31 mai, 2016 - 01:17 • José Pedro Frazão
Um Presidente da República que fala de forma abundante e até clarifica o que diz? Isso é Marcelo, diz o antigo ministro social-democrata Nuno Morais Sarmento.
“Marcelo expor-se-á sempre. É para mim tão certo que ele será um muito bom, fantástico e inovador Presidente da República como vamos ter incidentes e acidentes, porque não conseguimos ter uma coisa sem outra”, analisa o comentador da Renascença no programa “Falar Claro”, que esta semana não contou com o socialista Vera Jardim, por motivos de saúde.
O militante do PSD lembra que “Mário Soares era assim”, reconhecendo que a maior exposição “aumenta o risco a todos os níveis”.
Marcelo Rebelo de Sousa prometeu estabilidade política, pelo menos até às autárquicas, corrigindo depois que a sua intenção é contribuir para um Governo que cumpra a legislatura.
Para Morais Sarmento, o Presidente da República veio apenas desejar estabilidade” até ao próximo momento em que o país é chamado a pronunciar-se. É um exercício de inteligência e bom senso”.
Noutro plano, o social-democrata comentou a polémica em torno dos contratos de associação, para defender que a relação entre público e privado deve ser equilibrada.
“É uma obrigação do Estado garantir o acesso à educação. Não é obrigação do Estado garantir uma rede universal e gratuita de ensino. Não está em lado nenhum. E é evidente que a rede pública de escolas não deve ser subsidiária do privado”, sustenta Morais Sarmento.
“Esta não é a agenda do PS”
O antigo ministro do PSD considera que a causa torna-se “fracturante e prioritária” apenas pelo encontro do PS com o Bloco de Esquerda e PCP. “O PS sozinho não vinha com esta agenda”, acrescenta Sarmento para quem o contrário do regime dos contratos de associação é uma “guerra ideológica da Fenprof e do PCP, “que representa “uma armadilha, um antagonismo artificial que não existe”
Morais Sarmento diz que António Costa não tem a visão ideológica do BE e PCP sobre o tema.
“Aqueles do PS que estão no Governo não podem divergir muito desta análise que sempre foi bastante comum entre PS e PSD na relação que pode e deve existir entre escola privada e escola pública”, sustenta o militante do PSD.
O comentador censura o comunicado do movimento “Defesa da Escola Ponto” na sequência da reunião com o Presidente da República - “ anda mal quem vem contar para a rua conversas com o Presidente” – mas reconhece que Marcelo “deu provavelmente algum conforto às escolas privadas como daria a quem defendesse a posição contrária”.
Morais Sarmento assegura que o chefe de Estado não está a optar por esta ou aquela opção. “Pelo contrário está a construir pontes”.