26 mai, 2016 - 09:44 • Ângela Roque
Ao fim de três anos o Corpo de Deus volta a ser feriado, o que permite que seja celebrado liturgicamente no dia certo.
O Corpo de Deus é uma festa móvel assinalada 60 dias depois da Páscoa e faz referência à Quinta-feira Santa, o dia da última Ceia, em que foi instituída a Eucaristia.
Em 2013 este foi um dos feriados religiosos que caiu, e a celebração começou a fazer-se no Domingo seguinte.
“Este sacramento da Eucaristia não é por acaso que se celebrava numa quinta-feira. O grande dia da Eucaristia é a Quinta-feira Santa. Era uma forma de, já depois de terminado o tempo pascal, voltar a sublinhar a dimensão deste sacramento que é central na vida cristã, celebrar Jesus vivo no meio de nós. Regressarmos à quinta-feira é, de facto, muito importante, e também nos ajuda, do ponto de vista pastoral, a valorizar esta festa”, diz o padre Luís Alberto Carvalho.
O padre Luís Alberto Carvalho lembra que levar o Corpo de Deus pelas ruas da cidade é uma manifestação pública de fé e de testemunho dos cristãos. “Não é uma manifestação, no sentido de querermos mostrar que somos muitos, é mais uma manifestação de fé de quem vai. O ir e o participar têm uma dimensão fundamental de vivência pessoal e individual da fé, mas tem uma dimensão pública de testemunho, que também é importante. Não fazemos um testemunho tipo ‘propaganda’, mas mostramos o que somos, o que vivemos e o que é importante para nós.”
“Ser sinal para os outros é uma responsabilidade e é uma das maneiras de concretizarmos o desafio da missão que este Papa tanto nos tem feito.”
O Corpus Christi, como é conhecido em latim, começou a ser celebrado no Século XIII, e em Portugal teve sempre muita expressão. Em “dia santo de guarda” os católicos são chamados a prestar culto a Deus, indo à missa e participando na solene procissão. Este ano voltará a ser assim em todo o país e em todas as dioceses.
Em Lisboa esta é, desde sempre, das procissões com mais tradição e que reúne mais fiéis. Hoje pode já não ter a grandiosidade de outros tempos, quando todas as profissões e ordens religiosas da cidade estavam representadas, mas continua a ser marcante, sobretudo pelo ambiente de oração que proporciona, diz o padre Luís Alberto: “Eu acompanho mais de perto esta procissão há uns cinco ou seis anos, e o que me impressiona não é só a sua dimensão, que de facto é grande, mas o ambiente orante. O silêncio que se faz é impressionante e diz muito da atitude com que as pessoas estão”.
São sempre muitos os que participam, até mesmo nos anos em que não foi feriado: “A festa era de tal maneira importante que nós não deixámos de a fazer”, lembra o sacerdote.
Em Lisboa a procissão começa e termina no largo da Sé, depois de percorrer várias ruas da baixa. O percurso original foi retomado em 2003, e este ano voltará a dar de novo uma volta maior. “O ano passado tivemos de alterar o percurso porque uma das ruas estava em obras, e fomos ao Martim Moniz. Gostámos, e este ano vamos repetir”, explica o padre Luís Alberto.
A procissão começa às 17h00 e deverá terminar pelas 18h30 com a tradicional bênção no largo da Sé, dada pelo cardeal patriarca D. Manuel Clemente.