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​Terça à Noite

Braga da Cruz acusa Governo de causar “fractura desastrosa” na educação

01 jun, 2016 - 01:38

Em entrevista à Renascença, o antigo reitor Manuel Braga da Cruz critica a “crescente sindicalização da escola pública" e acusa o Governo de ceder à CGTP e às "teses colectivistas" do PCP.

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Braga da Cruz acusa Governo de causar "fractura desastrosa" na educação

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O Governo provocou uma “fractura verdadeiramente desastrosa” no sector educação, acusa Manuel Braga da Cruz em entrevista ao programa “Terça à Noite” da Renascença.

O antigo reitor da Universidade Católica Portuguesa contesta os cortes estatais aos colégios com contratos de associação e a política de “concepção estatal” do PS de António Costa.

“No momento em que precisávamos de estreitar as relações entre a sociedade e o Estado em prol de metas mais ambiciosas na educação, acontece esta fractura verdadeiramente desastrosa. A política do PS e do Governo do PS é uma política de concepção estadual da educação, de monopólio tendencial da educação para tornar irrelevante a participação que a sociedade e o sector particular e cooperativo podem ter para a persecução das metas nacionais no domínio da educação”, lamenta o professor catedrático.

Contra o “monopólio estatal da Educação”, Braga da Cruz considera que “o Estado secou tudo”, chamando cada vez mais a si a missão de educar, que em primeiro lugar cabe à família, “desresponsabilizando a sociedade”.

Há uma “crescente sindicalização da escola pública”

Nesta entrevista à Renascença, o antigo reitor critica a “crescente sindicalização da escola pública, que coloca o professor no centro”. Ao invés, nas escolas particulares é o aluno que ocupa um papel central.

“Isto é uma distorção, um enviesamento grave da função da escola pública, que não está ao serviço dos interesses dos professores e existe para educar os seus alunos”, adverte.

A opção do Governo de cortar apoios aos colégios com contrato de associação, no caso das turmas em início de ciclo, é uma “inflexão muito preocupante na história do PS”, um partido da liberdade, e representa uma “rendição” e uma “cedência” dos socialistas às teses da CGTP e do PCP, acusa.

Existem vozes críticas dentro do PS a política do partido para a educação, garante. “Elas existem, não estão é a ser tornadas públicas. O mal-estar dentro de muitos sectores socialistas é manifesto, evidente e quem está atento à realidade conhece-as. Basta ver o que têm dito alguns ex-ministros socialistas sobre o que está a acontecer”, refere Braga da Cruz.

O historiador marcou presença na recente manifestação organizada pelos colégios com contrato de associação, que juntou cerca de 40 mil pessoas em Lisboa.

“Fui à manifestação para defender a liberdade da educação. O problema dos contratos de associação é apenas a pequena revelação de um problema nacional: a implementação de um sistema da liberdade de ensino.”

Manuel Braga da Cruz lembra que “essa é também a posição da Igreja Católica”, que defende que “a responsabilidade primeira de educar os filhos pertence às famílias” e devem ser os pais a “escolher a educação e a escola” que querem para os filhos, um direito consagrado na Declaração Universal dos Direitos do Homem, por influência da Doutrina da Igreja.

Para este professor, as famílias deve escolher e “não podem ser sobrecarregadas com encargos quando fazem essa opção livre de uma escola para os filhos”.

“Não é lícito haver o monopólio estatal da educação, que os Papas dizem ser iníquo, nem é lícito os estados obrigarem as famílias pagarem duplamente a educação dos filhos quando optam por uma escola privada”, conclui Braga da Cruz.

Comentários
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  • Antonio
    05 jun, 2016 Alcobaça 11:41
    O problema, é que algumas, e reforço, algumas dessas escolas coexistem a escassos metros de escolas públicas, e pelo princípio do "cabe sempre mais um" têm turmas de 7° ano com 36 alunos, TRINTA E SEIS, isto é um absurdo. E foram buscar esses alunos a conselhos e distritos vizinhos, esvaziando outras escolas, alunos que pagam autocarros, ou esse transporte é pago por subsídio, valores de 50 a 120€ por mês, miúdos de 11 ou 12 anos que se saiem de casa as 6 da manhã, para irem a escola, com escolas a 10 minutos de casa, em busca de uma qualidade que eu não vejo, e eu sei do que falo, estou ligado ao ensino à mais de 10 anos e vejo graves problemas de transmissão de conhecimento, em algumas dessas escola privadas. Algumas dizem que não são privadas, que são cooperativas, mas colocam outdoors oferecendo ensino de excelência privado. O problema é que tal como na saúde o ensino passa a ser um negócio. Onde gestores do dinheiro pago pelos contribuintes (por vezes acima dos 3 ou 4 milhões de euros a cada escola) gerem o dinheiro como se fossem uma empresa vocacionada para o lucro, e onde tudo se corta para ter lucro.
  • César Borja
    02 jun, 2016 Caldas da Rainha 12:13
    Muitos dos iluminados que por aqui escrevem desconhecem completamente a situação. Os colégios com contrato de associação não coexistem com os colégios privados pagos. Os colégios privados pagos, destes assim grandes que constam no ranking das escolas, só existem nos concelhos de Lisboa e Porto, onde o poder de compra é mais do dobro da média nacional. Os colégios com contrato de associação, na sua quase totalidade, estão em concelhos com poder de compra abaixo da média nacional. Não existe nestes concelhos capacidade financeira para suportar os colégios, que foram feitos para receber mais de mil alunos cada um. Depois, os colégios com contrato de associação custam menos ao Estado que a escola pública, porque os professores ganham de €100 a €300 menos e não recebem subsídio de alimentação, apenas alimentação, a mesma dos alunos. Além disso o custo de construção coube aos empresários e cooperativas, enquanto na escola pública (Parque Escolar) é pago pelos contribuintes. Para além disto, o governo corta o financiamento precisamente aos colégios que tinham os melhores resultados e que aproximavam os alunos destas terras dos melhores colégios de Lisboa e Porto, diminuindo as assimetrias regionais. As escolas estatais já recebem 98% do orçamento da educação, ficarem com 100% não vai melhorá-las.
  • Uma mãe
    02 jun, 2016 09:32
    Bom dia, acho que muitas das vozes que se levantam contra este tema desconhecem a realidade onde se inserem as escolas com contrato de associação e pensam que se está a falar doa grandes colégios privados de Lisboa e Porto. Estamos a falar de escolas, a grande maioria em zonas economicamente deprimidas, e onde o poder de compra é extremamente baixo. Os contratos de associação permitiram que fosse levado para essas terras as políticas de gestão escolar e de qualidade de ensino que se pratica nos grandes centros urbanos, permitindo assim combater as assimetrias a nível de qualidade de ensino. Por outro lado falamos de um custo para o contribuinte inferior ao da escola pública, pois segundo dados da OCDE uma turma na escola pública custa 130.613€. Uma mãe com um filho numa escola com contrato de associação que decidiu estudar e aprofundar o assunto
  • carlos
    01 jun, 2016 Lisboa 19:00
    Mas que grande lobbie já viram bem a quantidade de manifestações com crianças e tudo isto é vergonhoso parcerias publico privadas dá nisto.
  • almague
    01 jun, 2016 Lisboa 18:55
    Oh Sr Prof. Braga da Cruz. Porque não se cala? O meu filho frequentou a Universidade Católica quando o Sr Prof era Reitor na Univers. Católica. Foi opção minha e do meu filho , pagámos as propinas 5 anos de estudos e o senhor nessa altura não defendia direito de escolha e que os alunos não deviam pagar escolas privadas. Ehhhhh. Que graça Sr ex Reitor. Nessa altura o Sr Prof devia ter isentado eu ter que pagar as propinas do meu filho até porque nessa altura as Universidades Públicas em Lisboa não tinham capacidade para receber tantos alunos , o que levou termos optado em o meu filho ter ido para a Univ Católica. Ponto Final.
  • Zeca Morais
    01 jun, 2016 Olhão 18:08
    Quem manipula criancinhas para "escreverem" cartas ao PR não foi o governo. Esta gente de amarelo já enoja.
  • Jorge
    01 jun, 2016 Seixal 17:38
    Já tentaram tudo e mais alguma coisa para tentar subverter a decisão do governo sobre esta matéria, agora vem este iluminado atacar os sindicatos e a tentar criar divisões dentro do PS para ver se leva a água ao seu moinho. Se alguém espilra sobre o tema dos contratos de associação, por motivos óbvios, é logo noticia para a RR. Ainda não perceberam que a maioria dos Portugueses está a favor da decisão do governo. Quem quiser colégios privados para os seus filhos pague-os. Já chega.
  • andre sousa
    01 jun, 2016 vila pouca de aguiar 16:22
    Se a informação da RR não estivesse ao lado do lóbi dos colégios, este "sujeito" não teria opinado! Mas como a RR só está de um dos lados....por mim a RR já era....tenho pena de deixar de ouvir os excelentes radialistas/animadores , mas com jornalistas facciosos ....não tenho paciência.
  • Tadeu Rilvas
    01 jun, 2016 Santarém 14:25
    Já chega deste circo todo. Querem escolher? Escolham, mas sofrem as consequências da vossa escolha. Paguem dos vossos bolsos.
  • ENCARREGADO EDUCAÇÃO
    01 jun, 2016 Alcochete 13:37
    A discussão deste tema é tão generalizada e simples, que até os miúdos vestidos de amarelo conseguem estar na manifestação e tomar opinião. Nem sequer estamos no âmago da questão a discutir se devemos colocar os miúdos a defender as liberdades da democracia do 25 de Abril e deixar a celebração do Dia da Mãe para segundo plano. Isto deve estar mais parecido com o divórcio litigioso: somos todos vítimas e temos que instrumentalizar as crianças a nosso favor. ESTOU A FAVOR de SER CONTRA !

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