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Vera Jardim. "É positivo que se votem os Programas de Estabilidade no Parlamento"

03 mai, 2016 - 06:38 • José Pedro Frazão

Votar Programas de Estabilidade é positivo, mas não leva a nada senão à vitória do PS. A tese é do histórico socialista. Já Diogo Feio, antigo deputado do CDS, explica as diferenças de orientação estratégica que existem hoje entre o seu partido e o PSD.

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Vera Jardim. "É positivo que se votem os Programas de Estabilidade no Parlamento"

Os Programas de Estabilidade não têm que ser votados na Assembleia da República, é certo, mas o socialista Vera Jardim não vê mal que o documento vá a votos na Assembleia da República.

"Não tenho nada contra isso, bem pelo contrário. Tudo o que seja programas a médio-longo prazo, importantes para a vida do país, não é negativo que se vote no Parlamento. Acho até positivo", defende o antigo ministro da Justiça na Renascença, dias depois de o CDS ter apresentado uma resolução para rejeição do Programa de Estabilidade, chumbada por toda a esquerda.

No programa "Falar Claro", o contra-argumento ficou esta semana por conta do ex-deputado do CDS, Diogo Feio. O actual presidente do gabinete de estudos do partido liderado por Assunção Cristas alega que o primeiro-ministro teve medo de levar o documento a votação.

"Caso António Costa se sentisse totalmente confortável, faria aquilo que era mais natural. Através de uma resolução, levava o Programa de Estabilidade a votos. Não o fez porque temia desde logo a reacção dos seus parceiros mais à esquerda. Acabou aqui por ter sorte nesta unificação que é marcante. As coisas estão totalmente clarificadas", defende.

Para Vera Jardim, a iniciativa do CDS de propor a rejeição do Programa de Estabilidade beneficiou o PS.

“É evidente também que António Costa e o Governo saíram a ganhar, porque a esquerda toda uniu-se, dizendo não a uma tentativa de criação de uma crise política. Era no que acabaríamos se a votação tivesse sido diferente. Não passou pela cabeça de ninguém que isso sucedesse. António Costa acabou por sair vencedor de toda esta manobra do CDS, porque a esquerda apareceu unida a dizer que está para durar", responde Vera Jardim na Renascença.

A licença sabática do PSD

A iniciativa parlamentar centrista leva Diogo Feio a declarar que o CDS liderou a oposição na última semana.

"Até faço um agradecimento ao PSD. Se o PSD se tivesse abstido, a esta hora teríamos um discurso totalmente diferente por parte da esquerda", acrescenta o militante do CDS, em confronto com o sublinhado da inacção do PSD nesse domínio, feito por Vera Jardim.

"O CDS tomou o lugar vazio. O PSD está em licença sabática. É o único termo que encontro para definir a posição do PSD. Ter o maior partido da oposição com o primeiro-ministro sentado ao lado do líder parlamentar, calado, a rir e a fazer caras, sem ter intervenção, é negativo para a política portuguesa. O CDS tomou e bem o lugar vazio e defendeu a votação do Programa de Estabilidade", sustenta o antigo deputado do PS.

CDS e PSD estiveram juntos no Governo, mas Diogo Feio dá a entender que não houve concentração prévia entre partidos na gestão desta iniciativa política.

"Ao que sei, o CDS apresentou aquela que era a sua proposta em relação ao Programa de Estabilidade e depois houve uma votação. Não tem que haver propriamente uma convenção sobre uma votação do Programa de Estabilidade. Tal como não vai ter que haver uma convenção em relação às várias propostas das mais diferentes áreas que o CDS vai apresentar. O CDS está a traçar uma linha que é a sua", reafirma Diogo Feio.

O líder do gabinete de estudos do CDS promete apresentar um lote de propostas próprias do CDS até ao Verão, numa das duas linhas de intervenção política da nova direcção.

"Por um lado, uma oposição firme à actual maioria de esquerda e ao governo de esquerdas, que levará a uma constante clarificação que vai ter efeitos para o futuro político do país. Em segundo lugar, uma obrigação na qual também estou directamente envolvido de apresentação de propostas sobre as mais diferentes áreas, torná-las públicas e dialogar sobre elas com os restantes partidos existentes na nossa sociedade", explica o ex-eurodeputado do CDS.

Quais as diferenças entre CDS e PSD? "A direita vem anunciando crises políticas desde o princípio da governação. Passos Coelho está nisso. O CDS vai ocupando os espaços que encontra vazios – acho muito bem – mas o resultado final é favorável ao Governo e aos partidos que o apoiam", sustenta Vera Jardim.

Já Diogo Feio marca distâncias entre os dois partidos, embora vislumbre uma alteração de estratégia no PSD desde o congresso do maior partido da oposição.

"O PSD assumiu inicialmente perante esta maioria uma posição de ‘eleições rapidamente’ e a tal ideia de ‘crises’. Mas houve uma alteração a partir do último congresso do PSD, onde ficou marcada uma linha em que o PSD observa esta maioria de esquerda, fala da sua manutenção até para que ela possa ser responsabilizada naquela que seja a hora devida. Esta é a linha do PSD. A nossa é uma linha de maior clarificação, assumindo a necessidade de apresentar propostas. Não falo em emancipação face ao PSD, mas em linhas distintas", argumenta Diogo Feio na Renascença.

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