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Líder da Renamo (que está “em parte incerta”) convidado para jantar com Marcelo

05 mai, 2016 - 09:57

Situação em Moçambique degradou-se nas últimas semanas, envolvendo confrontos entre Governo e Renamo, ataques atribuídos à oposição nas principais estradas do país, e acusações mútuas de raptos, assassínios e intimidações.

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O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, consta da lista de convidados para o jantar que o Presidente português oferece na sexta-feira em Maputo, embora permaneça "em parte incerta", devido ao conflito no centro de Moçambique.

A notícia do convite ao presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) foi avançada pela SIC, que adiantou que o seu nome foi indicado para a lista de convidados pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.

Fontes diplomáticas confirmaram à agência Lusa que o líder da Renamo está entre os 50 convidados indicados por Maputo para o jantar de sexta-feira oferecido por Portugal no hotel Polana, em Maputo, assim como o líder do terceiro partido da oposição, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango.

Para o jantar, o último ponto de agenda da visita de Estado de Marcelo Rebelo de Sousa a Moçambique, cabe a Portugal indicar os convidados portugueses e ao Governo moçambicano indicar os convidados moçambicanos, disseram as mesmas fontes.

Contudo, uma dessas fontes desvalorizou a indicação do nome de Dhlakama, considerando que, por razões protocolares, o líder do maior partido da oposição teria de estar sempre na lista de convidados.

Refúgio na Gorongosa

Afonso Dhlakama encontra-se desde o final do ano passado presumivelmente algures na serra da Gorongosa, província de Sofala.

Em Setembro do ano passado, a comitiva de Dhlakama sofreu dois ataques, na província de Manica, o segundo dos quais com elevadas baixas, determinando o seu primeiro refúgio na Gorongosa, bastião tradicional do braço armado da Renamo.

No mês seguinte, o líder do maior partido da oposição viu a sua casa cercada e invadida pela polícia na cidade da Beira, numa alegada operação de recolha de armas em posse da sua guarda pessoal, determinando a sua retirada para a Gorongosa, onde supostamente ainda permanece.

Dhlakama passou quase dois anos escondido em Sadjundjira, na Gorongosa, durante a crise política e militar entre 2013 e 2104, e o local passou a ser conhecido em Moçambique como a "parte incerta".

Só abandonou a região no início de Setembro de 2014, acompanhado por diplomatas ocidentais, incluindo o português José Augusto Duarte (embaixador em Maputo e assessor diplomático do Presidente português), para assinar o Acordo de Cessação de Hostilidades Militares com o ex-chefe de Estado Armando Guebuza e participar nas eleições gerais no mês seguinte.

A Renamo não reconheceu o resultado das eleições, ganhas oficialmente pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), e ameaça governar pela força nas seis províncias onde reclama vitória nas urnas.

A situação política e militar degradou-se acentuadamente nas últimas semanas, envolvendo confrontos entre Governo e Renamo, ataques atribuídos à oposição nas principais estradas do país, e acusações mútuas de raptos, assassínios e intimidações.

Apesar dos reiterados apelos para o diálogo feitos pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, o líder da Renamo considera que a confiança está quebrada e exige a mediação de União Europeia, da África do Sul e da Igreja Católica antes de qualquer negociação.

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  • JoseGomesL
    05 mai, 2016 Lisboa 11:54
    A frelimo é um partido com inspiração soviética e nunca até hoje qualquer fingimento de partido soviético cedeu o lugar em eleições democráticas, jamais outro partido governará em Moçambique. Jamais a frelimo cederá. Para a esquerda mundial a democracia é só uma forma de transição para chegar ao poder. Basta ver a venezuela, Angola etc.

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