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A tecnologia de amanhã que já está a mudar o futuro

19 mai, 2016 - 19:31

Ter internet em alto mar, poder ver o que está para os lados da imagem no ecrã, fazer música sem saber o que é uma pauta. A tecnologia está sempre a evoluir e não espera por quem não corre. O INESC TEC ajuda-o a correr mais depressa.

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Imagine que está num festival de Verão. Música nas colunas, banda a dar um espectáculo memorável, público a saltar de câmaras nas mãos. Um "flash". Uma vez tirada a fotografia, é hora de pô-la no Instagram. Mas não há rede.

Agora, imagine que há. Não só há rede, como esta não deixa a desejar. A ligação é fácil e rápida e, num instante, todas as suas fotos estão nas redes sociais. Alcance e qualidade ilimitados são o futuro da internet, que, por sua vez, é parte fundamental do futuro da sociedade.

"Temos casos de eventos com uma grande densidade de pessoas, principalmente ao ar livre, em que, frequentemente, existe uma grande falta de qualidade de experiência de internet", explica Eduardo Almeida, investigador do INESC TEC, um instituto de investigação e desenvolvimento de ciência e tecnologia, e aluno de doutoramento da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que apresentou o seu projecto numa exposição do INESC TEC.

"Nós propomos um novo projecto para solucionar esse caso. Introduzimos um novo conceito, que, basicamente, consiste numa rede de 'drones' que está a fornecer internet aos utilizadores, via Wi-Fi e também a comunicar entre si. Os 'drones' têm a inteligência de, dinamicamente e automaticamente, saberem posicionar-se sobre o sítio onde são mais precisos, sem no entanto pôr em causa a cobertura de todos os utilizadores", esclarece Eduardo Almeida.

Contudo, o conceito não é aplicável apenas em eventos em que a qualidade de experiência é a prioridade. "Esta rede também pode ser adaptada, por exemplo, para dar acesso à internet em zonas onde houve desastres naturais, como um sismo ou falha de comunicações."

Este sistema permite-lhe estar informar e manter-se informado, onde quer que vá: "Também podemos estar a falar, por exemplo, de manifestações e esta frota de 'drones' poder ir acompanhando esta manifestação num sítio em que não exista infraestrutura de internet", sugere Eduardo Almeida. "O espectro de aplicações deste conceito é enorme e portanto é uma questão de imaginação e perceber para que é que poderá ser utilizado."

Acesso à rede em alto mar

Na mesma linha está o projecto BlueCom+, que propõe fornecer internet sem fios a 100 quilómetros da costa. Informação ao minuto. Instantaneidade de acesso a todos os conteúdos. Comunicação ininterrupta com o mundo em terra firme.

"O projecto visa desenvolver uma solução de comunicações de banda larga para zonas remotas do oceano", explica Rui Campos, investigador sénior do INESC TEC. "O conceito está fundamentalmente baseado na utilização de balões de hélio ancorados em plataformas flutuantes no mar. Esses balões são usados como pontos de comunicações para levarem o sinal a partir de terra até essas zonas remotas do oceano. Nós queremos garantir que um utilizador possa ter acesso à Internet em alto mar usando o seu mero telemóvel ou portátil via Wi-Fi ou via 3G ou 4G."

Este conceito pode permitir uma espécie de "oceano ao minuto": "No fundo, tudo o que tenha a ver com acesso em tempo real a informação no oceano está suportado por uma rede deste tipo, que é o que nós queremos permitir."

Estes foram apenas dois dos muitos protótipos apresentados, dia 11 de Maio, no Instituto Superior de Engenharia do Porto, no Open Day CTM, pelo INESC TEC. O Centro de Telecomunicações e Multimédia (CTM), um dos ramos, é um grupo de investigação em inovação e tecnologia na área das comunicações multimédia.

Paula Viana, responsável da área de Tecnologias de Comunicações e Multimédia do CTM, foi a organizadora: "O objectivo deste evento é dar a conhecer aquilo que fazemos e aquilo que podemos contribuir de alguma forma para a população em geral. Estamos habituados a comunicar ciência para cientistas, em ambiente académico." Desta feita, o objectivo foi "comunicar ciência para o público em geral."

"Nós temos protótipos na área do vídeo, do áudio, e qualquer tipo de media. Temos definido um conjunto de linhas de investigação que cobrem áreas que vão desde os media à saúde às comunicações no mar. Muitos dos nossos trabalhos de investigação e a maior parte destes protótipos foram já desenvolvidos com empresas,” esclarece Paula Viana.

Ultrapassar os limites físicos da imagem

O projecto de Tiago Soares da Costa, chamado Personalised multiview spaces, mantém o tom de inovação do INESC TEC. Quantas vezes não virou a cabeça numa tentativa de ver o que estava escondido para lá dos limites físicos do ecrã? "É partindo desse acto intuitivo que surgiu a ideia para este projecto. As pessoas, naturalmente, já fazem essa selecção com a sua cabeça em situações perfeitamente normais e corriqueiras." Agora, olhando para o lado esquerdo da televisão, poderá mesmo ter acesso à imagem à esquerda do que está a ver.

Seja integrado na oferta de operadores, cinemas, salas de concertos ou outras possibilidades ainda não consideradas, o projecto de Tiago Soares da Costa pode mudar a face do entretenimento de ecrã. "Os utilizadores, no seu sofá, em casa, podem adaptar o conteúdo que estejam a ver em cada instante, bastando para isso mover a sua cabeça, uma coisa natural. Também podemos aplicar isto a conteúdos 3D, que estão tão na berra actualmente. Queremos permitir que o utilizador tenha uma experiência de utilização natural, fluida, sem qualquer tipo de quebra, como se estivesse a navegar naquele cenário, como se estivesse lá."

O público ao serviço das empresas

Já José Pinto criou o Tag4Video, um projecto que "utiliza a comunidade para a criação de conteúdo audiovisual" e resolve um problema dos "broadcasters", que segundo José Pinto, têm extenso conteúdo audiovisual, mas não sabem em que consiste. Este protótipo permite "criar informação referente aos vídeos de forma precisa. Nós sabemos o que está em cada instante de tempo do vídeo," esclarece o investigador do INESC TEC. A aplicação está construída como um jogo e o objectivo é inserir anotações sobre aquilo que se está a ver no vídeo. "Obtemos uma pontuação por fazer uma anotação precisa," explica José Pinto. "Quem faz edição de vídeo poupa muito tempo, muitos recursos e sobretudo dinheiro. Tem acesso directo a conteúdo que está pré-anotado. A possibilidade de ter o conteúdo anotado em instantes de tempo também vai facilitar muito o processo de edição."

Os protótipos do INESC TEC e, mais especificamente, do TCM têm a característica de serem inovadores principalmente pelo facto de representarem um importante desenvolvimento para área em que estão inseridos e, consequentemente, proporcionarem um salto evolutivo da mesma. “Aquilo que fazemos tem impacto na sociedade, tem impacto na economia, tem impacto no mundo empresarial, tem impacto na vida de todos nós. Temos confiança que o trabalho que fazemos tem futuro," conclui Paula Viana.

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