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​“Estes alunos autistas não fazem progressão” e podiam continuar no 9.º ano, diz directora de escola de Braga

07 jun, 2016 - 16:43 • Pedro Mesquita

Escola secundária, alvo de requalificação orçada em 17,2 milhões de euros, recusa seis alunos por falta de condições. Directora de agrupamento diz que os alunos até podiam ficar retidos no 9.º ano. Governo garante resolução do problema até início do próximo ano lectivo.

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A directora do agrupamento de escolas que inclui a secundária Carlos Amarante, em Braga, que recusou seis alunos autistas por falta de condições, defende que os estudantes em causa até poderiam ficar retidos no 9.º ano de escolaridade. “Esses alunos não fazem progressão”, afirma à Renascença.

O agrupamento já tem outras quatro unidades de autismo, noutras escolas, mas só até ao 9.º ano de escolaridade. Para os jovens autistas com idades entre os 16 e 18 anos, o ensino na Carlos Amarante terá, supostamente, que terminar no 9.º ano, onde são retidos.

Entrevistada pela Renascença, Hortense Santos reconhece que o estabelecimento de ensino não tem ainda condições para acolher aqueles alunos com necessidades especiais. Mas, diz, estes estudantes autistas até poderiam nem seguir para o 10.º ano. Argumenta: "Esses alunos não fazem progressão. No fundo eles vão acompanhando. Não fazem um currículo normal".

Questionada se é necessário continuarem para o 10.º ano, Hortense Santos respondeu: “Só irão continuar para o 10.º ano, e é isso que vai ser feito agora, quando forem criadas condições físicas e de acompanhamento, em termos de recursos humanos, aqui na escola.”

Não vale a pena transitarem? “Eles têm a progressão, mas não é um currículo igual aos outros alunos”. Podiam, então, continuar no mesmo ano? “Sim, podiam”, respondeu.

Fonte oficial do Ministério da Educação garantiu à Renascença que os alunos serão reintegrados nesta escola no arranque do próximo ano lectivo.

Obras de 17,2 milhões

A Escola Secundária Carlos Amarante, em Braga, recusou receber um grupo de seis alunos autistas por alegada falta de espaço físico para acolher uma unidade de ensino estruturado.

A escola foi alvo de uma intervenção recente no âmbito da Parque Escolar, que custou 17,2 milhões de euros. Hortense Santos diz que, aquando das obras, “não havia estas problemáticas” envolvendo alunos autistas.

A directora espera falar ainda esta terça-feira com a Delegação Regional de Educação do Porto para agendar uma visita técnica “para saber o que é necessário para fazer as adaptações”. “Porque o problema aqui na escola é que esta escola não foi preparada para receber alunos com estas problemáticas.”

O caso gerou polémica. Em declarações à Renascença, Ana Paula Leite, uma das encarregadas de educação afectadas, afirmou que os alunos autistas “devem ter o mesmo direito que qualquer outra pessoa e transitar para o 10.º, 11.º e 12.º".

Comentários
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  • Sandra
    10 jun, 2016 Viseu 10:31
    Trabalho com crianças com espetro de autismo à mais de 20 anos, posso dizer a esta senhora diretora desta Escola q sim todos os meninos progridem ,uns mais que os outros como qq outra criança. Sim porque todas as pessoas São diferentes umas das outras e q cada um tem o seu ritmo, ate como a diretora desta escola!!! Lamento q se chegue a um cargo desta envergadura e com um espirito tão tacanho.
  • Fátima
    08 jun, 2016 Sintra 17:08
    Está senhora diretora que tenha vergonha na cara e que se demita. Sou mãe de uma filha autista e ela é todos os outros meninos especiais tem o mesmo direito ao ensino seja que ano for. A isto atribuo um nome. INCOMPETENTE
  • Ricardo Monteiro
    08 jun, 2016 Lisboa 15:28
    É uma vergonha, estás coisas só acontecem porque a legislação não é bem para beneficiar estes meninos, mas sim para beneficiar algumas escolas, em primeiro lugar como é possível em Lisboa uma grande cidade só haver +/- 30 vagas, depois outro grande erro, todos os anos a escola tem que elaborar um caderno de encargos para estas crianças que o qual e tem que ser entregue ao ministério uns meses antes das matrículas, ou seja faz-se um projeção dos custos sem as unidades terem a certeza de que alunos se trata e que tipo de ajudas vão precisar ter, e hoje fui a uma escola onde as professoras do ensino especial são contratadas ou seja não sabem se vão ficar lá para ano. Essa professora não quer saber desses alunos, aposto que ela nunca foi interessada em conhecer melhor o mundo dos autista. Existe muito génio e pessoas influentes no mundo que são autista, até existe empresas multinacionais de renome que contratam autistas para os seus quadros superiores. Resumindo, a legislação devia ser ratificada pelo menos em dois pontos, todas as escolas deviam ser obrigadas a ter este ensino, até porque infelizmente cada vez mais são diagnosticadas crianças com autismo, e devia haver una equipa que fizesse auditorias as escolas para saber se as unidades estavam a funcionar corretamente.
  • Sara
    08 jun, 2016 Braga 11:49
    Ainda por cima não sabe mentir! As obras foram realizadas já o meu irmão autista andava na escola de Gualtar! E mais meninos lá andavam quase a chegar ao ano de transição. Não me digam que a senhora não sabe fazer contas e que não esperava ter de dar resposta a esses meninos. 17 milhões não chegavam?? Entra dinheiro do estado a torto e a direito devido a essa unidade de autismo e o dinheiro é aplicado em todo sitio menos para aquilo que é dado!
  • Rui Nunes
    08 jun, 2016 Viseu 11:42
    Isso é a amostra da sociedade que temos. Olham os diferentes como seres de outro planeta. Tenho um filho autista que é muito mais meigo e integro do que a maioria dis ditos normais. Gastaram dinheiro do contribuinte em reformas da escola para isso? Não tenho nem como classificar essa diretora. Apetecia-me xinga-la ,mas não vale a pena pois não há xinganento suficiente para essa senhora e para os senhores que mandam na educação neste país. Viva a escola pública! !!!!!!
  • Paulo Parente
    07 jun, 2016 Amares 23:48
    Tanta ignorância em tão poucos comentários, por amor de Deus, abstenham-se de dizer barbaridades quando não sabem nada do assunto e estão fora do contexto. Esta sra diretora está preocupada em dar continuidade a estes alunos mas com a melhor qualidade possível, a qualidade que eles merecem! Há várias formas de autismo, façam um favor a vocês próprios, à sociedade e à humanidade...informem-se antes de opinar sobre qualquer assunto, como qualquer abutre só querem sangue e carcaças !! Tristeza...
  • Berta de Jesús
    07 jun, 2016 alemanhã 22:40
    Esta senhora devia de ter alguém na familia com esse problema a ver se ela falava a sim ,eu tenho um neto autista e é mais inteligente que muitas crianças normais fala Español,Portugues e Alemão e no Alemão tira melhores notas que o proprio Alemão !!!Sera que o meu neto não têm os mesmos direitos que uma criança normal na ideia de essa senhora ???
  • Fausto
    07 jun, 2016 Cascais 22:26
    Essa sra tem que ser afastada do cargo nem devia dar aulas
  • camacho
    07 jun, 2016 madeira 20:15
    ola nos os autista temos mesmos direitos que os outros meninos naõ nos podem abandonar so por sermos diferentes, ...........
  • Judite Gonçalves
    07 jun, 2016 Barreiro 18:42
    Sempre os mesmos a ficar de fora, sempre os mesmos a serem excluídos.

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