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Diogo Feio, um ex-dirigente do CDS “totalmente favorável à existência de sindicatos fortes”

03 mai, 2016 - 01:54 • José Pedro Frazão

A realidade sindical e as comemorações do 1.º de Maio, agora num tempo em que um Governo PS é apoiado por PCP e BE são os temas analisados por Vera Jardim e Diogo Feio no programa “Falar Claro”.

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“Sou totalmente favorável à existência de sindicatos fortes”
“Sou totalmente favorável à existência de sindicatos fortes”

No rescaldo do Dia do Trabalhador - o primeiro na vigência do actual governo PS apoiado por PCP e Bloco de Esquerda- o antigo vice-presidente do CDS Diogo Feio reconhece o papel essencial dos sindicatos na democracia portuguesa, em particular na Concertação Social.

“Sou totalmente favorável à existência de sindicatos fortes em democracia. São essenciais para que se assuma um plano, que para além do Parlamento, é muito importante para a deificada dos destinos colectivos: a concentração social. Tem que haver capacidade dos sindicatos para explicarem isso”, afirma o novo coordenador do Gabinete de Estudos do partido agora liderado por Assunção Cristas.

Diogo Feio considera que tem faltado "capacidade de adaptação a novas realidades” aos sindicatos portugueses e admite que a CGTP tem tido uma "postura liderante" no espaço sindical. O centrista considera que esse facto deve-se a uma crise no seio da UGT cujos sinais, anota Diogo Feio, podem ser encontrados na entrevista do secretário-geral da UGT, Carlos Silva, à ultima edição impressa do "Expresso".

"Não sei se será uma grande ajuda, possivelmente não será, mas gostaria que o Carlos Silva se mantivesse à frente da UGT. Também me parece importante que a central sindical tenha uma linha de actuação que não me parece que esteja a existir neste momento”, complementa Diogo Feio que viu na citada entrevista a vontade de Carlos Silva em desenvolver essa mesma linha estratégica.

“Quando fala na concentração social, na relação com a Europa, na necessidade do diálogo, quando assim de forma clara a existência de uma maioria de esquerda no Governo, tudo isso são linhas que podem ser desenvolvidas. Se Carlos Silva tem as condições internas para o fazer, ou não, não sei responder”, responde o militante do CDS, convidado desta semana do programa “Falar Claro”, que contou com a habitual presença de José Vera Jardim.

Já não se pede a demissão do Governo

O antigo ministro da Justiça considera que há uma "crise geral" no movimento sindical "menos visível na CGTP”. Quanto à UGT, o histórico socialista justifica a quebra da central com a sua base de sindicatos na área dos serviços - “as grandes empresas de serviços cada vez recorrem mais a serviços externos e trabalho individual em casa”.

Vera Jardim considera ainda “natural” que a UGT esteja a pagar o preço de ter estado mais disponível para entendimentos com os governos em funções.

Contrastando com o que classifica de "discursos anti-sindicais de direita”, o socialista lembra que a construção do Estado Social deve-se não só aos partidos socialistas e democratas-cristãos mas também aos sindicatos europeus. Mas a quebra de influência é evidente.

"Os sindicatos perderam imensa força. Com as novas condições da economia, a sindicalização vem descendo de ano para ano na Europa. As centrais sindicais não perderam o seu sentido, mas perderam muita força”, assinala Vera Jardim.

No contexto do 1.º de Maio de 2016, marcado pela presença da secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, nas comemorações da CGTP, o comentador socialista assinala uma mudança simbólica no discurso da central liderada por Arménio Carlos.

“Pela primeira vez não ouvi a frase que quase vinha repetindo ano após ano, independentemente do Governo que estivesse. “A luta continua” ouviu-se, a segunda parte do “Governo para a rua” não se ouviu”, remata Vera Jardim.

Comentários
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  • Libertador
    04 mai, 2016 terra prometida 21:28
    Sindicatos fortes? Sim. Boa ideia ! Quando um trabalhar for despedido, por justa causa ou por falência da empresa, o sindicato deve arranjar - lhe emprego? Boa ideia! Sindicatos para obstruir? Não. Já basta. Políticos FEIOS para falar e não praticar? Não. Basta de Fariseus, hipócritas. Boa noite.
  • DR XICO
    04 mai, 2016 LISBOA 12:11
    è por de mais evidente que em Portugal há 2 sindicatos que não sao independentes dos partidos antes pelo contrario. Daí a pouca credibilidade dos mesmos na hora da negociação, já o patronato está mais bem representado pois em soslaio combina com os governos as suas conkistas em grandes almoçaradas nos seus palacetes.
  • desiludido
    03 mai, 2016 Santarém 21:34
    Pretenderá chamar sindicatos fortes a sindicatos liderados por partidos como existe actualmente? Se é isso que deseja não me parece que os sindicatos vão muito além do que já existe pois quanto a mim os sindicatos deveriam ser apenas de trabalhadores sem quezílias partidárias ou quaisquer outras à mistura, tal como existem não passam de uma farsa politica.

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