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Alzheimer: Portugueses desbloqueiam “carimbo de qualidade” no cérebro

23 jun, 2016 - 20:03

A Universidade de Coimbra anunciou que um estudo inédito liderado pelo português Rodrigo Cunha descobriu como eliminar os primeiros sintomas da doença de Alzheimer.

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Há uma estrutura do cérebro responsável pela gestão de informação. É o hipocampo e tria o que é útil e o que é inútil. Na doença de Alzheimer são os receptores cerebrais que ali se encontram que são afectados e sobre os quais uma investigação que envolve a Universidade de Coimbra está a actuar. A solução é administrar um “vírus” que trave o funcionamento excessivo do receptor e elimine os sintomas da doença.

Para já, a investigação está a ser feita em animais. Rodrigo Cunha, investigador da Universidade de Coimbra e coordenador do estudo, que envolve 15 investigadores portugueses e franceses, garante que está pronta para avançar para os testes em humanos, se houver financiamento.

A descoberta, já publicada na revista científica "Nature Communications", foi possível porque, pela primeira vez, os cientistas focaram o estudo na causa dos primeiros sintomas da doença (perturbações na memória) – modificações da plasticidade das sinapses no hipocampo.

Das dezenas de milhões de sinais recebidos pelo ser humano, o hipocampo tem de seleccionar a informação relevante e validá-la, atribuindo-lhe uma espécie de “carimbo de qualidade”. Quando ocorrem falhas, este gestor assume que toda a informação é irrelevante.

Rodrigo Cunha, membro do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) e da Faculdade de Medicina de Coimbra (FMUC), explica à Renascença que “quando o receptor A2A tem um funcionamento excessivo o hipocampo é incapaz de separar a informação relevante da não relevante”.

Identificada a falha no centro de gestão de informação, os investigadores produziram e administraram no ratinho um “vírus”, conseguindo eliminar os sintomas da doença. "Quando o receptor A2A tem um funcionamento excessivo, o hipocampo é incapaz de separar a informação relevante da não relevante, mas bloqueando este processo tudo volta à normalidade", explica o coordenador do estudo.

O coordenador do estudo considera que os resultados da investigação revelam “um avanço extraordinário para o desenvolvimento das estratégias de combate à doença de Alzheimer”.

Rodrigo Cunha diz que "existem dados suficientes para avançar para os testes em humanos". "No entanto, os fundos necessários são muito elevados e ainda não existe financiamento”, acrescenta.

Comentários
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  • Serafim Guimarães
    27 jun, 2016 Porto 11:45
    O Rodrigo sempre produziu trabalho com bom nível científico. Não me espanta que possa ter encontrado uma via que venha a terminar num êxito! Quem porfia, sempre alcança. Sendo muito cedo para festejos é sempre momento para um abraço.
  • Fatima Cerqueira
    25 jun, 2016 Barcarena/Oeiras 11:29
    Muitos e gratos parabens.OXALÁ näo desvaneçam e alcancem tais êxitos em nome da humanidade sofredora. Obrigada e muita muita força e persistência. Os meus maiores respeitos F.Cerqueira
  • Judite Gonçalves
    24 jun, 2016 Barreiro 09:11
    Esperança renovada, para o tratamento desta doença tão assustadora e demolidora. Vá lá, gente do papel, gente que pode finaciem lá esta grande e importante investigação.
  • Jose Alves
    23 jun, 2016 Amarante 23:03
    Parabens ao grupo chefiado por Rui Cunha no avanço neuro cientifico na terrivel doença de alzaimer.
  • rui
    23 jun, 2016 viseu 22:04
    Parabens por esse grande avanço, voces sim, são o orogulho de portugal e não 11 jogadores a correr atrás de um abola
  • Pedro
    23 jun, 2016 Lisboa 21:59
    Parabéns. Espero que consigam avançar!
  • João Telles
    23 jun, 2016 Philadelphia 21:01
    Parece fantástico, mas o que resolve? 0, bola, nickles. Voltem para a proteina blokeadora da APP e deixem-se do desenrasca
  • domingos pereira
    23 jun, 2016 barcelos 20:36
    acho que quando um cientista trabalha para descobrir curas para o mal dos seres, em grupo, por uma causa que é seres humanos, as entidades governamentais deviam apoiar estes projetos, para bem da saúde publica, e que somos nos todos, quer estejamos já afetados por esta doença, ou não, mas todos é que sustentamos o sistema de saúde, os nossos políticos tanto os que estão no governo, como na oposição deviam pensar nestes assuntos.

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