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​Câmara de Lisboa expropriou prédios para construir mesquita

23 mai, 2016 - 18:50

Proprietário dos imóveis não se conforma: situações destas "nunca deveriam existir num país onde as pessoas têm alguns direitos".

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A Câmara de Lisboa tomou esta segunda-feira posse administrativa de dois prédios na Rua do Benformoso, onde vai ser construída a futura mesquita da Mouraria, num processo de expropriação muito contestado pelo proprietário dos imóveis.

Em declarações aos jornalistas, António Barroso disse que situações destas "nunca deveriam existir num país onde as pessoas têm alguns direitos".

Em causa está um processo de expropriação por interesse público que a autarquia iniciou para deitar abaixo alguns prédios naquela zona.

António Barroso é uma das pessoas afectadas pela decisão camarária e recebeu a informação de que vai receber uma indemnização no valor de 530 mil euros para sair dos dois prédios na Rua do Benformoso que recentemente recuperou.

O prédio mais pequeno tem apenas rés-do-chão e cave, com 70 metros quadrados (m2) por piso, e destina-se ao comércio, enquanto o outro tem 100 m2 de área útil por piso. Destina-se também ao comércio no rés-do-chão, o primeiro andar é a habitação do proprietário e o segundo andar e o sótão servem para arrendamento de curta duração.

O proprietário, que mora e trabalha há mais de 40 anos na Mouraria, apresentou uma contraproposta no valor de 1,99 milhões de euros, mas "foi recusada".

Segundo António Barroso, aquele valor engloba os valores actuais do mercado, o dinheiro que investiu nas obras e parte da sua vida.

"Como é que a câmara vem destruir uma casa que eu reconstruí?"

Depois de se ter recusado a assistir à posse administrativa dos imóveis, o proprietário saiu de casa no final para mostrar o desalento por uma situação que classificou de "desumana".

"Não perdi a esperança. Há de haver alguém que tenha bom senso porque isto não se faz", frisou.

"Como é que a câmara vem destruir uma casa que eu reconstruí? Na qual cumpri com os objectivos que eles tinham?", questionou o proprietário.

Afirmando que "não se opõe à construção" da mesquita, António Barroso, de 63 anos, disse não compreender porque é que a autarquia não optou por edificá-la em locais onde existem prédios devolutos.

O proprietário disse ainda que "sempre esteve disposto a negociar", mas a câmara "nunca fez qualquer proposta".

Questionado sobre a indemnização que a autarquia lhe quer dar, considerou que está abaixo do real valor dos dois prédios e exemplificou afirmando que "não consegue encontrar um apartamento na Mouraria [nas mesmas condições do seu] por menos de 400 ou 450 mil euros e a câmara quer dar por um prédio 402 mil euros".

Caso prossegue na justiça

Na semana passada, a advogada de António Barroso interpôs uma providência cautelar para suspender a posse administrativa dos edifícios, mas ainda está a ser apreciada pelo tribunal.

Aos jornalistas, Tânia Mendes admitiu esta segunda-feira que é muito difícil travar o processo já iniciado pela câmara, mas aguarda pela decisão do juiz.

Hoje foi dado o primeiro passo do processo de expropriação e foi comunicado ao proprietário e aos seus inquilinos que podem permanecer no local até serem oficialmente notificados para sair.

Até lá, as rendas também deverão ser pagas normalmente ao proprietário.

A Câmara de Lisboa aprovou em Outubro de 2015 a requalificação das ruas da Palma e do Benformoso, na Mouraria, que assenta na criação de uma praça coberta, um jardim e uma nova mesquita para a comunidade muçulmana até meados de 2017.

A Lusa contactou no dia 17 a Câmara de Lisboa para obter mais esclarecimentos sobre a expropriação, mas ainda não obteve resposta. Segundo o município, as questões têm de ser analisadas por diferentes serviços, tendo em conta a complexidade do assunto.

Comentários
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  • Rui
    24 mai, 2016 LX 17:23
    O que temos em Lisboa é uma política de esquerda radical... Ditadores camarários que querem impor aos Lisboetas e aos Portugueses em geral valores, culturas e religiões que não são os nacionais. Inventam todo o tipo de estratagemas para expoliar o contribuinte e depois esbanjam desta forma. O Medina nem sequer foi eleito! Onde está a democracia nesta cidade?
  • Franca
    24 mai, 2016 Lisboa 12:00
    Fora com essa gentalha toda. Esse gente nunca deveria ter entrado em Portugal. Qual mesquita qual ... andamos com uma à frente e outra atrás para construirmos mesquitas ???!!! O Costa enlouqueceu!! O Medina não fica atrás!!
  • Camarada Zequinha
    24 mai, 2016 Seixal 07:44
    Este país é muito bué da fixe .Alaaaaaaaaaa Ahuakbaaaaaaaaaaaaaaaaarrrrrrr ..........
  • Joao Silva
    24 mai, 2016 Toronto - Canada 03:40
    Estao a falar de Lisboa ou de alguma cidade governada por um regime totalitario?
  • Manuel
    23 mai, 2016 Lx 22:55
    Os portugueses não abram a pestana enquanto é tempo!O politicamente correcto tem de acabar, um pais laico não pode admitir tal coisa e este presidente para conseguir votos para o próximo ano de eleições desce a este ponto??Espero que os Lisboetas estejam à altura dos acontecimentos em 2017.Como se pode invocar interesse publico na construção de mesquitas num país laico sem consultar a população?
  • EU
    23 mai, 2016 21:25
    É bem feito, para que é que andais a votar no PS? BEM FEITO, AINDA HAVIA DE SER PIOR!
  • Jose
    23 mai, 2016 Estoril 20:58
    Nao percebo porque vai a camara construir uma mesquita com dinheiros publicos. Sera que nos paises arabes constroiem igrejas para os catolicos?
  • Escandaleira!!!
    23 mai, 2016 lisboa 20:19
    Isto é uma pouca vergonha!!! Roubam os Portugueses para dar aos de fora!!!! Uma vergonha este Partido Socialista!!!
  • Patrícia
    23 mai, 2016 Faro 19:30
    Em nome de quem se vai construir uma mesquita em Lisboa? Não é o nosso país um país laico? Então ter-se-ia que apoiar todas a religiões existentes em Portugal. Acho um roubo!!!!
  • Fercos
    23 mai, 2016 Setúbal 19:02
    E eles são tão democratas a falar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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