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"Mustafá" aponta Pereira Cristóvão como mentor de assaltos

01 jun, 2016 - 23:49

"Estou completamente arrependido", declarou o líder da claque Juve Leo no arranque do julgamento.

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O antigo inspector da Polícia Judiciária Paulo Pereira Cristóvão foi o mentor dos assaltos a duas residências, em Cascais e Lisboa, disse em tribunal o líder da claque Juve Leo, Nuno Vieira Mendes, conhecido por 'Mustafá'.

Pereira Cristóvão, também antigo vice-presidente do Sporting, 'Mustafá' e outros 16 arguidos começaram esta quarta-feira a ser julgados em Lisboa por associação criminosa, roubo, sequestro, posse de arma proibida, abuso de poder e falsificação de documento, num caso relacionado com assaltos violentos a residências, na zona de Lisboa e na margem sul do rio Tejo.

Perante o colectivo de juízes, o líder da claque leonina disse que foi Paulo Pereira Cristóvão quem o contactou para pedir que "falasse com umas pessoas" para cobrar uma dívida, tendo relatado ao tribunal o assalto realizado à casa de um empresário, em Cascais, a 27 de Fevereiro de 2014, na qual estariam, segundo o ex-dirigente do Sporting, um milhão de euros.

O assalto terá rendido apenas 80.000 euros: metade ficou para Pereira Cristóvão; 'Mustafá' e um seu meio-irmão ficaram com 10.000 euros cada um, enquanto os outros quatro arguidos, dois deles agentes da Polícia de Segurança Pública, receberem 20.000 euros.

O segundo assalto ocorreu menos de dois meses depois, a uma residência, em Lisboa, de uma pessoa ligada a um banco, que teria entre três e quatro milhões de euros no soalho, de acordo com informação transmitida por Pereira Cristóvão ao líder da claque leonina.

Contudo, os arguidos acabaram por não encontrar nenhum dinheiro nesta residência.

'Mustafá' relatou que, em ambos as situações, ele, um seu meio-irmão e Pereira Cristóvão aguardaram num carro, enquanto os outros quatro arguidos, munidos de falsos mandados de busca e passando-se por polícias, subiram às residências e materializaram os assaltos.

"Estou completamente arrependido. Nunca pensei que isto desse o que deu", afirmou 'Mustafá', acrescentando que Pereira Cristóvão, após o fracasso do assalto à residência de Lisboa - que agravou ainda o mal-estar sentido dentro do grupo -, ainda lhe tentou falar de uma terceira situação de cobrança de dívida, no Algarve.

"Mas nem quis ouvir. Nunca mais falei com ele, afastei-me completamente e saí fora desta situação [assaltos], que não era para mim", afirmou o dirigente associativo, apesar de admitir que se sentia "em dívida" para com o antigo vice-presidente do Sporting, que sempre o ajudou enquanto ocupou este cargo.

A seguir, foi interrogado Mário Hugo, conhecido por Vítor Hugo, contactado pelo meio-irmão de 'Mustafá' para "arranjar" os executantes, que assumiu a "arquitectura" do plano para a actuação dos arguidos que entraram nas residências, os quais foram escolhidos por ele.

"Como vi na televisão que havia pessoas a passearem por empregados das finanças para ir às casas das pessoas, pensei em nos vestirmos de polícias e fazer umas falsas buscas", contou o arguido, sublinhando que nunca foram usadas armas nem violência, apenas o "teatro" que tinha de ser feito numa busca policial.

Vítor Hugo disse que ficou "chateado" pelos assaltos não terem resultado na obtenção do dinheiro indicado por Pereira Cristóvão, uma vez que "ninguém trabalha de borla", mas admitiu estar arrependido.

Este arguido, que já cumpriu 10 anos de prisão por assaltos e outros crimes, confessou ainda o envolvimento em mais três situações de assalto - por iniciativa própria - em Lisboa e na margem sul do Tejo, duas das quais contaram com a participação dos dois polícias.

A próxima sessão ficou agendada para 22 de Junho.

Segundo a acusação, a que a agência Lusa teve acesso, Pereira Cristóvão, dois outros arguidos e três polícias recolhiam informações e decidiam quais as pessoas e locais a assaltar pelo grupo.

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  • edgar
    02 jun, 2016 Lisboa 17:17
    Vá lá ... despachem-se, estão mais umas casitas em vistas e com grana.
  • Alberto Martins
    02 jun, 2016 Lisboa 10:37
    "Pereira Cristóvão, que enfrenta mais dois processos judiciais, foi também condenado ao pagamento de uma indemnização de 40 mil euros ao antigo árbitro assistente de futebol José Cardinal.." "A juíza encarregada do processo deliberou que a "prova é inequívoca". A juíza entendeu ainda que a culpa é particularmente grave porque Pereira Cristóvão era vice-presidente do Sporting à altura dos factos. Pereira Cristóvão fica também impedido de exercer a actividade de dirigente desportivo." Pergunta-se... DE QUE É QUE A FPF E A LIGA ESTÃO À ESPERA PARA REABRIR/ABRIR O PROCESSO POR COAÇÃO A ÁRBITRO POR UM VICE-PRESIDENTE DO SPORTING? Além dessa coacção praticada pelo vice-presidente do sporting, ainda existe outra razão que como disse bruno carvalho e muito bem "Os regulamentos são para cumprir. Não tinha interesse que o Benfica fosse para a segunda divisão, que houvesse fome no mundo, guerras... mas a vida é assim”, disse o presidente do Sporting." "O artigo 62 não foi cumprido. Esse artigo fala que na descida de divisão caso de forma expressa alguém tente beneficiar com alguma ação perante um agente desportivo." Ora o vice-presidente do sporting com a acção que praticou ao armar uma armadilha ao árbitro retirou beneficio para o sporting uma vez que o árbitro foi afastado do jogo tal como pretendia o vice-presidente do sporting. Como é 2 pesos e duas medidas? O Boavista desceu de divisão por coação a 1 (um) árbitro. O vice-presidente do sporting coagiu 196 árbitros.
  • Alberto Martins
    02 jun, 2016 Lisboa 10:22
    "Estou completamente arrependido", declarou o líder da claque Juve Leo no arranque do julgamento." "Vítor Hugo disse que ficou "chateado" pelos assaltos não terem resultado na obtenção do dinheiro indicado por Pereira Cristóvão, uma vez que "ninguém trabalha de borla", mas admitiu estar arrependido." A velha estratégia do arrependimento para ver se conseguem pena mais leve. Está-se mesmo a ver o arrependimento.

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