03 mai, 2016 - 07:55
O Governo já está a deixar cair promessas feitas em campanha eleitoral, acusa a presidente do CDS. Na segunda-feira à noite, em mais uma sessão do Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia, Assunção Cristas deu como exemplo uma efectiva subida de impostos.
“O Partido Socialista já aumentou vários impostos. Quando olhamos, por exemplo, para o imposto sobre o gasóleo e a gasolina, vemos que já o aumentou. Quando vemos o Partido Socialista a retirar o quociente familiar do IRS, aumentou os impostos para muitas famílias”, começou por referir.
“Já perguntei ao primeiro-ministro o que é que quer dizer aquela frase que está no Programa de Estabilidade, a propósito de um IMI progressivo para penalizar as segundas ou terceiras casas e também os terrenos rurais e ele não foi capaz de me responder – ou não quis ou não sabia. Também sobre o imposto sucessório, que é um tema que de vez em quando vem à baila, não me respondeu também e eu fiquei com a convicção de que, mais cedo ou mais tarde, vamos ter de novo o imposto sucessório no país”, acrescentou.
Assunção Cristas conclui, assim, que as promessas feitas na campanha eleitoral “já caíram no Orçamento do Estado”. E garante: “estaremos sempre muito activos a escrutinar o que na verdade é dito e corresponde á realidade e o que não corresponde a essa realidade. E o aumento de impostos claramente não corresponde a essa realidade”.
A líder centrista mostrou-se ainda preocupada com as contas que o Governo faz e que não a deixam "tranquila e sossegada", porque o que aparece nas previsões não condiz com o que aparece nos resultados. “O país tem as poupanças de rastos", afirmou.
Natalidade com consenso e estabilidade
Na mesma sessão do Clube dos Pensadores, a líder do CDS-PP defendeu que a questão da natalidade e do apoio às famílias é "estruturante" para o país, sendo "necessário" haver um "consenso político alargado" para que as medidas sejam "estáveis e certas".
“Estamos a falar de medidas apoio à conciliação de trabalho e família, estamos a falar de medidas de fiscalidade, de medidas que têm a ver com as empresas e da forma como as empresas apoiam as famílias”, apontou.
“É um pacote de 25 medidas entre projectos de lei e projectos de resolução, que são recomendações ao Governo. É importante que todos os partidos venham a este debate, que tragam também as suas ideias, que se possa no Parlamento fazer um trabalho aprofundado e que depois se dê estabilidade e à medida que o país permitir, que possamos aprofundar estas linhas. Estou certa de que, se isto for conseguido, conseguimos virar e ter a nossa natalidade a crescer”, defendeu.
A título de exemplo, Assunção Cristas salientou o aumento do tempo de amamentação e da licença de paternidade de 15 para 30 dias úteis obrigatórios, horários flexíveis, a criação de um portal da família e dia dos irmãos, ampliação dos direitos dos pais aos avós ou criação de um prémio para empresas familiarmente responsáveis.
Diz a presidente do CDS que, em Portugal, as mulheres gostariam de ter mais filhos, mas sentem que não têm condições. Estas questões, diz, não se resolvem em "meia dúzia de anos", mas se as medidas forem "consensuais e eficazes" resolvem-se em "décadas".
Em Vila Nova de Gaia, a líder centrista avançou ainda que Portugal é o pior país da União Europeia quanto ao índice de fecundidade e o quinto pior a nível mundial.
"Não é uma inevitabilidade a diminuição da natalidade, porque houve países que tiveram esses problemas e inverteram essa tendência, como a França, por exemplo", disse.
Assunção Cristas adiantou que esta semana está previsto um debate na Assembleia da República, agendado pelo CDS, sobre políticas de apoio à família e à natalidade.