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Opinião de Joaquim Evangelista

"Jogo Duplo" na mira do Sindicato de Jogadores

20 mai, 2016 - 23:37

Espaço de opinião do presidente do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol, em Bola Branca.

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Infelizmente, o futebol português volta a estar na ordem do dia pelos piores motivos. Depois da “operação Matrioskas”, agora é a “operação jogo duplo” a revelar mais uma investida da criminalidade organizada. Desta vez a investigação da PJ procura identificar os responsáveis pela adulteração de resultados desportivos em jogos da 2ª Liga.

Falamos de match-fixing, um flagelo à escala global. Em Portugal há factores que indiscutivelmente potenciam este risco. O incumprimento salarial e a falta de meios de subsistência fragiliza os jogadores ficando mais sujeitos a abordagens das associações criminosas. A falência de clubes e SADs coloca os dirigentes a uma posição de dependência levando-os muitas vezes a aceitar condições que de outra forma não aceitariam. A falta de escrutínio de investidores estrangeiros facilita a infiltração dos criminosos e o recurso à fraude desportiva e a ausência de um modelo eficaz de licenciamento coloca os competidores em desigualdade, gera opacidade, irresponsabilidade e impunidade.

Tendo no horizonte a nova época desportiva, devemos encorajar as boas práticas e deve ser implementado um modelo de boa governação que aliado à regulamentação desportiva intransigente e a um sistema investigatório coordenado permita acabar com o sentimento de impunidade existente.

O Sindicato dos Jogadores condena as práticas ilícitas que desvirtuam a verdade desportiva e não deixará de dialogar com os seus parceiros sobre medidas concretas para as erradicar. O desporto não pode limitar-se a deixar que as autoridades policiais cumpram o seu papel. Pode e deve fazer mais sob pena ser cúmplice por omissão. Nesta matéria não pode haver contemplações. Se houver culpados devem ser punidos. Quanto aos jogadores implicados nas investigações importa reafirmar que estão inocentes até prova em contrário e podem contar com o apoio do Sindicato.

Destaco pela positiva o sucesso da selecção de sub-17 que chegou á final da competição sem qualquer golo sofrido. O trabalho que tem sido feito ao nível do futebol de formação em Portugal merece ser elogiado.

Quanto ao jogador da semana destaco Daniel Carriço. Foi enorme na defesa do Sevilha na final da Liga Europa conquistando a competição pelo terceiro ano consecutivo. Um feito inédito no futebol europeu só ao alcance dos que trabalham, todos os dias arduamente para chegar ao topo. Parabéns Daniel pelo feito alcançado, extensivo aos restantes jogadores do Sevilha onde se incluem os portugueses. Beto e Diogo Figueiras.

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