar tratados internacionais, actualmente proibido pela Constituição. Numa sondagem recente, os italianos mostraram que gostariam de ser ouvidos sobre esta matéria e quase metade confessaram mesmo que, se alguém lhes pedisse opinião, diriam que o melhor seria sair.
Os suecos, que até estavam maioritariamente satisfeitos com a sua presença na União Europeia, já tinham avisado que, caso o Reino Unido saísse, podiam rever a sua posição. Uma sondagem feita em Abril indicava que 36% seguiriam os britânicos em caso de Brexit contra os 32% que preferiam ficar na União.
A explicação reside no facto de o Reino Unido ser um importante aliado da Suécia dentro da União, nomeadamente por serem duas economias fortes que estão fora do euro. A saída de um deixa o outro a pensar. Há ainda a Dinamarca, onde o Partido Popular tem defendido renegociações com a União Europeia e já saudou a decisão "corajosa" dos britânicos. Mas acrescenta, cautelosamente: “Todos devem manter a cabeça no lugar.”