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Desemprego de longa duração. Um "flagelo enorme" que pode ainda piorar

02 mai, 2016 - 15:50

Esta semana, a Renascença olha para fenómeno do desemprego estrutural. Sociólogo acusa empresas de "grande insensibilidade".

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Rosário atingiu o “rés-do-chão” da dignidade. Mas ainda vai ficar sem subsídio
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O desemprego de longa duração só se resolve quando o Estado apostar em medidas que visem a contratação de desempregados de longa duração, defende o sociólogo Elísio Estanque.

Esta segunda-feira, a Renascença contou a história de Rosário Ferreira, uma ex-operária fabril que quer trabalhar, mas não consegue porque não há quem lhe abra as portas. Tem 56 anos e há quatro que não tem um emprego com salário. O subsídio de desemprego de Rosário Ferreira termina no próximo ano. Durante esta semana, a Renascença olha para o desemprego estrutural, uma ferida social que a transformação económica abriu em Portugal.

Em declarações à Renascença, Elísio Estanque, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, reconhece que as dificuldades começam, desde logo, “no paradigma económico que aposta em baixos salários”.

Para Elísio Estanque, que é também investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, “se o flagelo já hoje é enorme, no futuro corremos o risco de agravar ainda mais a situação”, porque as empresas parecem pouco interessadas em recuperar para a vida activa aqueles que estão há dois e mais anos afastados do mercado de trabalho.

À Renascença, o Ministério do Trabalho identificou o mesmo problema: as empresas são “resistentes a contratar as pessoas mais afastadas do mercado de trabalho, mesmo num período de aparente recuperação do emprego”.

Desemprego estrutural. Sabe o que é?
Desemprego estrutural. Sabe o que é?

Elísio Estanque diz que “a possibilidade de as empresas contratarem desempregados de longa duração poderia ser viável em muitos sectores”.

O problema diz, “é o modelo de gestão na maioria das empresas: há ainda uma grande insensibilidade por parte do tecido empresarial” que “segue uma mentalidade tradicionalista que impede muitos empresários de utilizarem no sentido mais positivo os meios que têm ao seu dispor”.

Empresas recusam “ostracizar” trabalhadores experientes

Em declarações à Renascença, que serão publicadas esta terça-feira, António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), reconhece que entre um jovem e um trabalhador mais velho as empresas tendem a escolher o primeiro. Mas não admite acusações de discriminação, escudando-se na lei da oferta e da procura.

“As empresas que têm a capacidade de contratar, em igualdade de circunstâncias, têm preferido, provavelmente, contratar um jovem com maiores competências a nível informático, de línguas, etc., do que um sénior que, provavelmente, tem sobre determinada profissão um enorme conhecimento de saber, de experiência feito, mas depois falta-lhe outras que hoje, a tal economia nova para que caminhamos, exige e ele não tem”, defende.

Sem querer generalizar, António Saraiva admite que, em termos gerais, “as empresas que estejam a contratar prefiram determinada camada jovem”, mas não porque estejam “a ostracizar os seniores”.

Em resposta enviada à Renascença, o Governo informou que quer que, até ao final de legislatura, 70% das pessoas abrangidas pelas políticas activas de emprego sejam desempregados de longa duração.

Comentários
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  • LUIS
    02 mar, 2017 Leiria 19:32
    Desempregados de longa duraçao, criem o vosso emprego, empresa. Claro, com que dinheiro? Realmente. Esta situaçao de um pais em falencia social e economica, é devido a corrupçao no sistema publico, estado portugues é uma entidade criminosa populado por incompetentes funcionario publicos que ganham acima da crise destabilizando a precária economia do país.
  • Luis
    17 nov, 2016 Leiria 20:19
    Trabalhei 20 anos para o estado como professor profissionalizado pelo Ministerio da Educaçao, , nunca mais tive colocação. Isto é uam pouca vergonha, o estado está cheio de corruptos e criminosos.
  • Fernando alves
    05 mai, 2016 Cacém 17:01
    Boa tarde , informo que me enquadro nessas condicôes que , estou no desemprego há dois anos , trabalhei 16 anos na empresa Moviflor que faliu deixando para traz mais ou menos 845 trabalhadores com a vida destroçada e sem ideminização , daqui a mais ou menos dois anos e pouco acabasse-me o subsidio o que será da minha vida depois , velho para trabalhar e novo para a reforma , o que farei nessa altura , não sei , só deus é que sabe , logo se vê , na minha opinião só o governo ditar uma lei para facilitar a vida aos desempregados de longa duração na casa dos 55 a 60 anos , pois eu trabalhei uma vida inteira para este País e agora todas as portas se fecham , obrigada e desculpem o desabafo .
  • José Luís
    03 mai, 2016 Viana do Castelo 15:49
    A culpa desta calamidade é dos sucessivos governos, que nunca quiseram olhar para o problema de forma séria. Sempre existiu muita falta de sensibilidade para se tentar resolver este flagelo. Pois, o próprio Estado não dá o exemplo. Basta dar uma vista de olhos ás ofertas públicas de emprego, muitas delas possuem limite de idade. Por outro lado, quando o próprio Estado, permite que um funcionário, ocupe mais do que um posto de trabalho, muitas vezes entre publico e privado,como por exemplo médicos, professores, enfermeiros, engenheiros, juristas, deputados, entre outras profissões, está tudo dito...A já velha e famosa lei da Exclusividade!!! Assim nunca se chegará a lado nenhum...
  • Manel dos Anzóis
    02 mai, 2016 Conchinchina 22:40
    Leio aqui alguns comentários e chego à conclusão do porquê muitos estarem desempregados. Mas nada de admirar, somos assim mesmo, criticamos aquilo que não somos capazes de fazer (tipo a história da raposa e das uvas). Nestes tempos nada fáceis, a primeira coisa é ter emprego, depois então é conseguir melhores condições, não pulem etapas. Algum desses desempregados há 6 ou 7 anos por acaso já tentou abrir uma empresa para criar o seu próprio emprego e ter conhecimento de causa e assim avaliar o comportamento das empresas que critica ? Vamos ! deixem de ficar à espera que sejam só os outros que tenham que resolver os vossos problemas
  • zé das azeitonas
    02 mai, 2016 Conchinchina 21:44
    Os governos tem que meter na cabeça de uma vez por todas que não se deve meter no setor produtivo privado. Quando alguém abre uma empresa o governo não põe um centavo na empresa, então não tem que dar palpites como deve ou não deve fazer. Quanto mais o Estado se mete no que é privado está a afastar os empreendedores de criar mais empregos. Ninguém está disposto a pôr o seu capital a risco com outros a dar pareceres sobre o que não entendem, porque se entendessem as empresas públicas seriam as melhores e mais produtivas, mas são precisamente o contrário. Há que meter na cabeça de uma vez por todas, que as máquinas estão cada vez mais a substituir as pessoas, e estas devem preocupar-se em ser cada vez melhores naquilo que se propõe a fazer, para não serem substituidas, porque para cada vaga de trabalho aberta há 5 a disputá-la. Remar contra a maré só faz cansar e não avançar, os trabalhadores serão dentro de pouco tempo uma mercadoria como qualquer outra, se é boa todos querem, se não presta fica de lado. Quanto mais rápido nos convensermos disso, e começarmos a aperfeiçoar-nos mais e melhor, menos sofrimento teremos e garantiremos a nossa tão sonhada estabilidade nos nossos empregos. Falta-nos consciência de que a empresa precisa de nós e nós dela, mas é bem mais fácil ela substituir um de nós que nós substituirmos a empresa onde trabalhamos, isso é para poucos. Pensemos nisso.
  • joão góis
    02 mai, 2016 Granja do ulmeiro 20:12
    O que hei-de eu João Góis, dizer? Pois tenho 57anos e já estou desempregado há 7 anos.
  • Ana
    02 mai, 2016 Amadora 19:16
    E entao aqueles como eu, que apesar de ter competencias muito superiores a esses jovens, nao ter problemas relativamente a novas tecnologias, nas quais trabalho melhor que muitos miudos, tenho 45 anos e 22 para a reforma, e apesar de ter 22 anos de trabalho, e ja ter perdido os ultimos 4, e apesar de me dizerem que tenho um currículo "perfeito" para a função em causa, ja fui a pelo menos 3 entrevistas nestas condições, e ha sempre alguem com um "perfil mais adequado"? Nao sera que invez de ser uma questao de conhecimento tecnológico, e mais de conhecimento da legislatura e ser mais dificil enganar e explorar alguem que ja tem algum jogo de cintura, enquanto os muidos sao mais fáceis de enganar, devido as proprias características da idade, e estarem mais disponiveis? E claro, se vivem em casa dos pais vivem bem com 530€? Claro que a ajuda do estado a estes desempregados e uma falácia, nao ha ajuda. A muitos anos isentava-se as empresas do pagamento da seg. Social, hj considera-se que e "mais barato" pagar um estagio (para as empresas, ja que sao pagos pelo contribuinte) que isentar as empresas de 30%? Honestamente acho que no geral sao as empresas de recrutamento que fazem estas limitacoes, que diga-se de passagem estao cheias de miudas com muito pouca educacao e caracter, acabadas de sair do curso, e para quem uma pessoas de 45 anos e "tao velha", "fora do prazo de validade" como ja me disseram. Isto diz-se a alguém? Um dia tb la chegam, nao tem 20 anos para sempre...
  • Ana
    02 mai, 2016 Amadora 19:13
    E entao aqueles como eu, que apesar de ter competencias muito superiores a esses jovens, nao ter problemas relativamente a novas tecnologias, nas quais trabalho melhor que muitos miudos, tenho 45 anos e 22 para a reforma, e apesar de ter 22 anos de trabalho, e ja ter perdido os ultimos 4, e apesar de me dizerem que tenho um currículo "perfeito" para a função em causa, ja fui a pelo menos 3 entrevistas nestas condições, e ha sempre alguem com um "perfil mais adequado"? Nao sera que invez de ser uma questao de conhecimento tecnológico, e mais de conhecimento da legislatura e ser mais dificil enganar e explorar alguem que ja tem algum jogo de cintura, enquanto os muidos sao mais fáceis de enganar, devido as proprias características da idade, e estarem mais disponiveis? E claro, se vivem em casa dos pais vivem bem com 530€? Claro que a ajuda do estado a estes desempregados e uma falácia, nao ha ajuda. A muitos anos isentava-se as empresas do pagamento da seg. Social, hj considera-se que e "mais barato" pagar um estagio (para as empresas, ja que sao pagos pelo contribuinte) que isentar as empresas de 30%? Honestamente acho que no geral sao as empresas de recrutamento que fazem estas limitacoes, que diga-se de passagem estao cheias de miudas com muito pouca educacao e caracter, acabadas de sair do curso, e para quem uma pessoas de 45 anos e "tao velha", "fora do prazo de validade" como ja me disseram. Isto duz-se a alguém? Um dia tb la chegam....
  • Assunção Palma
    02 mai, 2016 Belas 18:46
    Sr José Gonçalves, falou que os sindicatos não fazem nada... pois não fazem, pq os reformados já não lhes interessa. Só lhes interessa os activos da FP, para os manterem no tacho, qto aos privados ou aos reformados, que existam ou não, aos sindicatos não se importam. As pessoas que já não trabalham, já não lhes interessam

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