31 mai, 2016 - 19:48
Há sinais de uma pequena retoma dos stocks de sardinha, reconhece a Plataforma de Organizações Não-Governamentais Sobre a Pesca (Pong-Pesca), no dia em que se ficou a saber que a espécie atingiu o preço mais elevado dos últimos 20 anos.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o preço médio da sardinha negociada nas lotas portuguesas alcançou os 2,19 euros por quilo, o valor mais elevado em duas décadas.
Recuando no tempo, em 1995, o valor negociado era de 0,31 euros por quilo, por exemplo. Nos últimos quatro anos, o preço médio quase triplicou face ao valor médio registado entre 1995 e 2011.
Portugal estava habituado a pescar, anualmente, entre 40 mil toneladas e 50 mil toneladas de sardinha, mas, no ano passado, o pescadores portugueses foram forçados a não passar as 13.500 toneladas, num esforço para a recuperação da espécie.
O mercado reagiu, comprando, sobretudo, a Espanha, não só sardinha fresca, para alimentar os pratos portugueses, mas também sardinha para a indústria conserveira.
Em declarações à Renascença, o ambientalista Gonçalo Carvalho, coordenador da Pong-Pesca, admite que há já sinais positivos da restrição de pesca de sardinha.
“A informação preliminar a que tivemos acesso é que haverá alguns sinais de retoma, mas ainda ao nível das sardinhas muito pequeninas. Poderá não ter de imediato tradução nas sardinhas adultas que são capturadas para consumo. Em todo o caso, em relação ao esforço de pesca, que é o factor que afecta o estado da sardinha que nós conseguimos controlar, tem sido feito um esforço bastante grande para limitar esse esforço”, afirma Gonçalo Carvalho.
Humberto Jorge, da Associação Nacional da Pesca do Cerco, espera que a quota de pesca imposta para este ano, de 9.500 toneladas, seja aumentada, sendo pelo menos igual à do ano passado: 13.500 toneladas. Caso contrário, o sector não irá resistir.
“Embora não tão rápida, essa recuperação do recurso está a verificar-se e pedimos que nos seja autorizado em 2016, pelo menos, a capturar a mesma quantidade de 2015. Abaixo disso será muito difícil a frota, as tripulações e as empresas sobreviverem com níveis de rendimento aceitáveis”, defende Humberto Jorge.