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Jovem holandesa foi eutanasiada por sofrer de stresse pós-traumático

12 mai, 2016 - 16:12

A rapariga de 20 anos tinha sido vítima de abusos sexuais durante 10 anos e o seu pedido para morrer foi aceite pelos médicos.

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Uma jovem holandesa foi autorizada a receber eutanásia por sofrer de stresse pós-traumático “incurável”, devido a vários anos de abusos sexuais. A notícia foi avançada pela comunicação social holandesa esta quinta-feira.

O facto, que teve lugar há dois anos, apenas se tornou público agora e está a causar sério debate não só na Holanda, mas também noutros países onde a discussão está ainda em aberto.

A rapariga, cujo nome não foi divulgado, tinha sido abusada durante 10 anos, entre os cinco e os 15 e como consequência sofria de stresse pós-traumático (SPT). Segundo os médicos que lhe autorizaram o procedimento de eutanásia, a vítima melhorou substancialmente com terapia, mas concluiu-se que o seu sofrimento era “incurável”, pelo que o seu pedido para morrer foi aceite.

Para além de SPT, a vítima sofria de outras condições psiquiátricas, incluindo anorexia, depressão crónica e alucinações. Apesar disso, os médicos concluíram que não havia qualquer razão psicológica para não acreditar que o seu pedido não estava a ser feito em consciência e de forma informada.

Na Holanda, como noutros países em que a eutanásia foi legalizada ou descriminalizada, começou por ser aceite apenas para casos de doença mortal e sofrimento grave. Desde então, porém, sucedem-se os casos de pessoas submetidas a eutanásia que sofriam apenas de depressão ou que estavam dementes. Na Bélgica, por exemplo, tornou-se conhecido o caso de uma mulher que foi eutanasiada, sem que a família fosse sequer informada, por sofrer de depressão e outro em que uma mulher pediu para morrer, apesar de não sofrer de qualquer doença, apenas porque se dizia “cansada de viver”.

Em Portugal o debate está aberto através de uma petição que foi entregue na Assembleia da República e que será submetido a discussão numa comissão, podendo eventualmente subir a plenário por iniciativa de algum grupo parlamentar. O Bloco de Esquerda já disse que apresentará um projecto de lei sobre o assunto caso esta petição não chegue a produzir o efeito desejado pelos seus subscritores.

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  • susana monteiro
    16 fev, 2020 AMADORA 16:43
    Referendo
  • Sonia silva
    27 jul, 2017 Sobral monte Agraço 08:57
    Concordo inteiramente com a eutanásia, desde que mesma possa ser decidida pelo proprio
  • Ro
    24 mai, 2016 Viseu 01:38
    Incrível como tentamos sempre impor a nossa opinião aos outros, ao invés de nos descentralizarmos de nós próprios e tentar debater os diferentes pontos de vista.
  • Cristina
    13 mai, 2016 Leiria 19:30
    Eis o motivo porque a eutanásia não devia ser sequer debatida: é como a pena de morte. Quem mata ou dá ordem de matar, independentemente da profissão ou estatuto, é um assassino. Logo, tanto uma como a outra são crimes imperdoáveis. Que seres humanos somos nós, que evoluímos ao ponto de criminalizar a morte dos animais (atenção que não sou contra) mas somos incapazes de respeitar a vida humana? Morte terminal? Eu vi a minha avó morrer de cancro, num sofrimento atroz. Aceitou sempre o sofrimento e viveu até que Deus quis, nunca pediu a morte. E rezava pelos enfermeiros e médicos que cuidavam dela com carinho. E morreu em paz, diminuindo assim um pouco a nossa dor...
  • Nelson
    13 mai, 2016 Leiria 09:43
    Não concordo com a eutanásia. Mas não pretendo impor a minha posição a ninguém. Por outro lado, devo bater-me pela proibição absoluta da prática do mesmo no serviço nacional de saúde. É imoral, indecente e não sei que mais adjectivo utilizar... Os impostos e os custos que temos com a saúde em Portugal não podem estar ao serviço da morte. Só quem for muito imbecil é que não percebe que isto é abrir mais uma porta para o facilitismo e uma cultura de morte. No referendo sobre o aborto, a questão era despenalisar... o que acabou por levar a que o serviço fosse feito à custa de todos nós. Deveriam ser publicados explicitamente os custos concretos com os abortos em Portugal. Directos e indirectos. Indecente que uma grávida em trabalho de parto receba menos atenção por causa de duas mulheres que foram interromper uma vida. Prioridade à morte. Com a crescente falta de recursos na saúde, se não percebem o que se pretende com isto (eutanásia), ou são muito burros ou são autênticos vegetais que não querem pensar.
  • Joao
    13 mai, 2016 Lisboa 09:38
    Isto mostra bem como foi um crime pois é impossível que uma jovem com "anorexia, depressão crónica e alucinações" tivesse condições para o "consciência e de forma informada.". E os assassinos, violadores, pedófilos nunca querem pôr termo à vida. Por isso, irão ser condenados a morte com a desculpa da eutanásia. Depois os indesejados nas famílias. O políticos indesejados , etc...
  • jorge
    13 mai, 2016 porto 07:29
    estes que concordam com a eutanásia por stress pós-traumático são os mesmos que não concordam com o abate de cães com stress pós-traumático.
  • Luis
    13 mai, 2016 Lisboa 07:28
    VERA. É mesmo a pensar nos nossos mais queridos que nós devemos pensar relativamente à Eutanasia. Eu amo muito os meus mais queridos pelo que para mim seria insuportável vê-los sofrer, em cada dia, sem esperança de vida. Muitos nessa situação rejeitam a possibilidade da Eutanásia mais por uma questão de egoísmo do que própriamente por outra razão qualquer. A morte de um ser querido é sempre muito dolorosa pelo que muita gente prefere prolongar a vida dos seus mais queridos mesmo que eles estejam sofrendo do que suportar a dor da perda. Não é um egoismo consciente como é óbvio mas é uma forma de egoísmo. Eu já perdi pessoas muito queridas que quando elas morreram tive sentimos duplos. Um de grande dor pela perda e outra de grande alivio pelo fim do sofrimento. Cada pessoa deve ser livre de opção. A vida na minha modesta opinião deve ser vivida sem sofrimento pois essa é a concepção que eu tenho da vida. Morrer quando Deus quer e sofrer para atingir o reino dos céus não me diz nada. Respeito as opções dos outros mesmo com argumentos que considero incorrectos.
  • Filipe
    12 mai, 2016 Porto 23:50
    Fala-se tanto dos médicos, mas isto é uma questão jurídica. A partir do momento que a eutanásia foi legalizada, o pedido é analisado em conjunto, médicos, comissão de ética e juízes, penso eu. Se a conclusão foi que estavam reunidos os requisitos legais, passa a ser uma decisão da própria pessoa. A jovem apenas quis ver o seu direito de opção ser respeitado e decidiu em consciência, com a mesma que fez o pedido. Penso que não é justo culpar os médicos por isso. Alguém pode garantir que se a eutanásia lhe fosse negada, ela não iria matar-se de outra forma?
  • Bento Fidalgo
    12 mai, 2016 Agualva 23:22
    Eu não percebo bem, neste caso, se se tenta perceber e justificar o sentimento de quem quer morrer, ou de quem, no seu entender daquele sentimento acha que deve atuar duma ou de outra maneira, ajudar ou não sentindo-se ou não cúmplice ou imoral. Se sabemos que uma pessoa está a sofrer, pode nem ser fisicamente, há medicamentos para tirar a dor mas, psiquicamente dentro do seu corpo sem poder tomar a ação de terminar esta situação é como estar a ser torturado pelo sentimento de claustrofobia, que é terrível, segundo ouço dizer. Isto não é caso para dizer:- Então porque não te matas? Não me quero matar mas ,quero ter o direito a fazê-lo ou ter o direito a pedir que alguém, que terá que ter um sentimento de sacrifício pessoal incomensurável para tomar esta responsabilidade pois, sei que é muito mais fácil e cómodo pensar que sabemos que aquela pessoa ainda pode melhorar, ignorando o que ela pode estar a sofrer com tal tortura. No caso de quem quer morrer, não sabemos se gosta mais de quem já foi se de quem está cá, ou se não aguenta mais a tortura claustrofóbica da impotência. Há situações na vida que só conseguiremos saber como nós reagiriamos depois de passar por elas.

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